biente propício a que nele mirrem e feneçam os valores reais, é obra da mentira subversiva, na sua acção obstinada e incansável.

E quantos, olhando o panorama, o aproveitam para chegarem mais depressa... ainda que tenham de justificar a observação de Patrizi, aquele «cultor de estudos fisiopsicológicos e de antropologia criminal» que prefaciou o livro sobre a mentira do Prof. Luigi Battistelli:

No longo itinerário, da aspiração à satisfação, que para o viandante honesto tem fatigantes etapas, a mentira tenta reduzi-las o mais possível; economiza trabalho; constitui o preguiçoso «atalho» utilizado pela autêntica personagem criminal.

Temos e teremos, ainda e sempre, de contar com aqueles que se escondem para morderem na altura própria.

A serpente está oculta na erva.

Por isso e pelo mais, não devem estar de sobreaviso só os homens cônscios do perigo em que estamos e decididos a enfrentá-lo a todas as horas e em todas as circunstâncias.

Urge também, e muito, que passem a estar sempre alerta e resolvidos os granadeiros titubeantes, de modo que a própria autoridade fique dispensada de intervir ou de intervir em escala maior do que a normal.

Quer dizer: que cada um de nós tem de ser uma fortaleza, nada disposta a transigir com o boato, com a insídia, com a subversão, quer os seus agentes escrevam ou falem, ou se dissimulem, ou recorram a atitudes violentas ou indecorosas. Nada disposta a transigir - esclareço -, não em palavras, mas em actos, dando ao inimigo, se necessário for, batalha pronta e enérgica, onde quer que o inimigo se apresente e actue.

Adoptemos, como divisa, este pensamento, que é um inestimável conselho:

O necessário, em todo o momento, é estar onde se deve e fazer o que importa.

De contrário, caminharemos aberta e irremediavelmente para o clima insurreccional a que já aludi, clima esse - convém acentuar - que se desenha já e cumpre, acima de tudo e sem demora, varrer das nossas paragens.

E é esta, Sr. Presidente, a questão que eu, em breves palavras, quis esboçar hoje nesta Assembleia, com os votos mais sérios e sinceros de que não tenhamos de nos ocupar dela em circunstâncias porventura mais graves e mais difíceis.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

homenagem a estes méritos que concorrem na personalidade de V. Ex.ª que esta Câmara o elegeu seu Presidente, conferindo-lhe, deste modo, a honra mais alta e mais meritória: a de ser entre os seus pares escolhido por eles como o primeiro.

A par dos meus cumprimentos tenho, por isso, que lhe dirigir também as minhas felicitações vivas e entusiásticas por V. Ex.ª ter ascendido, por seus reais méritos, à alta tribuna da presidência da Assembleia, e ao fazê-lo peço licença para recordar, neste momento e a este propósito, a nobre figura do Sr. Conselheiro Albino dos Reis, a quem também respeitosamente saúdo e cumprimento, que precedeu V. Ex.ª nesse alto cargo a que sempre imprimiu a maior dignidade e que exerceu sempre com rara distinção e perfeita disciplina, a par de uma benévola e bem entendida compreensão e tolerância. Por isso se tornou merecedor do respeito e da indelével gratidão dos que, como eu, tiveram a honra de servir com ele.

Sr. Presidente: habituado por imperativo da minha vida profissional a ter de falar com frequência em público, jamais o pude fazer sem ter de dominar um frémito de emoção que sempre me avassala e, ai de mim!, tantas vezes perturba sempre que tenho de fazer essa penosa experiência. Aqui, porém, essa emoção redobra de intensidade, até porque, não sendo esta a primeira vez que tenho assento nesta Assembleia, tal circunstância mais faz avultar no meu espírito a noção das responsabilidades do cargo e a realidade das exigências que o seu exercício impõe. Demais, há nos horizontes longínquos da nossa Pátria nuvens pressagas e clarões sinistros por forma a fazer-nos compreender que a página de história que estamos vivendo só é de euforia na medida em que nos convida e nos afoita a medir a heroicidade do nosso esforço e do nosso sacrifício como nação pela escala da firmeza da nossa decisão e pelo padrão da grandeza do nosso patriotismo.

É nesta hora grave de apreensões e de incertezas sobre o futuro dos nossos destinos históricos que estamos iniciando os nossos trabalhos - nesta hora em que agoirentas aves nacionais e sobretudo estrangeiras crocitam à volta da Pátria para lhe retalhar o corpo. E tudo isto, sem dúvida, nos emociona e até por vezes nos confunde.

Esquecem, porém, esses tais que as pátrias mais do que de corpo são feitas de alma; e que esta é imortal.

Por isso o que importa, acima de tudo, é que cultivemos essa imortalidade, retemperando as nossas vontades à luz das lições da nossa história, ao calor das nossas crenças, à chama do nosso patriotismo, e avivando a memória dos nossos mortos e o comando imperativo do seu sacrifício heróico para que vivamos e sobrevivamos para além da hora ansiosa que estamos atravessando. Mais: para que ultrapassemos e vençamos, triunfantes, todas as horas amargas que ainda os nossos inimigos nos hajam de proporcionar. E tenhamos fé. Fé na orientação superior da nossa política e do seu supremo condutor, o Sr. Presidente do Conselho, merecedor de todas as nossas homenagens;