Deve notar-se, a este propósito, que as disponibilidades em ouro e divisas desceram de 531 milhões de dólares de Janeiro a Setembro de 1962, mas como se registou um acréscimo de divisas convertíveis no total de 334 milhões de dólares, resultante principalmente das operações de swap realizadas com vários países europeus, a redução das reservas de ouro foi de 865 milhões de dólares, contra 347 milhões de Janeiro a Setembro de 1961.

As reservas de ouro dos Estados Unidos totalizavam 16 532 milhões de dólares em Setembro de 1962, montante muito inferior ao que se registava no fim de 1957 - 22 857 milhões de dólares.

Por outro lado, as responsabilidades em dólares a favor de estrangeiros subiram de 22 551 milhões em Dezembro de 1961 para 24 214 milhões em Agosto de 1962 (eram de pouco mais de 15 000 milhões em 1957), as disponibilidades a curto prazo em dólares sobre o estrangeiro apenas se elevaram de 4700 milhões para 4716 milhões durante esse período e as disponibilidades a longo prazo de 2020 milhões de dólares para 2188 milhões.

Sintetizando num quadro os elementos referidos, verifica-se não se registar, por ora, tendência para melhoria da posição de liquidez externa dos Estados Unidos.

Reservas e responsabilidades dos Estados Unidos da América

Como se conclui no quadro IV, em Agosto de 1962 as responsabilidades para com o estrangeiro, em dólares e em moedas estrangeiras, ultrapassavam as reservas de ouro e divisas. As observações dos parágrafos antecedentes permitem compreender a importância do problema da liquidez internacional, que se traduz num desajustamento global entre a evolução das reservas cambiais e as trocas de bens e serviços e numa assimetria na repartição dessas reservas, levando uma vez mais a pôr o problema da revisão dos sistemas monetário-cambiais internacionais.

De resto, a generalização dos movimentos de integração económica determinará uma reformulação extensa do quadro das relações internacionais, a que não serão alheios os aspectos monetários e financeiros da maior relevância, e obrigará, porventura, à instituição de novos mecanismos de liquidações multilaterais.

11. Esses movimentos de integração económica constituem, sem dúvida, outro dos problemas fundamentais da actual conjuntura. Visa-se à criação de «grandes espaços», dentro dos quais se verifique a liberalização dos movimentos de mercadorias, das prestações de serviços, dos capitai s e das pessoas, o que irá suscitar, em novos moldes, a questão clássica do equilíbrio internacional. Estes movimentos de integração desenvolvem-se a par da necessidade de acelerar o desenvolvimento económico e social dos países menos evoluídos, mas o objectivo da integração é de certo modo contrário ao movimento que se traduz pela proliferação de novos Estados, na sua generalidade sem condições mínimas de sobrevivência como agregados política e económicamente independentes. Chega-se assim à situação, de certo modo paradoxal, de se promover a criação de Estados para em seguida esses Estados, na senda das velhas nações europeias, terem de se encaminhar para uma integração político-económica constitutiva de um «grande espaço», onde a independência recem-adquirida se irá necessariamente diluir, porventura, nalguns casos, apenas sob outras égides. Parece, deste modo, que serão os problemas da liquidez internacional, das integrações económicas e do desenvolvimento dos países atrasados que dominarão a evolução dos próximos anos e hão-de condicionar a cooperação internacional e ser condicionados, por sua vez, pelo menos em princípio, pelo objectivo da liberalização do comércio internacional.

Todos estes problemas estão ainda sujeitos à influência da realidade política que é a existência no mundo de dois sistemas antagónicos, mesmo que à corrida aos armamentos se substitua a coexistência pacífica. Metrópole A conjuntura económica geral Passando à análise da evolução recente da economia metropolitana, nota-se, em primeiro lugar, seguindo o relatório do projecto de proposta de lei, que o produto interno bruto aumentou 7 por cento em 1961, em virtude dos acréscimos obtidos na indústria (quase 9 por cento) e nos serviços (mais de 7 por cento), tendo as actividades primárias apresentado uma variação positiva inferior a 3,5 por cento.

A par desta elevação da produção, registou-se um novo aumento, de quase 19 por cento, das importações de bens e serviços. Dado que as exportações, a preços constantes, se mantiveram praticamente estacionárias, foi a procura interna o principal factor da expansão verificada em 1961: acréscimos de 9 e 19 por cento, respectivamente, nas despesas de consumo dos particulares e do Estado, aumento de 10 por cento na formação bruta de capital fixo