Procuramos ter V. Ex.ª sempre a par dos nossos propósitos. E a esperança que depositamos na superior orientação e na ajuda de V. Ex.ª mais uma vez não foi iludida.

Bem haja, pois, Sr. Presidente.

Manifestamo-nos igualmente reconhecidos ao Sr. Deputado Soares da Fonseca, ilustre Icador.

Também perante ele nos esforçamos por ter atitudes claras e de S. Ex.ª recebemos conselho e compreensão que nos apraz aqui destacar.

Sr. Presidente: esta defesa do aproveitamento do Mondego insere-se, como foi salientado, em velhas aspirações e propósitos.

O volume das intervenções agora realizadas e o alto nível dos discursos, desde que o meu ilustre colega Santos B essa requereu a generalização do debate, revelaram uma maior consciência na urgência em encarar o problema, convicção essa bem fundada no valor dos argumentos aduzidos pelos ilustres oradores.

Para todos estes colegas vai o meu agradecimento pela sua colaboração too valiosa e pelas palavras generosas que pessoalmente me dirigiram. Quanto a mim, procurei, com isenção e esforço, servir a verdade e aquilo que penso serem as necessidades de boa parte do País. Se o não consegui, repito o que afirmei na primeira hora: restou-me sempre a boa vontade e o espírito de servir. Que estas disposições me absolvam perante a Câmara e as populações do vale do Mondego.

Poucas vezes um debate, embora generalizado, terá tido tão grande unanimidade de opiniões.

Esta circunstância alegra-nos e poupa-me, neste remate, a considerações extensas ou ao penoso trabalho de refutar posições contrárias.

Pois que dissemos nós?

Afirmámos, e creio termos provado, além do mais, o seguinte:

Que se impõe acelerar o desenvolvimento económico do País;

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que tal desenvolvimento se harmoniza com o planeamento regional;

Que entre os esquemas de planeamento o aproveitamento das potencialidades económicas da bacia hidrográfica do Mondego se oferece ao País como realidade imediata, que importa com urgência encarar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E todos os ilustres Deputados que intervieram no debate poderão, segundo creio, fundar estas afirmações nos aspectos parcelares do problema. Estarão, era suma, de acordo e suponho que a Câmara ficou esclarecida quanto à importância dos seguintes pontos:

O alto valor energético do Mondego e a necessidade que há de encarar os esquemas de aproveitamento segundo o critério de improdutividade, tendo ainda em conta que a economia nas obras de rega dependerá em parte da electricidade;

A urgência das tarefas de repovoamento florestal e combate a erosão, não só pelo valor económico dos empreendimentos em si, como para evitar as consequências que esta erosão tem trazido secularmente a bacia do Mondego;

À necessidade de encarar a rega e o enxugo dos campos em coordenação com a valorização agrícola das regiões e com mínimos encargos para a lavoura;

À intensificação da política de melhoramentos locais na bacia hidrográfica, quer directamente, como no 'caso do abastecimento de águas e da electrificação, quer indirectamente, através dos benefícios da execução do esquema e do efeito multiplicador dos investimentos realizados;

O fomento do turismo, quer em resultado de uma acção directa do planeamento, valorização e execução, quer pelo aproveitamento das infra-estruturas que servirão o desenvolvimento du bacia hidrográfica j

A criação de um grande porto na Figueira dá Foz, que sirva vasto hinteland e seja afinal coroamento e complemento de toda a região;

Finalmente, toda uma melhoria regional fundada na industrialização, no revigoramento dos centros terciarios, na valorização dos sistemas de comunicações ou, até, na criação de uma toalha líquida permanente, no leito do rio, junto da cidade de Coimbra.

As minhas últimas palavras vão ainda para o Governo. E elas são de confiança.

Tomamos a liberdade de submeter a apreciação da Câmara uma moção.

Se merecer a aprovação, cremos que o Governo a atenderá com aquele, espírito de servir o País que ninguém de boa fé lhe contesta.

E daqui a anos, os que vierem depois de nós enaltecerão igualmente desta tribuna uma obra que constituirá motivo de orgulho de uma geração.

Domado o Mondego, enriquecidas as suas populações, todos poderão exclamar:

Dêmos graças a Deus porque o homem mais uma vez triunfou da natureza!

E, nestas condições, Sr. Presidente, que tenho a honra de enviar para a Mesa a seguinte

Moção

A Assembleia Nacional, tendo em atenção o debate suscitado pelo aviso prévio sobre a bacia hidrográfica do Mondego e considerando:

1.º A urgência de acelerar o desenvolvimento económico do País;

2.º A necessidade de tal desenvolvimento prosseguir de harmonia com o planeamento regional; e

3.º O facto de o aproveitamento integral do Mondego se mostrar elemento de alto valor nas tarefas de planeamento:

Exprime o desejo de que o Governo providencie de modo que este aproveitamento, incluindo a maior valorização do porto da Figueira da Foz, se inicie desde já e seja amplamente considerado no III Plano de Fomento.

Tenho dito.

Vozes:- Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Acabada de ler a moção, dispenso-me de a fazer ler novamente. A moção é apresentada,