tário deverá abranger todo o mundo português, já que, certamente, terão de ser adoptadas medidas legislativas tendentes a criar uma cobertura económico-social suficientemente ampla para proteger o trabalho artesanal, onde quer que ele se exerça, dignificando-o e conferindo-lhe a valorização que lhe pertence.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -Essas medidas deverão vir a formar o código do trabalho artesanal, que cumpre estudar e elaborar com o maior empenho. Deve também pensar-se na restauração das escolas artesanais, com base nas velhas escolas que as corporações de antanho tinham criado e mantinham com vista ao prolongamento das suas actividades específicas.

É preciso também assegurar, além da produção, a colocação dos produtos artesanais, evitando concorrências perniciosas ou contrafacções aviltantes.

Há, enfim, um vastíssimo programa a definir e a cumprir, para se reintegrar o artesanato português no lugar que lhe pertence entre os melhores valores com que pode fortalecer-se e completar-se a nossa estrutura económico-social.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para tanto, Sr. Presidente, há que começar a trabalhar, e creio que para a materialização do início dos trabalhos haveria a maior vantagem na realização de um amplo congresso nacional para versar os problemas do artesanato e na organização de uma grande exposição dos produtos artesanais.

Ao congresso não deixariam de concorrer todos os municípios e demais circunscrições administrativas, bem como as entidades locais, que, além de apresentarem comunicações com os seus problemas específicos, fariam a detalhada relação de todas as actividades artesanais das suas áreas.

Assim se reuniriam os dados precisos dos grandes problemas a resolver e se completaria o referido inventário, a partir do qual se estudariam as medidas a tomar e a legislação adequada.

Depois, na grande exposição, seriam apresentados os tipos padrões dos produtos e, sempre que possível, estes fabricados em público.

As incalculáveis vantagens do congresso e da exposição cujas realizações proponho são por de mais evidentes para carecerem de qualquer exaltação.

O Sr. António Santos da Cunha: -V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Orador: - Agradeço a V. Exa. o seu magnífico contributo, que só valoriza a minha pobre exposição.

Não apoiados.

Quanto à actividade do Ministério das Corporações por V. Exa. apontada, isso enche-me de consolação. Ficarei muito contente se for bater a uma porta já aberta. Quanto aos trabalhos realizados em Braga, todos sabemos e conhecemos a prodigiosa actividade de V. Exa. à frente do Município.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sabemos perfeitamente que essa série de trabalhos honram sobremaneira a cidade de Braga, que muito ficou devendo à acção de V. Exa.

Através de ambos, além do muito mais que se não torna necessário referir, podem ficar a conhecer-se os dados essenciais dos grandes problemas a resolver, e isso, segundo creio, teria um valor inestimável.

Para a realização desta iniciativa ainda no ano corrente eu indico a cidade de Coimbra.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Centro geográfico do País,- possuindo apropriados recintos e dotada de magníficas instalações, a cidade de Coimbra oferece todas as condições requeridas por iniciativas deste tomo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -E, se não faltam as instalações, também não minguam as entidades que se me afiguram dispostas e com possibilidade de as realizar.

Agindo, aliás, dentro da esfera das suas competências específicas, não só a Junta Distrital como ainda a Câmara Municipal, a que presidem ilustres personalidades, há muito tituladas como realizadoras das mais notáveis deste país, não enjeitariam, estou certo, as tarefas dessa realização.

Sempre prontos a trabalharem pelo bem comum e bons conhecedores da importância destas iniciativas, os Srs. Presidentes da Junta Distrital, Prof. Doutor Bissaia Barreto, e da Câmara Municipal de Coimbra, Dr. Moura Relvas, cujo dinamismo muitos desta Câmara bem conhecem, são a garantia de uma perfeita execução.

Mas, tratando-se de iniciativas destinadas a interessar todo o País, dada a extensão dos problemas a tratar e da multidão de produtos a tornar conhecidos, impõe-se, como já disse, uma efectiva colaboração dos Poderes Públicos, das autarquias e da imprensa com estas entidades.

Para tanto deve ser formada uma comissão executiva, composta pelos representantes dos Ministérios das Corporações, da Economia, da Educação Nacional, do Interior e das Obras Públicas, sob a alta égide do Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo.

Mais sugiro, Sr. Presidente, que se comece desde já a trabalhar, para que, quer o congresso, quer a exposição, tenham lugar por ocasião dos festas da Rainha Santa, que se vão realizar na cidade de Coimbra, no próximo mês de Julho.

Não é muito o tempo de que se pode dispor, mas conto com a inultrapassável dedicação dos realizadores que tive a honra de citar e com o interesse daqueles que os devam coadjuvar.