Estes bolseiros são subsidiados pelos seguintes organismos e entidades:

No ano lectivo findo concluíram o 7.º ano no Liceu Honório Barreto, de Bissau, 21 alunos, dos quais apenas 7 foram beneficiados com bolsas de estudo para prosseguirem os seus estudos na metrópole. Devem ter ficado, pois, na província mais de uma dúzia de finalistas do liceu que não puderam, por razões de ordem económica, continuar os seus estudos.

Relacionado com o problema da promoção intelectual e social das massas nativas do nosso ultramar, foi apresentado, em Dezembro último, à assembleia geral das Nações Unidas um projecto de resolução firmado pelo grupo afro-asiático para a concessão de bolsas de estudo aos aborígenes das nossas províncias ultramarinas, com o fim de se formarem elites para os quadros técnicos e de administração dos mesmos territórios.

A adopção da referida resolução, por 92 votos a favor, 2 contra (Portugal e África do Sul) e nenhuma abstenção, e o conhecimento que tive de que só no ano findo os vários grupos, que se apelidam de nacionalistas e que têm sede no Senegal e na República da Guiné, haviam obtido 21 bolsas de estudo para os naturais da Guiné, e que, na maioria, já se encontram matriculados em diversas escolas superiores e técnicas dos Estados Unidos, França, Suíça, Alemanha, República Árabe Unida e vários países da cortina de ferro, levaram-me a concluir que havia toda a conveniência de se intensificar, do nosso lado, a concessão de bolsas à juventude da Guiné, e nesse sentido fiz novas diligências junto dos Srs. Ministro e Subsecretário da Administração Ultramarina, a ver se seria possível contra-atacar, com factos reais, a ofensiva de incompreensão do esforço português na formação de elites entre os naturais das suas províncias de África.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O bom acolhimento dispensado por SS. Exas. ao assunto deixou-me certo de que este magno problema havia de beneficiar do costumado interesse e atento estudo daqueles membros do Governo, e, por isso, a juventude da Guiné pode desde já ter esperança de uma justa solução das suas aspirações.

Se conseguirmos resolver este problema e outros de igual relevância que oportunamente espero trazer a esta Assembleia, poderemos, Srs. Deputados, ter a certeza de que nos manteremos nas nossas actuais posições nas terras portuguesas do ultramar, que os nossos antepassados souberam criar e que nós saberemos defender e tornar cada vez mais engrandecidas.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Nunes Barata: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: poderia invocar a simples qualidade de Deputado da Nação para justificar as palavras que vou proferir sobre o desenvolvimento da Guiné Portuguesa. A Pátria é só uma e a cada um de nós, sem preconceitos ou particularismos regionais, cumpre zelar pelo progresso harmónico desse todo, estar presente onde os inimigos a ameaçam.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas existem razões especiais que me ligam à Guiné Portuguesa.

Aprendera a amar esta terra mesmo antes de a conhecer. Ainda na Assembleia Nacional, o labor inteligente e oportuno dos sucessivos representantes da Guiné, comandante Teixeira da Mota e Dr. Pinto Bull, fomentara tamanho interesse.

Ainda agora o Sr. Deputado Pinto Bull deu mais uma vez testemunho de carinho pela Guiné Portuguesa, e quero agradecer aqui as palavras que proferiu a meu respeito.

Mas foram razões da vida profissional que me levaram a permanecer algum tempo na Guiné Portuguesa. Este contacto com a terra e as gentes cimentou a minha devoção.

Aí conheci um grande governador, que foi o comandante Peixoto Correia. Percorri todo o território. Falei com as mais variadas populações. E vi como a acção governativa do comandante Peixoto Correia prestigiou o nome de Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É-me grato, nesta tribuna, prestar-lhe as maiores homenagens ao afirmar que o comandante Peixoto Correia foi bem digno da tradição dos grandes governadores da Guiné.

Sr. Presidente: a Guiné Portuguesa, constituída por uma parte continental e outra insular, tem uma superfície um pouco superior a 31 000 km3, dos quais se encontram permanentemente imersos cerca de 28 000 km2.

O país é plano, sendo ainda assim possível, neste condicionalismo, distinguir seis zonas: planícies do litoral, planalto de Bafatá, colinas do Boé, planalto do Gabu, zona de transição de Oio e zona de transição do Forreá.

Apesar da sua pequena dimensão, a Guiné apresenta uma notável variedade de solos, o que se verifica desde os ricos solos das rias até à região desolada do Boé.

As rias desempenham, de resto, um importante papel na vida da província.

Como acentua Teixeira da Mota, o mar penetra nas rias depois de atravessar um extenso planalto submarino, a menos de 20 m do nível das águas, e do qual -emerge o arquipélago dos Bijagós e afloram ou chegam perto da superfície numerosas coroas e bancos. Este obstáculo à propagação das marés está na base da sua notável amplitude, que se traduz nos mais altos valores da África Ocidental.

A penetração das marés e a existência das rias condicionam todo o sistema de comunicações da província.

Mas, além desta facilidade nos transportes, a penetração do mar repercute-se nas condições climáticas, com enriquecimento da vegetação.

Às marés se deve ainda a deposição dos férteis solos vasosos que permitiram o desenvolvimento da cultura do arroz.

Sr. Presidente: a população da Guiné Portuguesa era em 1960 de 544 498 habitantes, a que correspondia uma