sem respeito a produtos agrícolas, está deficitário por falta de créditos que possibilitem o seu desenvolvimento.

Não apenas no grande, como no médio e pequeno agricultor e industrial, a falta de auxílio financeiro está a tornar-lhes a vida .difícil e atingirá situação mais grave se rapidamente não lhe lançarmos a mão protectora de um crédito a todos os títulos redentor.

Esse obreiro a que Moçambique deve os primeiros alvores de ocupação, essa massa, de gente de rija têmpera com que se constroem verdadeiros impérios, quer colaborar activamente na obra nacional, quer rasgar novos horizontes em prol de um progresso maior que ateste cada vez mais a nossa presença em África, mas não poderá constituir-se parte activa se não for ajudado em técnica e em crédito.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - É portanto ao Governo da Nação que incumbe a política de um chamamento de organizações e de créditos que ali vão preencher tão grande lacuna.

Sobretudo agora, que, pelos motivos que nos são familiares, se nota por todo o ultramar um grande retraimento de capitais, tanto nacionais como estrangeiros, considero de alto valor nacional, até, uma acção a desenvolver na metrópole em prol da maior atracção desses capitais.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Parece-me, pois, prudente que tudo quanto se venha a fazer no sentido de melhorar situações, tudo quanto se pretenda remodelar por não estar inteiramente certo, se deve fazer com a maior cautela e com a necessária calma e amadurecimento, para não afugentar, mas, antes pelo contrário, atrair esse elemento valoroso que é a iniciativa particular, que em todos os tempos e em todo o nosso país tem levantado uma verdadeira obra nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - A construção de fábricas em Moçambique para a industrialização das matérias-primas ali obtidas na medida que a economia do País aconselhar seria para já decisiva acção que muito iria impulsionar o sector industrial, com todos os seus naturais reflexos, sobretudo no aspecto político-económico. No Norte da província, sobretudo, seria de grande projecção por exemplo a industrialização do algodão que ali se colhe e traria simultaneamente para o produtor um grande benefício na compra dos artigos de vestuário.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Já se tem aventado a hipótese de alguns dos industriais têxteis transferirem para Angola e Moçambique as suas unidades fabris. Não sei até que ponto esta operação seria economicamente aconselhável, mas o que posso afirmar é que, por exemplo, para Moçambique, seria medida de larga visão e de grande efeito psicológico.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - Todos tomos que prestar a nossa colaboração, seja em que medida for, pois toda ela é valiosa para o desenvolvimento rápido, que ali queremos imprimir. E não tenho dúvidas em afirmar que mesmo dentro da nossa própria casa, a casa portuguesa, que se orgulha de ser constituída por verdadeiros patriotas, verdadeiros esteios da economia da Nação, esses elementos de inconfundível valor patriótico sejam os primeiros a gritar bem alto a sua presença.

A situação é clara e não dá azo a dúvidas. Não nos devemos enganar a nós próprios, porque tal erro comprometeria a nossa própria salvação. E não esqueçamos que a prosperidade do capital metropolitano está no progresso do ultramar!

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - É portanto, ao capital metropolitano que incumbe abrir novos horizontes, dando um novo passo para uma cadeia de vastos empreendimentos nos nossos territórios de África, especialmente em Angola e Moçambique, para uma estruturação invulnerável que se oponha à cobiça dos inimigos, que, ao invés de nos ajudarem num sentido construtivo, nos atacam derrotistamente para os fins inconfessáveis que sempre tiveram em vista e que nós bem conhecemos.

A encruzilhada que nestes conturbados tempos se nos depara não se compadece com demoras na resolução dos grandes problemas. Temos que agir prontamente, temos que caminhar a passos largos e apressados, embora com a necessária cautela para que não corramos o risco de nos atropelarmos a nós próprios; e para progredir mais e melhor carece Moçambique de mais ampla autonomia administrativa e financeira, que permita ao seu mais alto governante uma maior ficção, a que a evolução dos tempos nos obriga.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Sr. Presidente: não desejaria fazer aqui ponto final nestas minhas despretenciosas palavras, que outra finalidade não têm que não seja a de colaborar o melhor que for possível em prol da grande obra de ressurgimento nacional que se está processando.

Porém, tendo prometido brevidade nas minhas palavras, vou terminar, dirigindo desta mais alta Câmara Legislativa, em meu nome pessoal e no dê toda a população moçambicana, duas palavras que todos nós devemos ao homem que de alma e coração se tem devotado aos problemas ultramarinos e em cuja pasta, pela sua extrema dedicação, alto saber e forte dinamismo, tem marcado já, a letras bem vinculadas, o seu ilustre nome. O Sr. Dr. Adriano Moreira, a quem toda a população ainda há bem pouco tempo e deveras emocionada prestou a maior homenagem que se tem registado em Moçambique ...

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - ... e em quem todos pomos as nossas maiores esperanças para um Moçambique maior, soube escolher para o mais elevado cargo daquela província um notável homem público, militar distinto que à Nação tem devotado toda a sua vida e tem governado Moçambique com alto sentido patriótico e merece a geral simpatia e apoio de todos, ...

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - ... o Sr. Almirante Sarmento Rodrigues, que, ao leme daquela grande nau que é a pro-