O Orador:-A morte de Sidónio Pais trouxe de novo à superfície toda a gama de baixos interesses e individualismo que até 5 de Dezembro tinham comandado a vida da Nação e que logo conseguiram desarticular a unidade nacional que se estava a formar e em vias de consolidação.

Aqui nesta Casa logo o sentimos com tristeza os que nela exercíamos o mandato da Nação Novo período cie perturbação e lutas políticas dominou e desprestigiou o País, que culminou nesse trágico 19 de Outubro.

Mas não morrera com Sidónio a ideia generosa e patriótica que o fizera surgir na vida política da Nação.

Essa ideia triunfava e refloria em 28 de Maio de 1926 e veio a encontrar novo realizador num outro professor da Universidade de Coimbra, o Sr. Presidente, do Conselho, que pelo seu talento, vontade forte fidelidade indestrutível- trouxe ao País o momento alto de renovação e restauração que temos vivido, a despeito de todas as conturbações em que o Mundo tem vivido e que profundas incidências têm tido. na vida de todos as nações.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Prestemos aqui, no seio da Representação Nacional, a comovida homenagem que é devida a memória de Sidónio Pais e a todos quantos com ele colaboraram e se mantiveram fiéis aos princípios que ele representava.

Tenho dito.

Vozes: -Muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra pura um requerimento o Sr. Deputado Sales Loureiro.

O Sr. Sales Loureiro: - Sr. Presidente: pedi a palavra para enviar para a Mesa o seguintes

Requerimento

«Ao abrigo das disposições regimentais venho mais uma vez, junto de V. Ex.º, solicitar que pelo Ministério da Educação Nacional me sejam fornecidos os elementos pedidos no dia 23 de Março da sessão legislativa anterior, elementos que reputo da maior urgência, pela flagrante actualidade do problema que se procura versar.»

O Sr. Presidente: - Peço a V. Ex.ª o favor de enviar o requerimento para a Mesa.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: -Continua em discussão na generalidade a proposta de lei relativa & autorização das receitas e despesas para 1968.

Tem a palavra o Sr. Deputado Águedo de Oliveira.

O Sr. Águedo de Oliveira: - Sr. Presidente: o curso dos tempos e o seu desgaste, a evolução institucional, o triunfo de algumas ideias forças tornam o acesso a esta tribuna talvez menos íntimo, mas não direi menos passional - em qualquer caso, sempre significativo.

se perdem ilusões como castelos, se apagam fumos que não sobem, se jogam os destinos colectivos, mas se, por vezes, se tropeça nos degraus dos novos Rostros nem por isso a queixa, a reclamação, o argumento cacm da sua força de convencimento e da sua significação político-social.

Lembro-me com saudade., como se fora crónica de outras épocas, da Câmara do levantamento nacional, entregue ao seu esforço de vencer o atraso, construir para as gerações e realizar obra renovadora.

Lembro-me dos teoremas inabaláveis do Prof. José Alberto, do optimismo rebrilhante de Carneiro Pacheco, das intervenções primorosas de Manuel Fratel, das violentas propugnações de Dinis de Fonseca, do esfuziante Carlos Borges, de Pinheiro Torres, 'Botelho Moniz, Múrias, Antunes, etc, e tantos outros diluídos na névoa das recordações.

Passara por aqui a Câmara romântica que, com a dignidade do cidadão e fraternidade dos homens e dos partidos, pretendera reconstruir o velho Portugal.

José Estêvão, Garrett, Arroio, António Cândido, levaram a tribuna aos esplendores das alturas e quiseram vivificar o sistema pelo predomínio sobre o Governo e uma expressão alternada de conservantismo e progressismo, numa monarquia mais que liberal.

Veio depois a Câmara com o ideal pespegado da democracia popular e directa, pautada na Suíça dos cantões e na contemporização das então chamadas forças vivas.

Resultou daí para as nossas circunstâncias e erros uma demofilia agitada e truculenta, onde sobrenadava a eloquência de Alexandre Braga, de António José e de outros.

Em qualquer destas Câmaras, como dizia Rui Barbosa, o candidato eleito fica com a vontade cativada pela gratidão e sem o arbítrio da resistência aos desejos dos seus eleitores. Fica preso aos conceitos do país indistinto.

Mas fica preso como uma parcela. E por isso Clemenceau, no seu Demóstenes, podia afirmar que foi o poder da coesão nacional que tornou triunfante a Grécia.

Também a França ... e também Portugal!

Sempre as propostas de finanças, sobretudo no tocante a impostos, foram objecto de debates políticos e mereceram aprovações ou desaprovações. Nunca o contribuinte. pagou da mesma forma o que foi aqui autorizado e o que o não foi, tamanho o poder de convicção e a legitimidade que começa nesta tribuna.

O grande José Estêvão dizia uma vez para os seus contrários: votarei os impostos que forem precisos para obras publicas».