palavras de apoio, de entusiástico apoio ao Regime e à obra que este tem levado a cabo nas últimas décadas em prol do engrandecimento deste país. Ninguém de boa fé o poderá ignorar. Senti a indignação, a repugnância latente de homens e mulheres de todas as classes e idades, perante determinadas vozes que quiseram desrespeitar a figura nobilíssima do Sr. Presidente do Conselho, que, pude mais uma vez ver, continua depositário da confiança da parte sã da Nação. Mas vieram até nós também justos clamores, oportunas reclamações, amarguradas queixas que teremos de, pouco a pouco, fazer chegar a esta Assembleia.

Desejo comentar alguns aspectos da proposta de lei em discussão e quero desde já regozijar-me, e comigo por certo todo o País, ao ver os frutos de uma política financeira que vem de longe e nos permite agora, perante os pesados encargos que ao Tesouro acarreta uma guerra que nos foi imposta por inimigos dos mais variados matizes e nos obriga a estar em guarda em todos os continentes, encarar com serenidade e segurança os caminhos do futuro e prosseguir nas nossas tarefas sem perturbações de maior.

Eatabelece-se na proposta prioridade para os «encargos com a defesa nacional, nomeadamente aos que visam à preservação da integridade territorial da Nação». Não negaremos ao Governo esse direito, que constitui imperativo da hora que passa, e a Nação saberá sofrer todos os sacrifícios que lhe vierem a ser impostos, correspondendo assim ao heroísmo e dedicação das forças armadas, ao sangue derramado pela nossa juventude, a quem presto a homenagem da maior admiração e respeito.

Honra e glória aos soldados de Portugal, que fazem com que a velha Pátria Lusíada possa, devido ao seu esforço, continuar a sua missão de cristandade em terras de além-mar, terras que não queremos sepultada na barbárie e desordem de que os jornais nos dão todos os dias notícia.

Sobre este ponto quero dizer que em terras de Basto, numa das incursões que fizemos através do meu distrito, um homem bom da localidade, ao apresentar as suas reclamações - as queixas amargas a que já me referi -, terminou por dizer que, acima de tudo, neste momento, o que interessava à gente da sua terra era que no ultramar português continuasse, livremente batida pelo vento, a bandeira da Pátria.

Saiba o Governo interpretar fielmente, como o tem feito até aqui, os sentimentos do povo português expressos por este homem bom, da boa e bem portuguesa região de Basto, donde me orgulho de ser oriundo.

«Para a defesa e valorização do ultramar» pede o Governo autorização para cobrar um imposto extraordinário, que recairá sobre «todas as sociedades ou empresas que explorem alguma concessão de serviço público ou actividade industrial em regime de exclusivo, e, bem assim, sobre as que exerçam actividade a definir pelo Governo, desde que beneficiem de qualquer privilégio ou de situação excepcional do mercado». Era lógico que assim fosse - o País há muito reclamava que a nossa política fiscal se definisse cada vez mais por uma maior tributação dos lucros dás grandes empresas. Certos, como estamos, de que o Governo usará da prudência que o tem caracterizado nesta matéria, de forma a não impedir a formação dos fundos de reserva, apetrechamento e renovação necessários a uma economia sólida - o que o grande público nem sempre compreende -, não lhe regatearemos o nosso aplauso.

Não foi possível ao Governo cumprir aquilo que ficou estabelecido no artigo 17.º da Lei de Meios do corrente ano - pois foram morosos os estudos preliminares -, de modo a incentivar, com medidas de ordem fiscal e facilidades de crédito, os investimentos nas regiões económicamente desfavorecidas. Felicito muito vivamente o Sr. Ministro das Finanças pela notícia que nos dá de que vai ser publicado brevemente um diploma que estabelecerá medidas de natureza fiscal, de modo a estimular este objectivo. É inadiável, imperioso, que isso se faça, já que não é representante da Nação e autêntico homem de bem, apontar como exemplo a seguir á Fundação Gulbenkian, que por essa província fora tem sabido fortalecer muitas instituições de assistência e cultura como aquelas que estávamos então inaugurando: a Escola de Enfermagem Calouste Gulbenkian e o Lar de Enfermeiras Nevart Gulbenkian. Foi-me também dado, na honrosa oportunidade a que me refiro, prestar homenagem à acção do Ministério das Obras Públicas, dentro das limitações a que é obrigado pela exiguidade das verbas de que dispõe. Não se julgue que só os trabalhadores manuais são, por falta de condigno arrumo, obrigados a abandonar a província. As classes superiores vão também sucessivamente tomando o mesmo caminho e a província cada vez fica desgraçadamente mais pobre. São casas senhoriais abandonadas, famílias ligadas à terra que se vão para sempre, com os naturais reflexos de ordem moral, social e até política.