horas de exaltação e de fé nos destinos da Pátria - a expressão do mais profundo respeito e o preito da mais rendida gratidão do povo de S. Miguel.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Finalmente, desejo agradecer a S. Ex.ª o Sr. Ministro das Comunicações todas as diligências que sempre fez, através dos anos, para que o aeródromo de S. Miguel fosse um facto e todos os bons propósitos em que se encontra para que as comunicações aéreas dos Açores sejam, dentro em breve, tão amplas e perfeitas, quanto amplas e perfeitas são na actualidade as comunicações telefónicas e telegráficas saídas da sua acção.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. António Santos da Cunha: - Sr. Presidente: não resisto à tentação - a gratíssima tentação!- de dizer aqui algumas breves mas sentidas palavras a propósito da visita que o antigo Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira vai agora fazer às cidades de Guimarães e de Braga.

Sei bem que as autoridades e as populações locais, vincando de modo expressivo os seus sentimentos de admiração e de reconhecimento, hão-de tributar ao grande amigo de Portugal a carinhosa, a vibrante, recepção que ele merece; mas entendo que devo sublinhar nesta tribuna, sem dúvida a mais alta e representativa da Nação, o significado tão oportuno dessa honrosíssima visita.

A figura de Kubitschek de Oliveira, que está já definitivamente ligada à história do Brasil moderno, graças a essa extraordinária realização de Brasília, a nova e pujante capital do leader da América do Sul, entrou há muito no nosso coração, e dele nunca sairá.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Apaixonado da comunidade luso-brasileira, não só pelo imperativo da sua lúcida inteligência, mas também pela voz ancestral do seu sangue e da sua alma, obreiro e signatário do Tratado de Amizade e Consulta, que infelizmente, não tem tido, no terreno prático, a aplicação por todos esperada, ele é um dos mais brilhantes, operosos e prestigiosos vultos da política brasileira.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para nós, portugueses, o Dr. Juscelino, como singelamente gostaríamos de o tratar, é, acima de tudo, hoje como ontem, e como amanhã, um dedicadíssimo, um lealíssimo, amigo e servidor de Portugal nas horas boas e nas horas más, que é quando se mede a extensão e a profundidade das amizades.

O Sr. Elísio Pimenta: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Com todo o gosto.

O Sr. Elísio Pimenta: - Não sei se V. Ex.ª, na sequência das suas considerações, se irá referir a um facto que merece ser posto em relevo para bem se Avaliar o amor do antigo Presidente Juscelino à nossa pátria. Julgo que ninguém esquece que há anos, suponho que três, quando o Ministro Conselheiro Donatello Grieco, actualmente na Embaixada de Lisboa, fez na O. N. U. um notável discurso em defesa de Portugal, dos direitos de Portugal no ultramar, perante o ataque dos comunistas e dos afro-asiáticos, u posição amiga do irmão Brasil foi directamente recomendada e inspirada pelo Presidente.

Eu próprio tive ocasião de lho ouvir dizer quando, em nome da cidade do Porto, o visitei e saudei no Palácio da Alvorada, nessa portentosa Brasília, obra do maior brasileiro dos nossos tempos, orgulho dos portugueses, a quem ele tanto quer. Se essa nota não estava inserta na intervenção de V. Ex.ª, ela aí fica registada.

A Juscelino Kubitschek devemos, sobretudo, essa lúcida e extraordinária compreensão do direito de Portugal, feroz e fortemente atacado pela primeira vez, atitude que coerentemente a sua inteligência e o seu amor à justiça o forçaram a manter até hoje.

O Orador: - Muito obrigado a V. Ex.ª.

Quando a União Indiana invadiu o Estado Português da índia, calcando aos pés, com a perfídia e a cobardia que o Mundo já condenou, os mais elementares direitos jurídicos e espirituais, em nome da mais absurda e monstruosa ambição territorial, o Dr. Juscelino foi dos que, na sua pátria, mais veementemente se insurgiu contra essa iníqua usurpação. E vimo-lo presente, como se fosse um simples português, na grande manifestação de protesto e de repúdio organizada então no Rio de Janeiro pelas associações portuguesas radicadas na grande nação irmã.

Em toda a sua fulgurante carreira jamais desmentiu o seu amor pela nossa terra; e quando exerceu, com superior dignidade, a mais elevada magistratura do seu glorioso país bem podia repetir as memoráveis palavras que um antecessor proferira em 1934 ao visitar o Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro:

Entendo que se não pode ser Chefe de Estado no Brasil sem ser um grande amigo de Portugal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mantendo-se fiel a esta nobre directriz, ele desenvolveu sempre os maiores esforços para estabelecer e aprofundar uma verdadeira fraternidade entre os dois povos, baseada em mil laços de nascimento, de idioma, de tradições seculares e de interesses morais e materiais, que nenhuma aberração, nenhum capricho, dos homens ou das circunstâncias ou das instituições lograrão jamais destruir.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - De nada valerá, efectivamente, a comunidade luso-brasileira se ela não transpuser com firmeza o texto dos tratados e dos instrumentos diplomáticos e a oratória inflamada dos discursos, por mais eloquentes. Do que ela carece, substancialmente, é de afecto, é de comunhão, é de consciência, é, em suma, de coração - e esse tem-no demonstrado sempre o Dr. Juscelino nas suas acções de homem público e na própria conduta da sua vida privada.

Por isso, neste momento, desejo saudá-lo comovidamente em legítima representação das gentes do meu distrito e ainda em nome daqueles milhares e milhares