portugueses, os quais, não obstante as precárias condições de segurança ali existentes,...

O Sr. André Navarro: - Muito bem!

O Orador: -... se mantêm, numa impressionante afirmação de vitalidade e grandeza moral, nos seus postos e continuam a entregar-se ao labor produtivo e útil com 'a abnegação, a inteligência e o entusiasmo de sempre. Quer isto significar, em última análise, que se é possível n continuidade da civilização nessas regiões isso não se conseguirá sem o esforço português.

Tudo isto são factores que se impõem ao observador objectivo e de boa fé, e bastantes para destruir muitas, se não todas, as acusações, tendenciosas que nos suo dirigidas na O. N. U. e fora da O. N. U.

Sr. Presidente: cuido, por outro Indo, que da actuação dos nossos compatriotas estanciados em países estranhos algumas lições de fé patriótica e de esperança na perenidade da grandeza nacional podemos colher, nós os que hora a hora respiramos os ares pátrios e beneficiamos directamente da acção do regime político vigente.

Realmente, é, por exemplo, todo um acervo de ensinamentos de acrisolado patrioti smo que nos prodigalizaram aqueles portugueses que há pouco tempo, no Brasil, precisamente em S. Paulo, a portentosa capital da arrancada bandeirante - que nos diz tanto à mente e ao coração como aos próprios brasileiros -, fundaram o Movimento dos Portugueses.

Vozes: Muito bem, muito bem!

O Orador: - Pêlos motivos, princípios e intenções que o justificam, estruturam e impulsionam, o Movimento dos Portugueses é algo de novo nos anais das nossas associações em terra alheia.

Efectivamente, após breve referência ao carácter e fins das mais corporações portuguesas lá fora, reza assim a proclamação dirigida aos «bons portugueses de todo o Mundo» e assinada pelos dirigentes de todas as instituições lusas de S. Paulo:

Ultimamente, porém, a Nação Portuguesa vem sendo alvo dos ataques promovidos por forças internacionais que a supuseram uma presa fácil. Nasceu daí uma reacção, serena mas firme; chama-se Movimento dos Portugueses.

Assim, abandonando certa quietude habitual, os compatriotas isolados, os amigos e os grupos associativos não poderiam acocorar-se num comodismo inerte. Com efeito, espicaçados em seu brio e em sua honra, decidiram levantar-se para reagir, de acordo com as circunstâncias. Enquanto os nossos soldados se batem em África contra as hordas adventícias (reconhecidamente doutrinadas e municiadas além-fronteiras), os portugueses espalhados pelos cinco continentes sentem-se no dever indeclinável de dar o seu apoio incondicional à Mãe-Pátria, com a réplica das suas razões históricas.

O Movimento dos Portugueses, de S. Paulo, não é, pois, uma associação a mais.

E o agrupamento específico que estava faltando nesta conjuntura histórica.

Por isso, estamos conclamando todos (seja qual for a sua posição social, sejam quais forem as suas condições) a que se unam num bloco gigantesco, trazendo a sua adesão pessoal...

Não pode haver, como se vê, nem linguagem mais clara e veraz, nem melhor afirmação, de fé nos destinos pátrios, nem, ainda, mais firme determinação de lutar pela imortalidade da honra nacional.

O facto de milhares de compatriotas nossos - mais de 300 000 haviam já respondido a chamada por alturas de Março do ano em curso, conforme pude apurar - terem tomado posição a nosso lado, em tempo e meio pouco aliciantes, enche-nos de justo orgulho e, a um tempo, confunde aqueles que entre nós «sempre houve algumas vezes», bem como os seus amigos externos.

Além disso, temos aqui mais uma prova de como se enganam redondamente os que pretendem ser do Governo u actual política ultramarina, porque ela é antes da Nação inteira.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A «batalha da retaguarda» não pode ser vitoriosamente travada só pelos portugueses que vivem na metrópole. Necessita do concurso de todos quantos se dispersam pelo orbe. A esta luz, a significação do Movimento dos Portugueses, de S. Paulo, ganha outra relevância e dimensão.

Sr. Presidente: os portugueses do Brasil, apoiando sem tibiezas e subterfúgios a guerra que justamente sustentamos em várias frentes, cumprem um dever e honram uma tradição.

De facto, é dever que incumbe a todos os portugueses de lei. onde quer que residam, coadjuvar, sem desfalecimentos ou hesitações suspeitas, o Governo nos esforços, ordenados e contínuos, que envida no sentido da preservação do património herdado dos nossos maiores. E isto está conforme com a boa e pura tradição da comunidade portuguesa do Brasil.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Ocorre-me, com efeito, recordar que outra não foi a sua atitude quando, em fina da passada centúria e alvores desta, D. Carlos ï tomou a peito a salvaguarda do ultramar e a regeneração da vida política da Nação.

Sem embargo disso, é-me grato dirigir-lhes uma bem sentida palavra de saudação e reconhecimento por mais uma vez terem sabido corresponder as exigências do interesse nacional.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Que sejam muito felizes em tão nobres intentos são os votos que, neste momento e lugar, gostosamente formulo.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. José Manuel Pires: - Sr. Presidente: ao retomar os meus trabalhos nesta Câmara, como representante da província de Moçambique, quero reiterar a V. Ex.ª o meu sincero propósito da mais leal e dedicada colaboração.

Para V. Ex.ªs, Srs. Deputados, vão as minhas mais cordeais saudações.

Agudas são hoje, Srs. Deputados, as nossas ansiedades; prementes as ameaças que sobre nós pesam. Inimigos de dentro e de fora querem lançar aos ventos da desgraça e da mentira os tesouros que os nossos pais amealharam para nós, no suor das suas fadigas e na paixão da sua