É de notar nas cifras que os investimentos, em escala relativamente elevada nos últimos anos, não influíram em nada na exportação. A de 1960 foi a mais baixa desde 1953.

Sr. Presidente: resta-me fazer algumas simples reflexões, que me parece se ajustam aos como sempre judiciosos comentários do muito ilustre relator das contas públicas do Estado.

De entre os objectivos dos planos de fomento, destacam-se, pela sua importância: Melhorar o nível de vida das populações;

b) Assegurar mais trabalho e, consequentemente, fazer diminuir o desemprego e subdesemprego;

Verifica-se, depois de oito anos de vigência desses planos:

1.º O nível de vida das populações de Cabo Verde não ascendeu de maneira a corresponder ao avultado dispêndio feito;

2.º Qualquer solução que ajudasse a resolver o problema do desemprego, permanente ou temporário, não foi ainda encontrada e por isso se mantém uma taxa relativamente elevada desse desemprego;

3.º A exportação, à parte ligeiras subidas e descidas, está muitíssimo longe de se aproximar da importação, o que representa uma balança comercial bastante deficitária.

Esse deficit é causado, em parte, pelo aumento excessivo da importação de substâncias alimentícias, aumento imposto pelas consequências das estiagens e ainda e principalmente por se manter em baixo nível a exportação dos produtos do arquipélago, dada a muito pouca produção. Assim, está averiguado que nos anos de 1958, 1959 e 1960 os valores, em contos, dessa importação foram, respectivamente, de 32 157, 38 483 e 87 805.

São de notar, para se poder dar conta da precária situação desde há uns anos, os números que exprimem, em milhares de contos, o déficit da balança comercial, depois de deduzidas das cifras totais as relativas à importação e exportação dos óleos combustíveis para fornecimento à navegação, que passaram em 1961 para regime de mercadorias em trânsito:

É também curioso que se conheçam os dados referentes à exportação dos principais produtos ilhéus, agrícolas u industriais, referentes a 1960 e 1961:

Além de ser reduzido o número de variedades de produtos que o solo e a indústria fornecem para exportação, muitíssimo aquém das possibilidades, observa-se, com desolação, que a tonelagem exportada está muito longe de satisfazer. À parte o sal, com um aumento de 10 000 t em referência ao que foi exportado em 1960, e as pozolanas, cujo aumento foi de 100 por cento num total de 5241 t (número irrisório), os restantes produtos mantêm-se no mesmo nível.

Num futuro que não deve andar muito longe e desde que a agricultura e a pecuária se elevem à altura de produção que é mister atinjam e às indústrias existentes outras venham a agredir-se, é seguro que poderemos contar com uma produção e exportação que, embora lentamente, mas com segurança, dêem novos alentos à vida económica do arquipélago.

Por enquanto, e os números falam claro, não deixam de ser desconsoladores os índices indicados pelas estatísticas.

Em 1960, dos 18 000 contos exportados, a província vendeu à metrópole cerca de 12 400 contos e em 1961, dos 27 809, a metrópole comprou 18 702 contos.

Perguntar-se-á: como tem Cabo Verde suportado o enorme desequilíbrio da sua balança comercial, dada a projecção que esse desequilíbrio tem sobre a balança de pagamentos?

Assente-se primeiro que a metrópole é o melhor mercado da província.

«A remessa de escudos metropolitanos por empréstimos (destinados a obras, estudos e pagamentos das exportações) tem ajudado a manter em bom nível a balança de pagamentos.» Cambiais de outras proveniências, que adiante se indicam, são os que mais decididamente influem no equilíbrio dessa balança.

O mapa a seguir mostra o movimento geral de cambiais em 1959 e 1960: