Estes números harmonizam-se com a fraca percentagem da população industrial na população activa. De resto, se é a indústria que acelera o crescimento das riquezas, poderemos encontrar na sua falta a causa mais decisiva da relativa estagnação que se manifesta na vida económica de boa parte das regiões dos três distritos. Uma ou outra indústria de maior relevo, aqui ou além, apenas confirma, pelo contraste, a regra. Estas unidades parecem-nos ainda insuficientes para caracterizar grandes centros polarizadores.

E quanto à electricidade?

'Com excepção dos aproveitamentos do Alva e de Santa Luzia, este no concelho de Pampilhosa da Serra, não existem centros produtores de relevo nos três distritos.

Mas é precisamente nas reconhecidas potencialidades hidroeléctricas do Mondego que se deve alicerçar o principal factor de arranque para o desenvolvimento de toda a região.

Os seguintes números são ilustrativos quanto a comparação entre o total dos aproveitamentos hidroeléctricos do Pais (serviço público e serviço particular) e as actuais realidades do Mondego (1960):

Aproveitamentos hidroeléctricos (centrais) de potência igual ou superior a 500 cv em exploração em 1960

Sr. Presidente: já se tem relacionado, no nosso país, a relevância da capital do distrito - centro de região - com a rede das estradas. Este teria sido mesmo um propósito dos homens do século passado, que nalguns casos, é certo, se limitaram a modernizar o traçado das milenárias vias romanas.

O sucesso da autarquia distrital sobre a provincial encontraria, ainda aqui, segundo alguns administrativistas, uma fundada razão.

Coimbra e um caso típico. Pela capital do Mondego passa a estrada de Lisboa ao Porto, recordando a via de Olíssipo a Calém, que se apoiava em Emínio. Da cidade partem a estrada da Beira, que também tinha correspondência nas vias romanas, e a estrada para a Figueira.

Estes quatro percursos conhecem bifurcações que estendendo-se em novos troços permitem, por exemplo, atingir outros centros importantes das Beiras: Viseu (com o trajecto pela serra do Buçaco a Mortágua, .Santa Comba e Tondela e uma outra variante por Penacova e Raiva até à Foz do Dão) e Castelo Branco (pela cordilheira central, com escala em Pampilhosa da Serra) são dois casos típicos.

A malha das estradas aperta-se nas regiões do litoral, onde a densidade é maior e a circulação mais fácil, e alarga-se muito nas zonas montanhosas da Estrela, do Açor e da Lousa.

Num trabalho apresentado ao II Congresso- dos Economistas (Faria Lapa e Tomais Valente, Industrialização e Transportei no Continente Português) fez-se uma avaliação minuciosa das comunicações rodoviárias. É com base neste trabalho que me permito referir alguns elementos:

A extensão das rodovias no continente seria em 1955 de 29 707 km, pertencendo 2123 km ao distrito de Coimbra, 1746 km ao distrito da Guarda e 2028 km ao distrito de Viseu.

Deste modo, Coimbra tinha 7,1 por cento da extensão das estradas do continente, a Guarda 5,9 por cento e Viseu 6,8 por cento. Se aproximarmos estas percentagens das que as áreas dos distritos têm relativamente a área do continente, concluiremos que o da Guarda é o menos favorecido.

Tal situação confirma-se ao analisar a densidade rodoviária (metro por quilómetro quadrado). Enquanto a densidade média no continente era de 335,1, atingia no distrito de Coimbra 536,7, no distrito de Viseu 404,1, mas já baixava no distrito da Guarda para 317,7.

Já não foi do mesmo modo feliz a cidade de Coimbra, quanto às comunicações ferroviárias.

A linha do Norte passou ao lodo de Coimbra e só na Pampilhosa do Botão se realiza o seu entroncamento com a da Beira Alta. A solução da Beira Alta, em tempos reconhecida como prejudicial para a defesa militar, dada a linha de invasão que é o vale do Mondego, limita-se a servir da Pampilhosa à Figueira a região pobre da Gândara. (Cf. Abel Urbano, Coimbra e as Vias de Comunicação da Bacia do Mondego na Defesa do País). Refira-se ainda a duplicidade de estacões em Coimbra e o indesejável prolongamento através da cidade do caminho de ferro que se dirige a Serpins.

A extensão das linhas férreas e das vias era no continente, segundo o estudo mencionado do Prof. Faria Lapa, respectivamente, de 3597,3 km e 4615 km. Destes pertenciam a Coimbra 184,2 km de' linha e 271,3 km de vias,