O Orador: - Apetece ensinar à União Indiana, e a quantos cobiçam a terra portuguesa, a altiva resposta de um grande português de antanho a um representante de uma potência estrangeira em ocasião de insolente ameaça de invasão de. Portugal por grandes e invencíveis exército: «Muito pode um homem em sua casa, e tanto que até depois de morto são necessários quatro homens para dela o retirarem»!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E se a força houver de prevalecer contra o direito e contra a justiça e formos chamados à luta, tremendamente desigual, cuja iminência nos não aterra, nem perderemos a honra, como tão energicamente já afirmou o Sr. Governador-Geral desses territórios, nem o sangue dos nossos heróis e dos nossos mártires que ficará a regar essas amadas terras do Indico, que trouxemos há tantos séculos para a civilização cristã, consentirá que nelas se apague o seu vigoroso portuguesismo!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - As nações, como os homens, têm uma alma que domina toda a estrutura corpórea ou territorial e que não se apaga com quaisquer amputações. Não fenece nunca, por mais que sofra!

Assim, a alma lusíada que une e fortalece todo o espaço português jamais fenecerá em qualquer parcela de Portugal, qualquer que seja a sua sorte!

O Portugal de hoje será o Portugal do futuro, porque a sua estrutura, que os séculos cimentaram e o nosso génio tem sabido merecer, não pode soçobrar nem perante os apetites iconoclastas, nem perante a maquiavélica insensatez dos senhores deste mundo enlouquecido.

Nós não cederemos e não nos aviltaremos transaccionando a Pátria.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Estas simples considerações, Sr. Presidente, as entendi dever fazer nesta hora grave e neste lugar tão representativo para lembrar aos que, transviados embora por funesto sectarismo político, no entanto têm alma e coração de portugueses, que não podem permanecer em retraído alheamento quando a procela tão ameaçadoramente ruge à nossa volta ...

O seu lugar, cromo o de todos os bons portugueses - estejam onde estiverem e seja qual for o seu ideal político -, é agora, lado a lado, no arraial onde se combatem os que renegam a Pátria e os que vivem o desvairamento de aniquilar Portugal.

É que sobre todos nós pesa a obrigação de lutarmos até ao fim das nossas forças numa mesma e única determinação: a grandeza e continuidade da Pátria ...

Só assim poderemos vencer a tormenta o os aguaceiros de cobiça e rechaçar os embates do cúpido materialismo moscovita. mantendo Portugal dentro dos primados da sua maravilhosa história; para nós e para os vindouros.

Por isso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, ao terminar este ligeiro apontamento, quero afirmar a minha arreigada crença em que S. Francisco Xavier, que é padroeiro da nossa índia e será sempre o seu governador-geral mais categorizado, intercedendo por Portugal junto do Senhor Deus dos Exércitos, nos alcançará o afastamento da horrível provação que se nos depara e que, por mercê da inspirada, luminosa e abnegada inteligência de Salazar e por mercê de todos os valores morais e materiais de que é feita a nossa Pátria, a gravíssima procela não se desencadeará.

Nas horas difíceis da sua história, sempre Portugal tem contado com a protecção divina, aliás lembrada e agradecida nas gloriosas quinas da sua bandeira. Porque, havíamos então de perder a fé! Meus senhores, com os nossos irmãos da Índia, corações ao alto ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador foi muito cumprimentado.

O Pr. Presidente: - Srs. Deputados: suponho que em perturbar a boa execução do Regimento posso submeter à consideração de VV. Ex.ªs o acórdão complementar da nossa Comissão de Verificação de Poderes relativo ao Sr. Manuel Herculano Chorão de Carvalho, cujos poderes não estavam verificados, por não terem chegado ainda os documentos indispensáveis, Chegaram agora, e a Comissão pronunciou-se do seguinte modo:

«Sr. Presidente e Srs. Deputados: a vossa Comissão de Verificação de Poderes encontra-se já habilitada a propor que sejam julgados definitivamente verificados os poderes de candidato a Deputado pelo círculo de Timor.

Propõe, assim, que sejam julgados definitivamente verificados os poderes do candidato proclamado por aquele círculo, major do estado-maior Manuel Herculano Chorão de Carvalho.

Submetido à votação, o acórdão foi aprovado por unanimidade.

O Sr. Presidente: - Proclamo como Deputado à Assembleia Nacional, por Timor, o até aqui candidato a Deputado Sr. Manuel Herculano Chorão de Carvalho. Convido os Srs. Deputados Armando Cândido de Medeiros e Manuel Tarujo de Almeida a introduzirem na sala o novo Sr. Deputado.

Vai passar-se à primeira parte da

O Sr. Presidente: - Vamos proceder à eleição das Comissões do Ultramar, do Trabalho, Previdência e Assistência Social e dos Negócios Estrangeiros.

Interrompo a sessão por alguns momentos, a fim de se elaborarem as lisas para a eleição das referidas comissões.

Eram 17 horas e 30 minutos.

O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão.

Eram 17 horas e 35 minutos.

O Sr. Presidente: - Vai proceder-se à chamada.

Fez-se a chamada.