produtos alimentares acusaram sensível acréscimo, exclusivamente determinado pelas elevadas importações de trigo, embora realizadas ao abrigo da Lei dos Excedentes Agrícolas, dos Estados Unidos da América, no valor de 416 milhares de contos. Nas relações comerciais da metrópole com o ultramar observou-se no decurso dos primeiros oito meses deste ano um saldo positivo de 378 milhares de contos, enquanto no período correspondente do ano anterior se registara um saldo negativo de 112 milhares de contos.

Balança comercial da metrópole com o ultramar

(Milhares de contos)

Para o saldo positivo registado na balança com o ultramar contribuíram os saldos das balanças comerciais com cada uma das províncias, com excepção de Cabo Verde. Merece, todavia, particular referência o saldo positivo alcançado nas relações comerciais com Angola -344 milhares de contos -, que representa sensível aumento em relação ao ano anterior. Note-se, ainda, a melhoria observada na balança comercial com Moçambique, que após um saldo negativo no período de Janeiro a Agosto de 1961 registou em igual período do corrente ano um superavit de 82 milhares de contos.

Por outro lado, na contracção observada nas importações provenientes do ultramar teve influência relevante o decréscimo no valor importado de algodão em rama

(181 milhares de contos), em especial de Moçambique. Registaram também valores sensivelmente inferiores aos correspondentes a igual período de 19G1 as aquisições de sementes e frutos oleaginosos, milho e café. Em sentido contrário operaram, principalmente, além das importações de ramas de petróleo, a que anteriormente se fez referência, a apreciável expansão das importações de tabaco e madeira.

No que se refere às exportações, deve salientar-se o acréscimo experimentado pelos produtos têxteis (+78 milhares de contos) - especialmente, tecidos de algodão destinados a Angola -, máquinas e aparelhos e, ainda, pneumáticos.

1.3. A evolução dos meios de pagamento O volume da moeda em circulação, que tinha diminuído de 1640 milhares de contos nos oito primeiros meses de 1961, registou um aumento de 1831 milhares de contos, em igual período do corrente ano.

Deste modo, a tendência expansionista dos meios de pagamento em anos anteriores sofreu acentuado desvio de Janeiro a Agosto do último ano, devido em especial ao elevado déficit da balança de pagamentos.

Moeda em circulação

(Milhares de contos)

(a) Incluindo o dinheiro em cofre nas tesourarias da Fazenda Publica.

(b) Excluindo a moeda metálica comemorativa.

(c) Incluindo os saldos das contas correntes do Tesouro Público e da Junta do Crédito Público e do diversas responsabilidades à vista do Ranço de Portugal e o montante dos depósitos obrigatórios na Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência.

Para a evolução registada no ano em curso contribuiu não só a expansão de 394 milhares de contos da moeda legal, mas também, e principalmente, o acréscimo de 1437 milhares de contos registado nas disponibilidades à vista.

Deste modo, diminuiu, ainda que ligeiramente - 0,4 por cento -, a participação da moeda legal na composição dos meios de pagamento, à semelhança do que se tem verificado em anos anteriores. Esta evolução é particularmente significativa quando comparada com igual período do ano anterior, em que se registou incremento de 5 por cento na importância relativa daquela componente no conjunto da moeda em circulação.

O acréscimo das reservas de ouro e divisas do Banco de Portugal nos dois primeiros quadrimestres de 1962 foi a principal determinante do comportamento dos meios de pagamento, à semelhança, aliás, de que se verificou no último ano, em que a variação negativa daquelas reservas exerceu elevado efeito contraccionista. Verifica-se, no entanto, que tem diminuído a correlação entre os movimentos cambiais e as variações da circulação interna. Ponderados, porém, os graves inconvenientes que poderão ainda advir dessa correlação, será de encarar o estudo de medidas que melhor defendam a circulação 'interna. Apesar da favorável evolução dos meios de pagamento, registou-se contracção no volume da emissão fiduciária durante os oito primeiros meses deste ano, retomando-se assim a linha de tendência observada em anos anteriores, que havia sofrido solução de continuidade em igual período de 1961.

Variação da emissão fiduciária

(Milhares de contos)