Nesta hora tão grave que atravessamos, nesta hora em que alguns cios homens e mulheres que nasceram neste glorioso país, secundando a acção criminosa dos nossos mais implacáveis inimigos externos, negam os valores que penosa o pacientemente fomos construindo ao longo dos séculos - valores esses que são a essência do ser nacional -, penso que é dever nosso afirmar, alto e bom som, onde quer que estejamos e a todo o momento, que estamos prontos e firmemente empenhados em preservá-los e em realizá-los.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: -E isto quer significar, afinal, que os que estão deste lado não podem ter outra orientação nem outros propósitos que não sejam os do Governo, que tão bem tem sabido defender a honra, as tradições e os superiores interesses nacionais.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: -Sr. Presidente: Deste lugar fala-se para o País e há anos que, mercê sobretudo dos inimigos internos da nacionalidade, que não apenas do regime político, sócia] e económico que defendemos, se fala também para o exterior. E porque estou ciente desta realidade é tenção minha salientar a presença ultramarina nesta Casa - o que foi sempre um facto, mas que neste momento assume significação nova.

A presença do ultramar nesta Câmara está assegurada de dois modos: pela existência nela de Deputados ultramarinos e pelo espírito transmarino -o mesmo é dizer nacionalista- que informa o pensar e sentir de todos os seus membros.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: -Por ultramarinos entendo todos quantos nasceram, foram criados ou exerceram largos anos a sua actividade nos territórios portugueses da África e da Ásia. Indubitavelmente, esta acepção lata do termo é da substância da nossa história de «povo na terra», cristão e civilizador. De facto, a identificarão com a terra e as gentes do ultramar ó uma exigência do sor dos portugueses da Europa. E por isso que eles se consideram e se sentem -o que é mais- tão angolanos ou tão moçambicanos como os naturais de origem africana.

Nisto se funda o seu desejo de ali continuarem, amplamente revelado em acontecimentos actuais.

Devo uma palavra de louvor -e faço-o gostosamente- ao Governo do País, que houve por bem tornar mais vasta a representação ultramarina, na Assembleia Nacional, muna afirmação de que a plurirracialidade e a pluricontinentalidade desta nação estão bem longe de ser um mito.

Esta medida creio estar integrada no conjunto das que foram tomadas pelo Governo no sentido do estreitamento cada vez maior e melhor dos laços materiais e morais que unem os portugueses de todas as latitudes.

É, porém, bom notar que nenhuma dessas medidas deixou de encontrar aceitação incondicional nas populações - prova de como há muito estavam preparadas para receber quaisquer reformas que visassem a grandeza da Nação. E é grato dever meu prestar sentida homenagem aos nossos antepassados, que nos legaram as condições, a mentalidade, que nos permitem ser a única nação da Europa -madre da civilização ora ameaçada- que não perdeu o sentido da sua missão no Mundo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Ü Orador: - Sr. Presidente: não temos fronteiras jurídicas e sociais a separar as etnias constitutivas da Nação. A constituição desta Assembleia é disso testemunho, a juntar a tantos outros. Mas também as não devemos ter ideológicas, quando se trata da integridade do território e valores nacionais.

Definidas há muito as constantes da nossa vida, não cabe a nenhum de nós abandoná-las, porque só o poderíamos fazer repudiando a nacionalidade. Conseguintemente só se nos oferece uma via a seguir: acatá-las e robustecê-las.

Nós, os Deputados ultramarinos, eleitos por círculos do ultramar ou por círculos da metrópole - facto este que ultrapassa a compreensão dos estrangeiros que teimam em ignorar o que verdadeira mente somos-, também estamos aqui por estrito imperativo de consciência, e patriotismo.

Na época já assaz remota da Restauração portugueses do todas ns raças u cores pegaram nas armas em defesa do património comum: uma lição que encerra o vento da história q ue deve soprar neste país.

Pois nós, homens do século XX, estamos dispostos e prontos a repetir a gesta heróica desse tempo. Agora, como então, o princípio da unidade nacional deve estruturar o pensamento e a acção de todos os portugueses.

Sim, a unidade, nacional deve estar na base de toda a nossa actuação. Formar um bloco unido, sólido, inquebrantável, é a única forma que temos para vencer as tremendas violências que se avizinham contra nós. E, assim, ouso levantar a minha voz em defesa dessa unidade e fazer votos para que ela seja sempre uma realidade entre nós.

Penso que isto está no pensar não só dos que se encontram aqui presentes como dos Srs. Deputados não presentes a esta sessão e, mais do que isso, de todos os milhares de portugueses que levaram às umas o sou voto, na esperança de que a perenidade da Pátria seja sempre um facto.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador:-E, já agora, permitam-me falar, em duas palavras, do momento que atravessamos na índia. Não tenho mais que fazer senão secundar e comungar nas magníficas e brilhantes orações já aqui proferidas nesse sentido.

A Índia Portuguesa continuará a ser nossa, custe o que custar.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Cardoso de Matos: -Sr. Presidente: ao fazer uso da palavra nesta primeira sessão da VIII Legislatura, da Assembleia Nacional, onde volto em cumprimento de mandato recebido de Angola, quero começar por saudar V. Ex.ª, Sr. Presidente, pulas distintas qualidades s elevados méritos, bastas vezes reafirmados ao longo de uma vida política toda de coerência e de intransigente defesa dos interesses da Pátria.