Como se vê pelo quadro V, essa melhoria quase atingia os 5600 milhares de contos, correspondendo mais de 3200 milhares aos pagamentos em dólares e 2300 milhares à área do Acordo Monetário Europeu.

Para a referida melhoria terá concorrido, em parte bastante apreciável, a contracção do déficit comercial da metrópole. De facto, conforme se mostra no quadro VI, o saldo negativo do comércio com o estrangeiro apresentava, entre os períodos de Janeiro a Setembro de 1961 e 1962, uma contracção de 1664 milhares de contos, resultante de uma diminuição de 8,4 por cento nas importações e de um acréscimo de 14,2 por cento nas exportações.

Comércio da metrópole com o estrangeiro

Em milhares de contos

Segundo os valores das liquidações, a redução do saldo negativo das operações comerciais revela-se ainda mais sensível, o que significa uma variação positiva no que respeita a créditos comerciais e apports de capital en nature.

Deste modo, poderá estimar-se que o comércio externo da metrópole terá contribuído para a mencionada melhoria dos resultados finais da balança de pagamentos com um montante à volta dos 2200 milhares de contos.

Quanto ao comércio das províncias ultramarinas com o estrangeiro, os elementos disponíveis são ainda insuficientes, não permitindo formular, em termos quantitativos, qualquer estimativa. Em todo o caso, parece que as exportações têm vindo a crescer.

Outro factor, dos mais significativos, é o que respeita às operações de crédito externo realizadas pelo Governo, que conduziram a um acréscimo de entradas de divisas da ordem dos 1400 milhões de escudos. Também, por outro lado, nada leva a supor que tenha afrouxado o afluxo de capitais privados estrangeiros, em investimentos directos ou sob a forma de créditos. E tem de se registar ainda a diminuição das despesas do Estado no estrangeiro, a redução do déficit usual da rubrica de «Transportes» e também o aumento dos excedentes relativos ao «Turismo», às «Transferências privadas» e aos «Outros serviços e pagamentos de rendimentos».

Cabe destacar que, mesmo sem as mencionadas operações de crédito externo, a balança geral de pagamentos da zona do escudo apresentaria este ano um resultado muito mais favorável do que em 1961, facto tanto mais de ponderar quanto é certo que ele se concretizou num clima de elevado grau de liberalização de trocas e de abaixamento de tarifas aduaneiras. Pela importância de que se reveste, importa observar, com mais pormenor, a evolução do comércio externo metropolitano, actualizando a analise constante do relatório do projecto de proposta de lei e que se referia ao período de Janeiro a Agosto.

Comércio externo da metrópole, por zonas geográficas

Em milhares de contos

A diminuição de quase 960 milhares de contos nas importações do estrangeiro reflectiu-se principalmente nas importações da zona do Mercado Comum (mais de 440 milhares de contos) e nas de «Outros países» (quase 315 milhares de contos), enquanto as compras aos países da Associação do Comércio Livre não chegaram a baixar de 280 milhares de contos e as efectuadas nos Estados Unidos aumentaram de 75 milhares de contos.

Quanto à expansão das exportações para o estrangeiro, num total de mais de 700 milhares de contos, os principais acréscimos registaram-se nas relações com os Estados Unidos (mais de 270 milhares de contos) e com os países

do Mercado Comum (cerca de 220 milhares de contos), aumentando as exportações para os países da Associação Europeia do Comércio Livre apenas 51 milhares de contos.

Em consequência destas variações, o grupo do Mercado Comum ultrapassou o da Associação Europeia do Comércio Livre como comprador estrangeiro dos produtos metropolitanos, ao mesmo tempo que se mantinha como nosso maior fornecedor. Por outro lado, deve salientar-se que, entre os períodos de Janeiro a Setembro de 1961 e 1962, o coeficiente de cobertura do valor das importações pelo das exportações subiu de 49,3 para 62,7 por cento.