aos goeses, independentemente de lhes vir a caber dupla nacionalidade por imposição unilateral da União Indiana.

Vozes: - Muito bem!

Não pode-mos prever o procedimento da União quanto o esta e a numerosas outras questões que vão emergir da ocupação de facto dos territórios portugueses. K bem possível que nestes primeiros tempos uma política de aliciamento e captação seja prosseguida pelas autoridades ocupantes. As dificuldades surgirão para uns e para outros quando o programa de indianização de Goa se chocar com a cultura aos goeses e o Primeiro-Ministro verificar que uma individualidade própria foi ali criada através aos séculos pela interpenetração de culturas e pelo cruzamento de raças.

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

Penso que as violências vão ser em proporção das dificuldades e que, a demorar muito a reintegração de Goa, se siga à espoliação e à forçada igualdade na pobreza, a perda de liberdade que, quanto à língua, à religião, à cultura, diminuirá os goeses. Ë de esperar por isso que muitos desejem subtrair-se às inevitáveis consequências da invasão, e todos hão-de ser bem recebidos em qualquer parte do território nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Aplausos.

Não devemos ter ilusões sobre os obstáculos, e dificuldades de toda a ordem que se levantarão à execução do nosso programa quanto aos goeses que se encontram fora dos territórios portugueses. A pertinácia, a raiva com que a União Indiana prossegue desde a independência à captação dos filhos de Goa no seu território vão redobrar em relação aos que levam a sua vida em territórios estrangeiros, nos quais a nossa própria acção pode vir a ser entravada por influência sua. Mas o nosso dever é lutar pelos goeses e por Goa, sem olhar a sacrifícios, coma fizemos até aqui.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Aplausos.

Uma pergunta desejava ainda fazer: em face dos factos, não será lícito duvidar da justeza dos caminhos por onde foi conduzida a nossa política com, a União Indiana, no respeitante a Goa? Respondo com outra pergunta: as outras soluções que se nos deparavam que resultado trariam? A negociação, a entrega; a independência, a perda do pequeno Estado, com a integração subsequente; a constituição de uma federação com o Estado independente de Goa faria regressar a questão ao princípio, por ser considerada esta fórmula como a continuação do nosso colonialismo na índia. Em qualquer destes casos perda irreparável e sem esperança. E nós devemos continuar a esperar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Aplausos.

Pelas reacções verificadas em todo o mundo português e em todos os países onde existem núcleos de portugueses podemos concluir que o sentimento exigia não mentirosas negociações para encobrir o esbulho, mas a afirmação do nosso direito, a denúncia da agressão e a luta em todos os campos para jazê-lo reconhecer.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O sentir nacional foi tão vibrantemente afirmado por todos os nossos meios de informação que não seria lícito desconhecê-lo e seria imperdoável duvidar da sua autenticidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Toda a Nação sente na sua carne e no seu espírito a tragédia que se tem vivido, e vivê-la no seu seio é ainda uma consolação, embora pequena, para quem desejaria morrer, com ela.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Aplausos.

O Sr. Presidente: - Vou suspender a sessão. Continuará esta sessão amanhã, cora n mesma ordem do dia: Goa e emparcelamento da propriedade rústica.

Está suspensa a sessão.

Eram 19 horas e 35 minutos.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Agnelo Orneias do Rego.

Agostinho Gabriel de Jesus Cardoso.

Alberto Henriques de Araújo.

Alberto Pacheco Jorge.

António Burity da Silva.

José Dias de Araújo Correia.

José Guilherme de Melo e Castro.

Purxotoma Ramanata Quenin.

Voicunta Srinivassa Sinai Dempó.