O Orador: - Estabeleça-se mais íntima colaboração entre a Administração e a política e maior contacto entre a política e o povo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A Nação não pode ser formada por compartimentos estanques, mas por intercâmbio de ideias, sentimentos e interesses.

E então todos unidos, orgulhosos da grandeza intangível do nosso património histórico, continuaremos esta arrancada que, iniciando-se em 28 de Maio de 1926, só poderá ter fim quando, por cima do fumo e do sangue que o tempo nos deixar, mostrarmos às outras nações Portugal florido de mil louçanias e reluzente ao sol da glória.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Pinheiro da Silva: - Sr. Presidente: depois de ter ouvido as palavras brilhantes de fé patriótica e de esperança na civilização ocidental que o Sr. Deputado Pinto Carneiro acaba de proferir, penso que faria bem em alterar a minha ordem de inscrição. Com efeito, é um verdadeiro suplício de Tântalo ver-se alguém tomar t\ palavra após ter ouvido o Sr. Deputado Pinto Carneiro. Todavia, não deixarei de respeitar a ordem de inscrição e fazer as considerações que me tinha proposto, ainda animado do sopro de patriotismo que o Sr. Deputado Pinto Carneiro teve o condão de inocular-me, se assim me posso exprimir ...

Sr. Presidente: os acontecimentos que ultimamente tiveram como teatro a Universidade Portuguesa, com reflexos mais ou menos profundos nos próprios liceus do País, assim perturbando directamente a vida de vastas camadas da população nacional, vieram denunciar com clareza deficiências graves da estrutura do ensino e da formação integral da nossa juventude.

Uma delas, pelo seu carácter, creio dever merecer a esta Assembleia cuidado especial. Tendo em mente o valor e extensão que se têm dado à cultura política da juventude, cuido que, neste aspecto, desamparamos perigosamente as gerações que temos o dever e a obrigação de preparar o melhor possível para as pesadas responsabilidades da vida de amanhã.

Em boa verdade, o desnorteamento, a insegurança, a ausência de combatividade, etc., que durante aqueles acontecimentos se notaram na maioria dos jovens, bem que enquadrados ou saídos de certas instituições oficiais que, pela sua natureza, deviam ser centros de doutrinação e esclarecimento políticos, não devem atribuir-se tanto a inexperiência das pugnas político-sociais ou ideológicas, como à impreparação política a que temos vindo a votai-os nossos rapazes e raparigas.

E, dado que é sobre os novos que, inteligentemente, os comunistas e criptocomunistas incidem os seus melhores esforços de captação e subversão, o facto é de molde a causar-nos sérias apreensões.

Isto induz-me a preconizar a reorganização do ensino, o que, de resto, está na mente e no coração de todos, e a revisão das directivas e métodos de trabalho da Mocidade Portuguesa e Mocidade Portuguesa Feminina, de forma que correspondam melhor ao condicionalismo político-social do tempo presente e aos fins a que se destinam ou deviam destinar-se.

Com efeito, certo apoliticismo que se verifica na actuação daquelas instituições, para só me referir a estas, é, além de incompreensível, altamente pernicioso. É convicção minha, bem sentida e fundada, que estas corporações só serão verdadeiramente válidas quando tiverem o político como preocupação essencial. E isto deverá estar no espírito de quem as oriente e zele.

Vozes: - Muito bem!

Nesta ordem de ideias, uma das organizações estudantis merecedora de carinho é a Frente dos Estudantes Nacionalistas, aparecida há meses em plena crise universitária e cuja actuação se revelou já fecunda no meio estudantil e na angariação de fundos para o Natal do soldado, como a imprensa noticiou.

Pretende estabelecer a coordenação e cooperação entre as mais associações juvenis privadas e de feição política existentes entre nós, antigas ou recentes, uma vez que o nacionalismo que a todos informa lhes oferece o indispensável denominador comum.

Sr. Presidente: das visitas que fiz à sede da Frente dos Estudantes Nacionalistas, e que foram a pedra de toque para estas breves considerações, capacitei-me de que está ali a formar-se mais um núcleo dos rapazes que, pelo seu estuante entusiasmo, fina inteligência, agudo senso cívico, acrisolado patriotismo e firme vontade de respeitar os princípios do Regime. bem poderão servir de base ao grande movimento da criação da mística nacionalista de que carecemos para vencer a mística comunista. Que, como por de mais se sabe, uma mística não se destrói só com obras de fomento, mas também e sobretudo com outra mística.

Porque os seus esforços, intuitos e exemplo não devem morrer em vão, por míngua de amparo moral - o único de que realmente têm muita necessidade -, ouso apelar para o Governo, pais e professores, no sentido de que lhes não faltem com a sua assistência e dedicação.

E daqui gostosa e sentidamente dirijo uma palavra de louvor e incitamento a esses rapazes da Frente dos Estudantes Nacionalistas pela atitude corajosa que assumiram em tão grave momento da vida nacional e para que, sejam quais forem os dissabores e vicissitudes que a vida lhes reserve, jamais esmoreçam nos seus sãos propósitos de garantir a Portugal um futuro digno do seu passado.

Vozes: -Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Armando Sampaio: - Sr. Presidente: pedi a palavra para mandar para a Mesa o seguinte

Requerimento

«Requeiro que, pelo Ministério da Saúde e Assistência, me sejam fornecidos elementos relativos à acção assistência desenvolvida pelo Instituto de Assistência à Família, em particular nos concelhos do País que não sejam sede de distrito e no ano de 1962».