que constituem, como disse, um terço da sua actividade profissional. O caso interessa no ponto de vista terapêutico; mas muito mais no da saúde pública.

São múltiplos os aspectos deste vasto problema, no qual avulta o da assistência à maternidade e à infância.

São; mas conhecem-se quase todos os seus dados e sabe-se como resolver uma grande parte deles.

Porque se espera?

Nestes últimos dias têm sido aqui expostas críticas, razões e queixas sobre a situação da nossa assistência e da nossa previdência; tem-se defendido a necessidade de uma concentração e de uma coordenação de tudo o que diz respeito à saúde pública para dar a este país uma organização sanitária mais útil, mais humana, mais extensa, mais perfeita e mais económica.

O Sr. Ministro da Saúde e Assistência não se tem poupado a esforços para fazer desaparecer as duplicações e as faltas de coordenação existentes no seu sector. Esperamos que igual atitude se verifique também noutros sectores. Tem procurado actualizar serviços e diplomas, de modo a corresponderem às exigências dos problemas.

E, a propósito, seja-me permitido agradecer-lhe aqueles pelos quais se fez a revisão do conceito de nadomorto, de morte fetal e do registo da duração da gravidez; se impôs a vacinação obrigatória contra a difteria e o tétano; se criou a obrigatoriedade da declaração da tuberculose; se instituiu a Direcção-Geral dos Hospitais; as comissões inter-hospitalares; se reviu a indústria dos produtos farmacêuticos; se estruturou a actividade farmacêutica hospitalar, etc.

E já que falo de indústria farmacêutica e da actividade farmacêutica hospitalar, problemas que dizem respeito a técnicos que tanto contam num plano de saúde pública, seja-me permitido voltar a um assunto que já aqui foquei e que aguarda solução condigna - o da restauração da Faculdade de Farmácia na Universidade de Coimbra.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Ocupei-me do ensino de farmácia em Coimbra há cerca de dois anos, em 28 de Abril de 196O. O assunto não teve qualquer andamento por parte do Ministério da Educação. As razões que me levaram a defender a restauração da Faculdade de Farmácia mantêm-se como então, se não ainda mais agravadas. Não se estranhe, por isso, que volte ao caso neste momento em que se focam, nesta Assembleia, os diversos problemas que estão ligados ao estabelecimento de um plano de saúde pública.

Sr. Presidente: a velha e gloriosa Universidade de Coimbra, que V. Exa. tanto honrou e prestigiou através da sua acção de mestre muito distinto, tem razões para considerar título de honra o ter ministrado o ensino de farmácia sem interrupção durante séculos - desde os tempos do reinado de D. Sebastião.

Vozes: - Muito bem!

médio senão atendê-las e restaurar a sua Faculdade de Letras.

E como compensação deu-lhe também o Governo mais uma Faculdade - a de Economia. O ensino de farmácia, porém, nunca sofreu interrupção em Coimbra, a despeito da extinção - continuou desde 1928 a 1932.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Desse duro golpe vibrado contra as três Universidades só falta reparar a ferida aberta na Universidade de Coimbra.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A reforma de 1932, reorganizando o ensino de farmácia, agravou ainda mais a situação, reduzindo à condição de Escola a Faculdade de Farmácia de Lisboa e criando em Coimbra uma Escola de Farmácia. Ficou só uma Faculdade de Farmácia no País -a do Porto- e passaram a existir as Escolas de Farmácia de Lisboa e de Coimbra.

Há 30 anos que as coisas se mantêm assim: as duas Escolas só têm o 1.º ciclo, ao qual correspondem 14 disciplinas, distribuídas por 3 anos, e a Faculdade tem 2 ciclos, que abrangem 24 disciplinas, distribuídas por 5 anos (sendo 4 delas cursadas na Faculdade de Ciências). São 30 anos em que se não atendeu nem à evolução da química e da ciência farmacêutica, nem às necessidades do País.

O Sr. Pinto Carneiro: - Muito bem!

O Orador: - Das doze reformas que, no decorrer dos tempos, sofreu o ensino de farmácia entre nós, desde 1528 até 1932, dez destas reformas, isto é, até 1928, tiveram como objectivo actualizar e melhorar o ensino, em obediência aos progressos que iam saúdo registados e às necessidades que se iam evidenciando.

Em 1928 e em 1932, parece que só razões de ordem económica orientaram os Ministros; eliminando primeiro unia e depois outra das nossas Faculdades de Farmácia.

A evolução que têm sofrido a indústria química e a farmacêutica, os aspectos económicos e sanitários que lhes andam ligados, os problemas que se criaram na saúde pública, justificam amplamente que se não deixem prolongar por mais tempo os inconvenientes de ordem científica, económica e moral que andam ligados ao ensino de farmácia, à verificação dos medicamentos e à inspecção do exercício farmacêutico.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -Em conferência realizada há três anos na abertura da Universidade de Lisboa, afirmou-se que