Claro que, como afirmava o Banco de Portugal, a expansão do crédito mercantil não violentara os preços nem tocara na estabilidade dos valores.

As taxas eram moderada e isentas de flutuações.

Mas, estabelecidos limites legais mais elásticos, o crédito bancário - mesmo contra o aviso de dirigentes bancários prudentes - começou a crescer mais que o produto nacional e a aproximar-se dos seus últimos limites legais.

Alguns dos dirigentes do sector ouviram falar do progresso indefinido e da aceleração do desenvolvimento, tomaram a nuvem por Juno e estabeleceram cálculos em demasia optimistas.

Que traduziu um tal movimento?

Traduziu uma indesejável comercialização da vida portuguesa, com subalternizarão dos sectores activos.

Determinou novas corridas às importações.

Foi obrigada a temperar o curto prazo com renovações e conversões.

Desviou os banqueiros, em parte, dos financiamentos que verdadeiramente interessam, e que são os reprodutivos, impedindo assim a melhor utilização dos recursos aproveitáveis, e devolvendo à banca oficial a responsabilidade e o risco das operações de crescimento, que apenas ali foram feitas através de emissões do papel das sociedades ou do Estado.

Só com laboriosas análises se pode saber onde pára o open market, que é hoje lado essencial para focar as situações.

De resto, o credito mercantil distribui-se irregularmente:

Lisboa descontou quase metade em 1960.

Ficou para a província e para as ilhas apenas um terço.

Que tristeza!

Ou os negócios estão anormalmente concentrados ou nada se faz neste país sem vir a Lisboa e ao Porto.

E não era isto apenas.

Só por letras de mais de 500 contos se levantaram 13,5 milhões de contos, e o número destas letras também era descomunal.

Mas, entretanto, faltaram as sobras da balança de pagamentos, contraíram-se os depósitos, houve novas transacções e pagamentos a fazer com naturais exigências, e, embora a moeda legal e escritural fosse levada para mais, sente-se a falta de meios, que só o crédito por redesconto compensa.

Felizmente que as taxas de juro subiram muito ligeiramente, não houve inflação de preços e também não houve rotura de equilíbrio entre os compartimentos fundamentais de economia produtiva, o que deve ser levado a louvor dos dirigentes das nossas finanças.

Portanto, a forte expansão do crédito não deveria dirigir-se apenas ao desenvolvimento dos estabelecimentos e armazéns o a criar estados de oportunismo e de facilidade nas importações.

A exportação continua, porém, a ver dificultadas as suas colocações.

A produção tem de dirigir-se aos institutos oficiais, e o mesmo vai acontecendo à indústria, quando precisa de praticar o médio prazo.

No amortecimento das crises e na defesa das crises - e não nos iludamos com a ideia de um progresso continuado -, é sobretudo a Caixa Geral de Depósitos que, corajosamente, ajuda a vencer as dificuldades dos que se vêem mais atingidos.

Portanto, voltando aos primeiros passos, não terão sido abandonados critérios selectivos e nem parecem convenientes as contracções na vaga depressiva, mas a enormidade do desconto, quase 70 por cento do produto nacional, embora divisível por três ou quatro fracções do ano, mostra, além da falta de instituições livres especializadas, propensões que não são as mais úteis para os fins de desenvolvimento.

Francesco Vito começa por referir-se aos inúmeros alvitres de uma banca mista capaz de oferecer auxílios a longo prazo às iniciativas industriais e às empresas que deles precisassem.

Parecia-lhe que se devia fugir a isso, porque a estrutura do crédito é um complexo de resultados históricos, e não uma técnica de organização.

Reconhecia que na literatura se formara um padrão definido, a que correspondiam bancos como os do México e da Turquia, que o legislador português em boa hora adoptou como Banco de Fomento.

Tratava-se de acelerar o desenvolvimento, colaborar com a banca comercial, tanto na constituição como no funcionamento, recolher capitais para o longo e o médio prazo, promover iniciativas e manter um grupo de estudos para se pronunciar sobre a conveniência e a economia.

Esta ideia podia revestir várias modalidades, retomar os critérios de banca de produção, dirigir-se ao fomento ultramarino, adequar-se mais às operações de progresso técnico.

O novo banco, que o I Plano de Fomento previra apenas simbolicamente, tinha diante de si larga tarefa - seleccionar iniciativas, graduá-las, proporcioná-las, recolher grandes meios, porque tudo parece pouco, e evitar a hospitalidade dos moribundos ou dos doentes crónicos que n pretexto de fomento quereriam uma roda de enjeitados.

O Banco de Fomento nasceu em boa hora, sob um signo benigno, e são já apreciáveis os números que mostram os financiamentos industriais na metrópole, os da indústria e agricultura no ultramar, a tomada de acções, obrigações e títulos.

Organizados os seus altos quadros por delegacias, apresenta assim a evidência de apoios grandemente substanciais e de experiências naturalmente judiciosas, mas revela posições por certo correspondentes à diferente origem dos seus componentes.

As hipotecas que abrangem créditos a largo prazo, garantidos por imóveis de natureza diversa, quase que não cresceram:

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