Paredes de Coura, em que as produções não atingiram mais do que 5,6 e 7,2 por cento das do ano anterior.

Nos de Fafe, Ribeira do Pena e Cabeceiras de Basto as produções situam-se entre 12 e 18 por cento. Nos restantes, que constituem a grande maioria, as produções oscilam entre 20 e 40 por cento das do ano anterior, sondo somente nove, e pouco representativos, os concelhos - quase todos do litoral - em que as produções atingiram mais de 40 por cento da colheita, anterior, mas nenhum ultrapassou os 51,4 por cento.

Com esta produção, anormalmente baixa, vê-se a região demarcada dos vinhos verdes, que compreende 45 concelhos, com uma população predominantemente agrícola, da ordem de l 60O 000 habitantes, a braços com graves problemas. Não obstante a alta considerável de pregos na produção, o valor da colheita representa uma quebra pelo menos de 165 000 contos em relação ao ano anterior, em que, mesmo com os baixos preços obtidos, pode computar-se em cerca de 550 000 abundantes e sãos, porque, contrariamente ao ano anterior, o S. Miguel seco e prolongado permitiu que o fruto secasse bem - são afinal o pão habitual e o conduto do caldo ainda elástico da alimentação rural. Por isso só modestamente contam como rendimento disponível.

E se não fora a providencial actividade da Federação Nacional dos Produtores de Trigo...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -...que assegura o escoamento dos excedentes de milho a preço estável mercê do decidido apoio do Fundo de Abastecimento, e de uma política larga de auxílio à, lavoura, e até da rede de celeiros que aquele organismo vem progressivamente construindo na região e que constituem condição primária de recepção e armazena mento em boas condições, então a situação seria catastrófica na região de Entre Douro e Minho.

Na resinagem, que esto ano teve aumento espectacular no além-Douro, mercê de uma campanha oportuna de esclarecimento dos lavradores, vencendo o receio de muitos (fundada aliás em razões que são já, felizmente, do passado) de entregarem os seus pinheiros à degradação de uma resinarem lesiva sem remuneração compensadora, e na venda de madeiras, puderam alguns conseguir colmatar, pelo menos parcialmente, o déficit aflitivo provocado pela escassez da colheita de vinho, mas constituem excepção; e os caseiros, rendeiros e meeiros, comparticipantes na produção de vinho, esses não têm matas de que se socorram... E também não podemos esquecer que é por força do que vai apurando na venda do vinho que o lavrador de Entre Douro e Minho, na sua pequenez, se dispõe a custear as aquisições de sulfato de cobre, enxofre e produtos substitutivos, que já se vão usando, para os tratamentos das suas videiras.

Como vai este ano o produtor dispor de dinheiro para adquirir esses artigos indispensáveis ao seu granjeio?

O problema é realmente de considerar, e de esperar é que cheguem as diligências já em curso, para conseguir, com o apoio da Secretaria de Estado do Comércio, o crédito preciso para facultar a lavoura de Entre Douro e Minho a aquisição a prazo do sulfato de cobre e enxofre indispensáveis à campanha.

Após este apontamento, em que se contêm elementos concretos, e ainda não conhecidos, acerca da produção vinícola regional, que reputei útil trazer aqui como complemento das estimativas contidas no relatório da proposta de lei, limitar-me-ei a mais umas brevíssimas notas, sempre no âmbito das implicações agrárias. Acerca dos problemas da produção de carnes falou ontem nesta tribuna o ilustre Deputado Prof. Eng.º Domingos Vitória Pires.

A sua reconhecida autoridade e particulares responsabilidades como técnico distinto no sector agrário são garantia bastante de sério equacionamento desse complexo problema, que, aliás, teve oportunidade de conhecer em todos os seus aspectos e extensão na sua passagem pelo Governo.

Afoito-me, no entanto, a juntar ao seu brilhante estudo uma despretensiosa nota, que só terá o mérito de traduzir a reacção de leigo no assunto perante o que no relatório da proposta de lei se contém sobre ele. Afirma-se aí: «No período de Janeiro a Agosto de 1961, o peso total de gado abatido registou em relação a igual, período do ano anterior um acréscimo de 4 por cento, elevando-se a 63 300 t». E ainda: «não obstante o aumento experimentado pela produção interna, continuou a ver ificar-se a necessidade de recorrer à importação de carnes para abastecimento do mercado metropolitano. No período considerado, a importação de carnes, principalmente da Roménia e da Polónia, atingiu cerca de 6100 t, num valor aproximado de 77 000 contos (mais 28 000 contos do que em igual período de 1960), constituindo assim um factor de agravamento da balança comercial metropolitana».

E noutro passo do relatório da proposta de lei se refere «a sistemática insuficiência da produção de carne no País, aliada à tendência de desenvolvimento do consumo, o que pode ter-se por índice seguro da melhoria do nível de vida da população».

Temos assim que a insuficiência de produção de, carne no País é já um fenómeno considerado sistemático e acentuado, não obstante o ligeiro aumento de abate no corrente ano, pelo crescente aumento de consumo, que juntamente se reputa, índice da melhoria do nível de vida.

E, no entretanto, se há certeza neste domínio, a mim aparece-me co mo certo que Portugal metropolitano; insular e ultramarino, isto é, o espaço económico português, tem possibilidades imensas do produzir carnes mais que suficientes para abastecimento da população...

Vozes: - Muito bem, muito bem!