Na verdade, o crescimento e harmónico desenvolvimento do País não se compadecem com n continuação desta mancha escura de economias mal dimensionadas que se observa na vasta região agora considerada.

Muito mal se compreende que nos grandes planos de fomento já editados se tenham totalmente obliterado as fontes de riqueza que o Mondego pode propiciar.

Quase abandonado aos seus caprichos naturais e às distorções de eventuais interesses e de uni ou nutro planeamento desligado de uma única direcção, o Mondego tornou-se em rio injuriador da vasta região dos seus campos a jusante de Coimbra e da sua foz, sem haver disseminado a riqueza de que é capaz ao longo do seu curso e do curso dos seus vassalos.

E chegada a hora de se fazer o seu aproveitamento.

Tomei conhecimento, e li com todo o interesse, o estudo feito pela Companhia Eléctrica das Beiras nesse sentido.

A falta de conhecimentos técnicos não me permite tomar posição sobre os momentosos problemas tratados nesse estudo e as soluções apresentadas.

Mas, a despeito da minha atitude de espectador, não quero deixar de louvar o interesse e o cuidado desses trabalhos, que representa uma atitude séria e um grande passo dado no caminho da valorização de toda a bacia hidrográfica considerada.

Desvendam-se nesses estudos as grandes possibilidades da produção e disseminação da energia eléctrica hídrica e, relacionada com ela, os grandes abastecimentos de agua que seria possível estabelecer.

Estão assim lançados os primeiros programas, e com eles as certezas da viabilidade de um vasto planeamento que interessa profundamente não só à região central do País como toda a sua economia.

À grandiosidade desse planeamento, por tantas e tão importantes serem as suas inumeráveis implicações políticas, económicas e sociais, obriga 'a que dele se façam os conscienciosos estudos técnicos que o definam perfeitamente na escala do mais alto interesse nacional.

É que há toda uma grande porção do território nacional a valorizar, através do integral aproveitamento dos seus vastos recursos.

Isto obriga a que os planeamentos para o conseguir sejam concebidos não no interesse de alguns, mas segundo os direitos de todos.

Tais planeamentos têm de ser, assim, naturalmente realistas e eficientes e profundamente compreensivos.

Os técnicos competentes, depois do parecer abalizado do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, dirão quais os melhores, qualitativa e quantitativamente, para os interesses da Nação.

Então haverá que proceder a sua aprovação e começar a sua execução, para que o seu coroamento natural, que e o porto da Figueira da Foz - essa realidade magnifica cuja importância cada vez mais se acentua -, seja o grande porto do Centro do País, como é de seu direito, para oferecer ao Mondego, que ali chegará depois de haver deixado a grande esteira de progresso e bem-estar económico-social de que é capaz, a glória de morrer no oceano com às altas dignidades do maior rio português.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.

Amanhã haverá sessão, sendo a primeira parte da ordem do dia a votação sobre o pedido de renúncia do Sr. Deputado Gonçalves Rodrigues e a segunda parte a continuação do debate sobre o aviso prévio do Sr. Deputado Nunes Barata.

Está encerrada a sessão.

Eram 19 horas e 40 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Agostinho Gabriel de Jesus Cardoso.

André Francisco Navarro.

António Burity da Silva.

António de Castro e Brito Meneses Soares.

Armando Cândido de Medeiros.

Armando José Perdigão.

Carlos Coelho.

D. Custódia Lopes.

Francisco de Sales de Mascarenhas Loureiro.

Henrique dos Santos Tenreiro.

João Mendes da Costa Amaral.

Joaquim de Jesus Santos.

José Dias de Araújo Correia.

José Guilherme de Melo e Castro.

José de Mira Nunes Mexia.

Júlio Alberto da Costa Evangelista.

D. Maria Margarida Craveiro Lopes dos Reis.

Olívio da Costa Carvalho.

Rui de Moura Ramos.

Simeão Pinto de Mesquita Carvalho Magalhães.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Agnelo Orneias do Rego.

Agostinho Gonçalves Gomes.

Alberto Carlos de Figueiredo Franco Falcão.

Alberto Henriques de Araújo.

Alberto Pacheco Jorge.

Albino Soares Pinto dos Reis Júnior.

António Augusto Gonçalves Rodrigues.

António Tomás Prisónio Furtado.

Augusto César Cerqueira Gomes.

Belchior Cardoso da Costa.

Jorge Manuel Vítor Moita.

José dos Santos Bessa.

Manuel Colares Pereira.

Manuel Homem Albuquerque Ferreira.

Manuel João Correia.

Manuel de Melo Adrião.

Purxotoma Ramanata Quenin.

Urgel Abílio Horta.

Voicunta Srinivassa Sinai Dempó.