as aptidões ligadas a esses problemas sejam devidamente aproveitadas, para, assim, proporcionar ao arquipélago aquele desenvolvimento que possa garantir o bem-estar do povo.

E é com estas palavras de fé e esperança que encerro as minhas considerações, renovando a V. Ex.ªs e aos Exmos. Deputados os meus cumprimentos.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

emoções vividas; uma actualizada tomada de consciência, com os pés fincados à terra, frente às realidades palpitantes.

Foi-me dado, assim, auscultar a opinião pública, ouvir os sectores oficiais e particulares, sentir as ansiedades do povo, numa variedade de ambiências contactadas: da casa grande à sanzala, da libata à capital, e que grandemente contribuíram para me inteirar, mais directamente, do toda a evolução económica, social o cultural que se opera na província e também das perspectivas e justas aspirações de quantos lá almejam o progresso da terra generosa onde nasceram uns e vivem outros, sem excepções discriminatórias.

Todos somos poucos para construirmos uma Angola tão próspera quanto o permitem os seus enormes recursos naturais, sem necessidade de cisões nem de emulações.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O Orador: - Há que atentar, sem dúvida, no seu potencial humano e, para tanto, nos correspondentes factores económicos, sociais e culturais, que parecem de um denominador comum aglutinante e positivo.

Tenho bom presentes as notáveis e expressivas conclusões do recente I Encontro dos Escritores Portugueses, em Angola, que definem, e bem, a cultura angolana «como uma realidade circunstancial africana, e fundamentalmente europeia de valor representativo na comunidade dos povos de língua portuguesa».

Assim, a cultura, como as estruturas económicas e sociais, importa que se enquadrem plenamente em osmose formulada no equilíbrio de uma justiça social que venha a diluir inteiramente os problemas étnicos e geopolíticos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... para nos situarmos no mundo de hoje e podermos acompanhar as «grandes rotas do amanhã».

Em Angola, no domínio da instrução, pode-se asseverar que o problema da escolaridade, concernente às populações evoluídas, não sofre de insuficiências que mereçam sérias preocupações.

Outro tanto não acontece com as populações rurais nativas, de cuja alfabetização ao nível técnico para o desenvolvimento de hábitos e aptidões de trabalho depende, naturalmente, a sua necessária evolução, a sua preparação profissional, melhoria do nível de vida, consciencialização cívica e sua promoção social.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pude ouvir os sectores mais responsáveis do ensino em Angola, e assim foi possível inteirar-me da acção em curso para a solução de tão premente problema.

O Decreto-Lei n.º 31 207, de 5 de Abril de 1941 (Estatuto Missionário), estabelecia que o ensino indígena estava inteiramente confiado ao pessoal missionário e seus auxiliares.

Com efeito, as missões católicas cumpriram até aqui a sua abnegada tarefa no domínio da instrução aos aborígenes. E mais não fizeram nesse aspecto por insuficiência de meios financeiros e consequente falta de escolas e de professores suficientes para as necessidades que decorrem da enorme extensão do território e disseminação das populações rurais, nómadas em certa escala. A sua acção foi até aqui uma complementaridade da sua missão cristianizadora, subsidiada pelo Estado, é certo, mas que traduz, sem dúvida, uma faceta da obra rivilizadora da igreja católica no continente africano.

A Sr.ª D. Custódia Lopes: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

A Sr.ª D. Custódia Lopes: - Há dias fiz aqui uma pequena intervenção em que me referi precisamente a esse aspecto que V. Ex.ª acaba de focar, e muito bem, e chamava a atenção do Governo para a necessidade de conceder maiores meios de acção às missões católicas. Elas têm cumprido a sua missão, e, se não cumpriram melhor, foi porque lhes faltavam, sobretudo, professores e outros meios de acção.

Creio que há neste momento necessidade de se chamar a atenção para esse problema, a fim de que as missões católicas, juntamente com o Governo, trabalhem nesse sentido, ou seja no chamado ensino de adaptação e na promoção das massas rurais das províncias ultramarinas. Haverá até necessidade de se fazer uma unificação do ensino de adaptação e um estudo do problema.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O Orador: - Estou plenamente de acordo com V. Ex.ª

Porém, a nossa política, hodierna do ensino de âmbito nacional, porque se circunscreve da metrópole a todo o ultramar, requer novas medidas, um maior esforço, po-