regam a sala da leitura da biblioteca e não pagam propinas. Devem ser em Lisboa cerca de 300 (só se sabe que são 252 em Filologia Germânica). Isto elevará a 2825 a frequência efectiva na Faculdade de Lisboa, presumivelmente a 2350 a de Coimbra.

Considerando o ritmo de crescimento de ambas, não é excessivo prever que em 1970 a de Lisboa subirá a 4250 alunos e a de Coimbra a 3600. Quanto à conclusão de cursos nos últimos 5 anos, para os quais foram publicados dados estatísticos (1954 a 1958), verifica-se um aumento de 90 por cento para Coimbra e de 160 por cento para Lisboa.

2) Frequência relativa aos vários grupos na Faculdade de Letras de Lisboa. - Comparado com o número de estudantes que frequentam os outros grupos, verifica-se o predomínio esmagador dos inscritos em Filologia Germânica, que vem já do ano de 1951. Eis o quadro actual das inscrições:

Filologia Clássica ........... 46

Filologia Românica .......... 293

Filologia Germânica ........l 160

Adjuntos do 8.º grupo ........ 54

Adjuntos do 11.º grupo ....... 12

Se ao número dos alunos de Filologia Germânica juntarmos os 250 licenciandos acima referidos, verifica-se que este grupo absorve precisamente 50 por cento dos alunos da Faculdade.

O número de licenciaturas, no ano lectivo de 1960-1961, regista um movimento que confirma plenamente estas conclusões:

O Sr. Pinheiro da Silva: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Pinheiro da Silva: - Gostaria que V. Exa. me esclarecesse sobre quais as cansas por que a secção de Filologia Germânica conta com uma frequência tão grande.

aumentado a frequência. em 45 por cento nos últimos 4 anos, o número de professores cristalizou inexplicavelmente em pouco mais de 30.

A relação entre o número de professores e o número de alunos, que era de l: 32,6 em 1950, subiu para l: 39 em 1962, apesar do grande aumento no pessoal docente.

Mas no grupo de Filologia Germânica a proporção é de l: 88, mais do dobro da média geral, com óbvio prejuízo para o ensino, que é feito em classes de 70 e 100 alunos, inadmissível na preparação profissional de futuros professores de línguas.

A actual relação média exigiria para este grupo 29 professores, em vez dos 15 que efectivamente tem; com o crescimento a ritmo idêntico, a situação será em 1970 muito mais grave, porque a frequência do grupo terá atingido, com uma entrada anual de 160 e uma saída de 50, o número de 2025, ao qual corresponderá um corpo docente de 52 professores, só no grupo de Filologia Germânica, entenda-se - mais 38 do que no ano lectivo corrente. O regime de exames. - Esta situação, já de si dramática, é agravada pelo regime de exames. Actualmente verifica-se que num ano lectivo de dez meses há seis meses de exames, um de férias e três de aulas. Creio que se está estudando a possibilidade de suprimir os exames de frequência nas escolas superiores; com isso, porém, ganhar-se-ia apenas um mês lectivo.

O que seria perfeitamente viável com algumas centenas de alunos deixa de o ser com 2000, porque todos os cálculos e previsões de há 5 anos falham estrondosamente perante a invasão das massas.

A multidão aniquila a escola. Os professores esfalfam-se a .preleccionar (quando não há exames) a cursos descomunais e esgotam-se a ver militares de provas, a fazer centenas e centenas de exames orais em mais de 80 cadeiras no fim do ano, a orientar centenas de dissertações, condenadas a uma classificação medíocre por falta de apetrechamento bibliográfico, de institutos de investigação, que, sem dotação própria, não passam do papel, e até por falta de uma biblioteca universitária.

Os efeitos do afluxo patológico de alunos ao grupo de Filologia Germânica, pela orgânica da nova reforma, que este ano fica em plena aplicação, atingem os grupos de Filologia Românica, de História e de Filosofia, todos com cadeiras de opção para os germanistas; e tornam-se particularmente salientes no 1.º ano e em certas cadeiras de cultura geral, onde, de ano para ano, aumenta o peso morto dos alunos sem nível adequado às exigências de uma Faculdade de Letras.

Não errará quem afirme que em nenhuma escola superior do País, nem talvez do Mundo, se verifique tão grande desperdício de energias; que em nenhuma outra o Estado concede verbas tão mal aplicadas em subsídio às multidões que se matriculam no 1.º ano a das quais apenas um décimo chega a concluir o