dos ou hesitações e tibiezas condenáveis proceder no seu investimento na província, assim possibilitando a exploração de riquezas inaproveitadas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - É necessário que se levem a cabo, no plano administrativo, as reformas indispensáveis á uma maior eficiência dos serviços públicos e que os erros verificados e os desvios cometidos sejam eliminados sem transigências, ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... se afastem os elementos indesejáveis e se punam implacávelmente aqueles que intencionalmente ou por negligência prevaricaram.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - É preciso, finalmente e sobretudo, que o amor e o interesse dos portugueses pelo ultramar não seja apenas a manifestação de um platonismo vazio de sentido, mas sim a afirmação consciente e real de uni sentimento profunda e intensamente vivido e, portanto, capaz de aceitar todos os riscos e sacrifícios que a sobrevivência da Pátria, na intangibilidade do seu património, possa vir a exigir-lhes..

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Pinheiro da Silva: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Pinheiro da Silva: - Quero apenas felicitar o Sr. Deputado Jesus Santos pelo inteligente, bem estruturado, sereno, sensato e oportuno trabalho que nus trouxe.

V. Ex.ª é realmente uma das figuras mais representativas da moderna geração de angolanos, e, por isso, com a experiência que tem dos problemas ultramarinos, possui autoridade para nos dizer do patriotismo e dos anseios dessa grande província portuguesa. Nas suas afirmações perpassa, com efeito, um sopro de patriotismo que é timbre de todos os bons portugueses, quer sejam da metrópole quer sejam do ultramar.

A V. Ex.ª, Sr. Deputado Joaquim de Jesus Santos, apresento as minhas mais vivas e gostosas felicitações.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Estas são, Sr. Presidente o Srs. Deputados, as reivindicações que a província de Angula faz à Nação e cuja satisfação reclama e confiadamente espera do sou Governo.

Elas constituem também a mensagem de esperança e de fé quê trago ao Paia, com a certeza de que Angola, retemperada na luta e sublimada pelo sofrimento, encontrará em si, hoje e sempre, as indispensáveis energias para se afirmar eternamente terra bendita de Portugal.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Antão Santos da Cunha: - Sr. Presidente: tinha-me imposto «a pena do silêncio» nesta sessão legislativa. Não porque me considerasse desinteressado dos problemas du vida nacional, nem porque houvesse esmorecido em mim o espírito de luta indispensável a quem tem responsabilidades na vida política, e de modo muito especial na hora difícil que o País atravessa. Mas tão-somente pela circunstancia de, ao relancear os olhos pelo panorama desta sessão legislativa, me ter convencido de que outros, mais qualificados e mais novos, mantinham viva essa mesma chama de preocupação política, por forma a poder deixar mais tranquilos aqueles que, de algum modo, se vinham sentindo cansados por muitos anos de lutas e por algumas desilusões.

Mas, Sr. Presidente, resolvi-me, no entanto, a quebrar esse silêncio, e a primeira satisfação que tenho ú a de dirigir a V. Ex.ª os meus cumprimentos e as minhas saudações. E V. Ex.ª sabe a sinceridade que ponho nelas. Aluno de V. Ex.ª na escola, considero-me também aluno de V. Ex.º na vida, o que reputo ainda mais importante, porque ao magistério de V. Ex.ª na escola sucedeu-se o magistério mais extenso, e mais profundo, na vida pública, que V. Ex.ª tem desempenhado com grande altura e perfeita dignidade e no qual tenho procurado continuar a aprender com V. Ex.ª

Sr. Presidente: a imprensa trouxe ao conhecimento do público um comunicado referente a uma reunião do conselho da Corporação do Comércio, relativa u um problema do mais alto interesse, qual seja o do imposto sobre o consumo.

Essa notícia e essa moção, apresentada e aprovada no conselho da Corporação, põem dois problemas, ambos importantes e dignos de uma palavra de comentário nesta Casa.

O primeiro refere-se n queixa amarga, e, quanto a mim, justificada, do esquecimento a que, continuadamente, se votam os organismos representativos dos interesses económicos, espirituais ou autárquicos, na medida em que a Administração se julga dispensada, afinal, de respeitar o sentido representativo da nossa vida política.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O outro está em directa correlação com o próprio imposto de consumo, que se não discute, quer quanto u necessidade da sua incidência, quer quanto à premência de se obterem receitas para os objectivos que determinaram a sua criação. Apenas estão em causa problemas ligados à sua aplicação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Quanto ao primeiro problema, já vem de longe a minha preocupação de reivindicar nesta Câmara a necessidade de se não destruírem os valores doutrinários da nossa organização política, desacreditando o sistema, desencorajando vontades, iludindo dedicações, as mais puras e as mais desinteressadas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!