dade multirracial em que todos sejamos irmãos, em que todos nos compreendamos e nos estimemos e em que, pensando da mesma forma e vivendo as mesmas ansiedades, contribuamos decisiva e decididamente para a afirmação perene de um Portugal que há-de continuar a ser, mau grado as dificuldades da hora presente e sejam quais forem as contingências do futuro, uma «grande e próspera Nação».

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -Por isso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, tenho qualidade bastante para considerar grave afronta dirigida à consciência dos portugueses de Angola, quer sejam pretos, brancos ou mestiços, o dizer-se ou insinuar-se sequer que só por força de um sofisma da Constituição ou merco de mera ficção jurídica a terra de Angola poderá ser considerada província de Portugal e parte integrante do todo nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Todos nós, portugueses daquela província, reivindicamos essa qualidade e sentimos verdadeiro orgulho em que a nossa terra seja, como disse alguém, o espelho gigantesco em que a milhares de léguas de distância se mira amorosamente o Portugal europeu.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Sr. Presidente: o esforço feito pelo País para assegurar a integridade nacional e para promovei- o desenvolvimento e bem-estar do ultramar tem sido verdadeiramente ingente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -Todos nós o reconhecemos honestamente e o temos proclamado por diversas vezes.

Todavia, a hora que vivemos é talvez a mais grave e dramática de toda a nossa história, já velha de muitos séculos, e por isso mesmo exige que esqueçamos a medida dos sacrifícios que nos são impostos para só encararmos, com coragem e com alta dignidade, a extensão do dever que temos a cumprir.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Foi esta, se nau erro, a palavra de ordem dada pelo venerando Chefe do Estado aquando da abertura solene da VIII Legislatura desta Assembleia Nacional.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - É necessário proceder, com urgência, a um intenso povoamento, nomeadamente naquelas regiões que mais duramente foram atingidas pelos actos de terrorismo.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - É necessário fomentar o crédito agrícola, comercial e industrial, criando as necessárias instituições, uma vez que praticamente não existem na província.

É necessário dar imediata, real e séria execução às medidas legislativas que, com tanta oportunidade, foram promulgadas pelo Ministério do Ultramar.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - É necessário promover prontamente o desenvolvimento do ensino, de forma a melhorar o nível cultural, e intelectual das grandes massas da população, criando para tanto novas escolas de ensino elementar e médio e instalando e pondo a funcionar os já criados estudos gerais de Angola.

O Sr. Burity da Silva: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: Faz obséquio.

O Sr. Burity da Silva: - Nesse capítulo do ensino, secundo o apelo que faz e aproveito a oportunidade para juntar também o meu apelo ao Governo para que considere, numa reorganização da instrução, a necessidade de contar com as grandes massas nativas ...

Vozes: - Muito bem. muito bem!

O Sr. Burity da Silva: - ... que têm do ser chamadas ao mundo da civilização, não segundo as bases de uma educação clássica, mas à base de uma educação funcional, do artesanato, problema ingente, enorme, tão grandes são essas massas.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Quero dizer a V. Ex.ª que nus minhas preocupações sempre estiveram as chamadas amassas nativas ».

V. Ex.ª terá reparado, com certeza, que não fiz qualquer distinção entre brancos e pretos, pois todos são angolanos e essencialmente portugueses.

O Sr. Burity da Silva: -Não fiz qualquer ressalva a uma questão de diferenciação, mas limitei-me a aludir a um problema que se refere u valorização de grandes massas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - É necessário promover o bem-estar material e social das populações economicamente mais débeis, proporcionando-lhes as indispensáveis condições de vida e de trabalho, e assegurar a instituição da assistência e da previdência social.

É necessário que o capital metropolitano se convença seriamente de que em Angola há um largo campo de aplicação rendosa à sua espera, e, por consequência, aqueles que o possuem deverão sem receios injustifica-