São números que impressionam e que provam que a administração tem sido, com efeito, eficiente o bem orientada.

As receitas do caminho de ferro da Beira, um 1950, foram de 151 906 contos; em 1961, essas receitas elevaram-se a 360 179 contos. As despesas passaram, nos mesmos anos, de 112 846 para 189 007 contos, e os lucros de exploração de 39 060 para 171 172 contos.

É um caminho de ferro que produz lucros de exploração que caminham rapidamente para a casa dos 200 000 contos anuais. São lucros importantes que têm sido investidos no desenvolvimento do mesmo caminho de ferro e, por conseguinte, no desenvolvimento da vida económica de Moçambique. Mas nada nos garante que continue a ser sempre assim no futuro, se o dito caminho de ferro não passar a pertencer à província. O seu proprietário terá todo o direito, em qualquer altura, de levantar o rendimento do capital investido na sua empresa. Poderá ser

que isto nunca aconteça e até acredito piamente que assim seja. Mas pode acontecer.

O porto da Beira foi resgatado no mesmo ano do resgate do caminho de ferro, mas foi logo integrado nos respectivos serviços pertencentes à, província de Moçambique. Não se compreende por que motivo não se seguiu igual critério com respeito ao caminho de ferro. Não há dúvida que parece haver em tudo isto uma certa anomalia:

Tem de se admitir, portanto, que a população de Moçambique discuta as circunstâncias incompreensíveis que determinaram esse estado de anomalia e deseje que o caminho de ferro da Beira seja integrado nos caminhos de ferro de Moçambique.

A eficiência da administração do caminho de ferro da Beira e os bons resultados obtidos na sua exploração devem-se, em grande parte, à, boa orgânica administrativa - que se afasta dos perniciosos processos burocráticos - da Direcção dós Serviços dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes da província de Moçambique, como atestam os números respeitantes à exploração destes importantes serviços de tão benéficos reflexos na economia da província.

É com prazer que digo estas palavras de justiça acerca daqueles serviços, a quem a província deve, além de menor desequilíbrio da sua balança de pagamentos, decisivo contributo para o desenvolvimento da sua vida económica.

Foi em 1929, com a promulgação da Carta Orgânica de Moçambique, aprovada pelo Decreto n.º 17 153, de 6 de Junho daquele ano, que foi criada a Direcção dos Portos e Caminhos de Ferro e, por consequência, se procedeu à unificação ferroviária da província - unificação que permitiu o grande desenvolvimento daqueles serviços. A sua reorganização administrativa, porém, só foi feita pelo Diploma Legislativo n.º 315, de 22 de Agosto de 1931, que determinou o seguinte, no seu artigo 1.º:

Os serviços dos portos e caminhos de ferro da colónia constituem uma empresa industrial do Estado, administrada e dirigida segundo os princípios da economia comercial e têm por fim o desenvolvimento da economia geral da colónia ...

Penso, sem receio de que me desmintam, que é precisamente nesta forma inteligente de orgânica desburocratizada, de administração segundo os princípios da economia comercial, que reside o verdadeiro pólo de desenvolvimento vertiginoso dos serviços dos portos e caminhos de ferra de Moçambique e do grande reflexo que isso tem tido no crescimento da própria província:

Ilustremos esta afirmação com alguns números expressivos.

As receitas, despesas e lucros de exploração daqueles serviços foram os seguintes:

A carga manuseada nos portos de Lourenço Marques e Beira também cresceu de uma maneira vertiginosa. O porto de Lourenço Marques manuseou, em 1940, 1 772 638 t de carga geral; em 1961, 6 707 865 t. O porto da Beira manuseou, em 1949 (ano em que passou para o Estado), 1 935 000 t; em 1961, 3 289 574 t.

Vejamos agora o tráfego de mercadorias e o número de passageiros transportado. Os caminhos de ferro de Moçambique transportaram, em 1960, 6241 873 t de carga e 2 121 332 passageiros.

Não quero terminar esta intervenção sem deixar aqui registada uma palavra d« apreço para o major de engenharia Francisco dos Santos Pinto Teixeira...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... que foi um dos cabouqueiros da unificação ferroviária de Moçambique e durante mais de vinte anos o dinâmico director dos Serviços dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes, a cujo desenvolvimento deu grande impulso e onde implantou as vigas mestras da grande obra que aqueles serviços representam.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Pinto Teixeira, recordemos ainda, foi também o fundador da D. E. T. A., organização de transportes aéreos de Moçambique, a quem a província deve serviços de incalculável valor. Que esta referência ao seu nome e à sua obra, feita neste lugar, seja uma pequena homenagem de Moçambique e do seu povo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: vou terminar, pedindo a V. Ex.ª se digne ser intérprete junto do Governo da Nação deste pedido de Moçambique feito através de um dos seus filhos mais humildes: que o caminho de ferro da Beira seja integrado nos caminhos de ferro de Moçambique.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -Toda a população da província agradecerá reconhecidamente e rejubilará com. tal decisão, nomeadamente a numerosa classe ferroviária, que ascende a mais de 29 000 empregados, desde os mais obscuros colaboradores aos mais altos funcionários, sem esquecer os maquinistas e os fogueiros das locomotivas, que, em noites de tempestade, com a mão firme nas alavancas das suas máquinas, furam a escuridão com os seus comboios coleantes como grandes répteis; sem esquecer os trabalhadores dos portos, na carga e na descarga exaustiva das mercadorias; sem