O Orador: - Como é possível acreditarmos nas fantasiosas doutrinas que tentam desagregar-nos ?

Por mim, direi como Salazar:

Seja, porém, qual for a evolução dos problemas internos, a Nação é uma herança sagrada e a sua integridade não poderá ser sacrificada a ódios, compromissos, ambições insatisfeitas.

Que o Governo tem o espírito aberto a todas as modificações da estrutura administrativa menos as que possam atingir a unidade da Nação e o interesse geral.

Assim o esperamos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Os nossos soldados, pretos, mestiços, brancos e goeses, de todas as etnias que compõem o agregado nacional, mantêm-se vigilantes nos seus postos, como a todos cumpre, em defesa da nossa integridade.

Para os mártires que já tombaram na voragem da guerra que nos movem (civis e militares de todas as raças), o meu sentido preito de homenagem à sua memória.

A hora não se compadece com tibieza.

Vivemos uma hora de determinação e decisiva que exige, mais do que nunca, forte coesão, e eu sou dos que se convencem de que num mundo como o nosso, feroz no jogo dos interesses materiais, se impõe cada vez mais a unidade nacional pelo reajustamento esclarecido e límpido da nossa sociedade, pois portugueses somos por desígnios de Deus, pela interpenetração dos nossos valores morais, que importa aperfeiçoar, e não o somos por influências estranhas à nossa ética nem por improvisações à última hora.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Desejaria, se as naturais limitações de tempo me permitissem, aqui explanar alguns factos relevantes da história de Angola demonstrativos das emotivas qualidades do povo angolano, da sua psicologia, do seu carácter étnico, factores estes que para se valorizarem e se tornarem progressivos carecem, no entanto, de uma modelação e orientarão, sem deformações, que impulsionem a sua mais rápida evolução, como afirmava certo pensador.

Reservar-me-ei nesse sentido mima futura intervenção.

Tenho por certo, como afirmei há dias aos microfones da Emissora Nacional, que a maioria absoluta do nosso povo, dessa heróica população de Angola, de cujo círculo eleitoral sou um dos representantes nesta Assembleia, coloca o interesse nacional acima do tumulto das ideias feitas, como tem evidenciado de forma iniludível, e que enfrenta com determinação patriótica a política de subversão que por todos os processos procura aniquilar os valores da nossa civilização cristã.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Formulo votos para que no caso de Angola, se considere o seu povo aborígene e dele oriundo com a justiça necessária do seu proverbial portuguesismo, que os acontecimentos movidos do exterior as influências deles decorrentes não lograram abalar em relação à maioria populacional, que ainda nestas últimas eleições evidenciou firmemente a sua convicção de unidade nacional ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... pelo interesse patenteado por uma presença expressiva às umas de iodas as etnias que, o lusitanismo no Mundo mantém no seu magnifico conteúdo intrínseco.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Nunca será de mais fazer-se essa justiça ao povo de Angola ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... em sua maioria, que deu sem dúvida uma lição ao Mundo de coerência e de unidade, bom digna de realce perante as contingências que atravessamos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Que este facto resulte, francamente perante a consciência nacional em elemento restaurador da concórdia, da confiança, de compreensão humanística e da paz ameaçada por influências estranhas, são os votos que formulo desta honrosa tribuna em que me encontro, em ambiente de tão distinta cordialidade, que prazenteiramente registo neste mais alto órgão legislativo da Nação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito e cumprimentado.

O Sr. Augusto Simões: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: no limiar de novo capítulo da minha vida parlamentar, quero dirigir a VV. Ex.ªs, em primeiro lugar, as minhas cordiais saudações.

V. Ex.ª sabe, através do conhecimento que nos advém de uma já longa convivência, que aos seus altos méritos tenho sempre procurado render o preito da respeitosa admiração que eles tanto merecem.

Tem V. Ex.ª prestado à Nação os mais assinalados serviços nos muitos e importantes sectores onde se num projectado a sua vigorosa personalidade.

Vozes: - Muito bem!