Tão sendo apreciados na justa medida, quando receiem não ser compreendidos ou quando as suas queixas razoáveis não encontrem o eco que nunca lhes deve faltar.

O Sr. Pinto de Mesquita: - Muito bem!

O Orador: - Felizmente estamos em presença de animosos propósitos de não faltar a estas determinantes da vida nacional, imprescindíveis ao progresso geral e, em especial, ao da afectada Angola, tão atingida na sua tranquila e pacífica vida de trabalho.

Assistimos todos ao constante interesse que o ultramar merece ao respectivo Ministro, que, pode dizer-se, iniciou em larga escala o sistema do actuar em intima colaboração com os governados, que constantemente ausculta, no manifesto desejo de acompanhar as suas vidas, beneficiando-as em tudo o que é possível e compatível com a vida nacional. Nesta sua obra, toda a latitude que lhe possa ser dada pelo Governo afigura-se de elevado interesso imediato o de Larga visão do futuro. No caso particular de Angola, que analiso, irei até mais longe: a par da maior latitude de poderes do Ministro do Ultramar, maiores deveriam ser os cometidos ao respectivo Governo-Geral, permitindo-lhe a resolução imediata de problemas em que a urgência das soluções se não compadece com as naturais delongas do sistema vigente.

Cremos que neste campo algo de benéfico o de urgente haverá a fazer que ajude a compreender a situação de Angola, por de mais falseada, quer por amigos mal informados, quer por inimigos mal intencionados, quer ainda por alguns que, indiferentes, se deixam arrastar mais ou menus para onde mais sedutor se lhes afigura o caminho. Estes, que são os chamados do «número», não têm «qualidade», mas sabe-se que, infelizmente, também contam, porque os votos são todos contados...

Com o tempo, diz o povo, a verdade vem ao de cima - e vem! Assiste-se já a uniu melhor apreciação da situarão de Angola por parte de alguns sectores da opinião pública estrangeira, que com o tempo conseguiu vir a ser melhor esclarecida e a tomar consciência das verdades que sempre proclamámos. Mas esta é a que, poderemos chamar opinião bem formada; por isso não poderemos esquecer a que o não é, e com que igualmente teremos de contar.

Não será de mais lembrar constantemente o que vai pelo Mundo no campo do sectarismo político e das ambições que dominam os ataques que registamos a tudo o momento e a que é mister ripostar, se não do mesmo modo. ao menos com a serena manifestação do firme propósito de os enfrentarmos na certeza de que temos, de vencer no final, quando o bom senso imperar onde tanto falta presentemente e quando acabarem as incoerências de quem defende reivindicações fundamentadas em razões só válidas quando por eles invocadas e pretensamente inexistentes quando alegadas por outrem. Há neste procedimento uma alarmante falta de honestidade, com todas as inerentes consequências, a que assistimos com profundo desgosto.

Porque assim é, porque a honestidade deve presidir, na política e fora dela, a todos os actos dos homens, daqui nos insurgimos contra tudo o todos que a ela faltam, sem distinção.

Seja em que campo for, não haverá obra condigna e definitiva se não for alicerçada na verdade, e esta, quando ocultada, constitui uma forma de desonestidade com que não estamos dispostos a pactuar. Por dura que seja, por muito que custe, que a verdade seja, facultada como norma essencial de honestidade primária.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -Esta - repito --, devendo presidir a iodos os actos do homem, tem de entender-se e estender-se como obrigação comum a governantes e governados, não se permitindo que uns ou outros deixem de cumprir os seus ditames, como primado a que deve obedecer uma vida nacional sã.

S. Ex.ª o Chefe do Estado, na mensagem com que inaugurou solenemente esta legislatura, analisou a nossa, situação internacional e as suas incidências na nossa vida, apresentando-as com toda a clareza e objectividade, que a ninguém deixará duvidas da gravidade do momento que passa, mas também do firme propósito de o enfrentar com serena calma de quem sabe o que quer e para onde vai.

Terminou S. Ex.ª por lembrar o muito apreço e orgulho que dedicamos e temos de ter por todos os que em Angola mantêm a chama da Pátria e afirmou:

... não é tempo de pesar os sacrifícios, mas só de medir a extensão do dever.

que houver, aconteça o que acontecer, é determinação firme da gente de Angola, que, como mensagem, desta tribuna transmito à Nação, o manter-se unida, firme, inteiramente decidida a continuar Portugal.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Antes de terminar, não posso deixar de deter-me um pouco sobre a situação que nos está a ser criada na missa índia, embora outros colegas já aqui tenham tratado o assunto de forma completa e documentada, e que todos ouvimos com a natural emoção da hora grave que atravessamos.

Profundamente tocados na sua sensibilidade, e ainda não ressarcidos de toda a espécie de desgostos sofridos, é com o coração cheio de compreensão que os homens de Angola, como todos os portugueses, acompanham os seus irmãos da nossa índia no transe por que estão pasmando, oferecendo-lhes todo o seu apoio, toda a ajuda que possam prestar, toda a solidariedade de que