realmente na vida de todos os dias cada um se há-de situar no seu lugar!

E outra ilação não podemos tirar, aliás conciliatória, de uma notícia inserida no Boletim da Ordem dos Engenheiros que diz textualmente o seguinte:

O caso dos diplomados pelas escolas médias de . Engenharia. Numa das últimas reuniões do conselho geral foi tomado conhecimento de uma carta publicada no Diário da Manhã com o título "O caso dos diplomados pelas escolas médias de Engenharia". Depois de longa troca de impressões sobre tão momentoso problema, ficou assente dever contribuir a Ordem, no que lhe possa ser possível, para o estudo da solução de alguns dos pontos focados, entre outras o que diz respeito & designação de agente técnico de engenharia, que poderá vir a ser substituída por outra mais expressiva e correcta.

Baseiam-se as nossas considerações no estudo atento de várias teses, treze exposições do Sindicato Nacional dos Engenheiros Auxiliares, Agentes Técnicos de Engenharia e Condutores feitas a altas entidades de governação no espaço que decorre de 9 de Outubro de 1944 a 3 de Agosto de 1962 (quase vinte anos!) e ainda no contacto directo com algumas figuras destacadas da nossa engenharia.

Pudemos verificar pela clareza e insistência dos argumentos, alguns deles aliciantes, a necessidade de uma revisão do problema, quer nas suas incidências materiais, quer ainda do ponto de vista da ordenação na escala de valores da sociedade, faceta tão humana e, vamos lá, tão característica do temperamento da nossa gente e à qual teremos consequentemente de atribuir real valor ao equacionar-se a questão.

Não podemos deixar de lamentar, porém, que se deixem arrastar os problemas tanto tempo sem solução!

Se dominamos os assuntos, se temos deles completo conhecimento, se reconhecemos a necessidade de os resolver, porque não agimos?

Porque não os solucionamos com oportunidade, dando a uns satisfação e a todos a noção de que tudo é objecto de estudo ponderado a tempo e horas?

Lemos e ouvimos por toda a parte, e não é portanto segredo para ninguém, que a Mocidade Portuguesa não deu os frutos que esperávamos, mas todos havemos de constatar que só depois de mais exemplos se há-de à pressa procurar nova estruturação!

Todos sabemos que cada vez se matriculam menos alunos na Faculdade de Medicina (e com as perspectivas actuais nem sabemos como ainda se matriculam alguns!), todos sabemos, e naturalmente por razões que não serão de todo dissemelhantes, que não há técnicos médios de engenharia que cheguem, pois, apesar do conhecimento exacto, persiste-se em manter as condições que levam a estas carências!

Sabemos todos que o turismo é uma fonte de divisas de incalculável valor, temos noções exactas e bem assentes da matéria, mas- vamos ver quanto tempo levaremos a pôr em prática aquilo que já deveríamos ter feito!

Recusamo-nos, por imperativos de consciência e dever de patriotas, a ficar com aqueles que fingem desconhecer ou procuram desvirtuar o mandato que o 28 de Maio confiou à geração presente.

Eis porque, se não negamos aplausos e apoio, e antes os manifestamos abertamente, quando justos, não deixaremos perder a oportunidade de fazer crítica construtiva.

Somos assim mesmo na nossa vida particular, como na oficial i e não costumamos deixar para amanhã o que podemos ou devemos fazer hoje; daí este nosso permanente desejo de tudo resolver e de tudo actualizar, desejo que não briga nem com a gratidão que devemos pela obra realizada, nem com o caminho portuguesíssimo do nosso ideário.

Governar é, em certa medida, prever e antecipar as soluções, e nós bem poderíamos, pelo conhecimento perfeito que delas temos, executá-las com maior proveito político e melhores resultados práticos se nos demorássemos menos tempo nos estudos, se desburocratizássemos mais a Administração, se, numa palavra, nos não prendêssemos com tantas vénias onde deve haver apenas respeitosa rapidez e acção!

Queixa-se a indústria da falta de pessoal técnico qualificado, e em especial daqueles técnicos com preparação suficiente para a condução de pessoal, interpretação e análise dos projectos no momento em que estes vão dar lugar a obra viva e palpável. Não vale a pena enumerar quem e quais as entidades que em congressos, colóquios, relatórios, etc., o têm afirmado. Importa, isso sim, dizer que o Governo tem. desse facto plena consciência. Provam-no as últimas medidas tomadas pelo Ministério das Corporações e Previdência Social quanto à formação profissional acelerada dê operários e a instituição, pelo Ministério do Ultramar, de estágios pagos nas províncias ultramarinas de África aos alunos acabados de sair das escolas técnicas superiores e dos institutos industriais.

Quanto a estes, isto é, aos diplomados pelos institutos industriais, a sua reduzida produção anual justifica minucioso estudo e medidas rápidas, tanto mais que nos países fortemente industrializados o fenómeno se passa de maneira diametralmente oposta. Vejamos o mapa inserto no relatório da Conferência sobre a Formação Técnica e a Indústria, realizada, em Baden-Baden, de 11 a 13 de Abril de 1961, pela Organização Europeia de Coordenação Económica:

e seguidamente reflectir que, nos últimos anos, em Portugal a produção de técnicos pelas escolas médias de Engenharia (institutos industriais) e as escolas de nível universitário se tem feito inversamente, conforme poderemos constatar do quadro seguinte: