Doutor Adriano Moreira, estadista de mérito que a Providência nos legou para orientar a nossa política ultramarina durante uma grande parte da hora crucial que estamos atravessando, e do qual, sem me querer tornar fastidioso, transcreverei algumas passagens:

«... Sei que existem outros problemas também importantes e urgentes e que igualmente preocupam o Governo. Contudo, pressinto que há toda a conveniência em que se tente travar a precipitada evolução que os acontecimentos estão a tomar na Guiné e há que lançar mão de certas medidas de efeitos psicológicos rápidos e que talvez sirvam para modificar a atmosfera um pouco anuviada que só vem verificando naquela província.

Entre essas medidas talvez tivesse oportunidade a concessão para já de umas 20 bolsas de estudo (10 para rapazes e 10 para raparigas) para formação de professores primários, 4 para regentes agrícolas, 2 para engenheiros agrónomos, 2 para veterinários, 3 para médicos, 3 para o Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, 2 para o Instituto de Estudos Sociais, 2 para professores liceais e 2 para Ciências Económicas e Financeiras.

Seriam 40 bolsas que nesta altura serviriam para provocar uma tremenda reacção no espírito da juventude guineense e no dos respectivos pais, e estou certo de que isso modificaria grandemente a guerra surda que, sem se aperceber, está a tomar grande incremento nas terras da Guiné.

Seriam cerca de 60 000$ de despesa mensal para o Estado, mas seria um capital bem aplicado e cujos juros, neste momento, excederiam todas as expectativas».

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - «Seriam cerca de 720 000$ anuais a pesar nos orçamentos gerais do Estado e que, bem repartidos e diluídos pelo orçamento da metrópole, orçamento geral da província e orçamentos privativos das autarquias locais, constituiria uma gota de água a cargo de cada um desses sectores e uma minúscula parcela comparada com os astronómicos encargos de guerra que quase diariamente suporta o Tesouro».

Vozes: - Muito bem!

rápida, firme e séria no sentido de colaborarem na elevação do nível cultural e social da juventude da Guiné e no bem-estar da população da província».

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não foi possível, por razões de ordem financeira, satisfazer no corrente ano lectivo a concessão das bolsas pedidas; porém, S. Ex.ª o Ministro cessante não se esqueceu completamente da juventude da Guiné e antes de abandonar a pasta que tão sabiamente dirigiu durante cerca de dois anos distribuiu quatro bolsas para o Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina para outros tantos filhos da Guiné que iniciaram com entusiasmo os seus estudos naquele estabelecimento de ensino superior.

É mais um favor que a Guiné fica devendo ao Governo da Nação.

A actual posição da Guiné Portuguesa com respeito ao número de seus naturais-formados com um curso superior e médio é a seguinte:

Uma análise atenta dos números apresentados mostra que em relação à população da província, que se cifra em cerca de 530 000 habitantes, existe um indivíduo natural da Guiné habilitado com um curso superior para cada 40 769 habitantes e um diplomado com um curso médio para cada 48 090 habitantes, percentagem relativamente baixa e que convém a todo o custo melhorar, como, aliás, está sendo preocupação das entidades responsáveis pela nossa política ultramarina.

Assim, de 1940 a 1960 o número de indivíduos formados com cursos superiores e médios duplicou de 10 para 20 e no começo deste ano de 1963 esse número atingiu 24 unidades.

Com a criação do ensino secundário na província, em 1950, começou a verificar-se um maior interesse dos filhos da Guiné na obtenção de uma formatura; porém, o baixo nível económico da maior parte das famílias nativas dificultou durante, certo tempo a concretização dessa justa aspiração da juventude guineense, até que uma oportuna política do Governo começou a melhorar a situação com a concessão de bolsas de estudo, que, em meia dúzia de anos, tornou possível atingir o bonito número de 36 bolseiros frequentando os seguintes cursos superiores e médios na metrópole: