E, seja pobre ou seja rica, não é legítimo que se esteja há meia dúzia de anos, pelo menos, a desperdiçar ingloriamente cerca de 100 000 contos por ano de divisas em pura perda a favor do estrangeiro.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Parece-nos que é preciso, que é indispensável mesmo, disciplinar, moralizar, normalizar este largo sector da vida da Nação, por forma a que se possa manter com normalidade o benefício geral à sua regular actividade em qualquer dos aspectos focados para o problema, tanto para os proprietários dos. pinhais como para os industriais ou para os exportadores. Vai nisso o interesse directo de centenas de milhares de portugueses mais ou menos directamente ligados às indústrias ou comércio que tem o pinheiro como fonte de matéria-prima e o interesse mais geral da própria Nação.

Há que resolver problemas e que coordenar esforços, mas não é tarefa impraticável nem nós parece mesmo que seja tão difícil que não possa ter, se se quiser e rapidamente, um princípio de solução que conduza em breve tempo à solução definitiva e final do problema que desejamos.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Lopes Roseira: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: na intervenção que- realizei no passado dia 11 de Dezembro, referente à política de integração do ultramar português, muito francamente afirmei o seguinte:

Mas se alguém estiver crente na viabilidade de outra solução de interesse nacional, nós, os defensores da integração, aceitaremos o diálogo, o debate comparativo, e, de bom grado, desistiremos perante a demonstrada superioridade.

Não foi vã a minha exortação. Acudiu a ela o Sr. Deputado Marques Lobato, que nos deu ontem a conhecer o seu pensamento e o seu juízo crítico da integração. Confesso que sobremaneira me agradou a sua vinda ao debate. E faltaria a verdade, e ao cumprimento de elementar dever se, neste momento, não lhe manifestasse os meus melhores agradecimento por ter tomado em tão boa conta o convite que então fiz. É que o Sr. Deputado Marques Lobato não é, com eu, uma pessoa vulgar. Ex.ª, além de ser um distinto funcionário superior do Ministério do Ultramar, é um proficiente investigador de assuntos da nossa história ultramarina, que conhece como poucos e muito fazem realçar a sua cultura. E veio a esta Assembleia, que é um lugar próprio por excelência, dada a sua natureza de órgão político e a alta qualidade das pessoas que a compõem, para assunto de tal magnitude e candèneia ser debatido.

Como arauto, aqui, da integração, apreciei o gesto de S. Ex.ª; mas já não posso exprimir-me de igual modo quanto ao modo e termos de que se serviu para traduzir as suas ideias e disposição de espírito em relação a terceiros.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E sinto-me na obrigação, por óbvias razões, de nos deixar passar em julgado e sem que lamente profunda e sinceramente a maneira deselegante como se referiu ao "Deputado Lopes Roseira e seu conjunto".

Mas eu não quero referir-me ao "Sr. Deputado Marque Lobato e seu maestro". Sinto um alto respeito por esta Casa para não me deixar acorrentar ao processo usado pó S. Ex.ª, e também porque compreendo claramente que se aqui dentro não nos dignificarmos, o País não no acredita, não nos toma a sério.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Pressinto que, desde o Minho a Timor todos os portugueses estão com os olhos e ouvidos postos nesta Assembleia, para perscrutarem e tomarem consciência do que aqui se pensa e diz em tão angustioso transi da vida da Nação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E nem já quero referir-me à curiosidade dos estranhos, pois nunca perdi a consciência da nossa força e da força da nossa tão mal compreendida verdade

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E passo adiante. Passo por cima de tal deselegâncias que, não aproveitando à defesa ou conde nação de uma ideia, também de nenhum modo inculcar consideração. E, se bem que procure de igual modo cor responder, por natural formação e pendor, as atenções e deferências que me são dispensadas, não foi poupado a surpresa dos termos da estranha intervenção que este analisando.

Não supunha - e daí a minha surpresa - que fosse necessário, para desfazer ideias, investir contra as pessoas.

O Sr. Deputado Marques Lobato fez-me lembrar aquele terrorista que, saindo inesperadamente da mata onde estava emboscado, saltou à berma da estrada o dispara o seu canhangulo contra o transeunte incauto. Mas não andava incauto. Sempre esperei tiros de canhangulo visto que contra a integração ninguém que seja portas de armas finas dispara.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A versão integral e correcta do discurso do Sr. Deputado Marques Lobato ainda não é conheci Por outro lodo, S. Ex.ª, para melhor poder despoja saco, não consentiu ser interrompido. Por isso, não ai darei a parte séria da intervenção de S. Ex.ª, reservar me para fazê-lo noutra oportunidade, depois de a lido e estudado convenientemente.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mas pela simples cativa, a que dedico a melhor atenção, ficou-me a impressão de que a gração do Sr. Deputado Marques Lobato a que ele "integração velha", para distingui-la da que defende a que S. Ex.ª chama "integração nova"- é uma gração que apenas funciona de uma bonda só.

Vozes: - Muito bem, muito bem!