pertença da cidade e um dos motivos justificados da posição de vanguarda que ocupa na defesa dos valores do espírito.

Trata-se, Sr. Presidente, do Círculo de Cultura Musical, fundado pouco depois do de Lisboa, cujas bodas de prata se celebraram há poucos anos em acto solene, com a presença honrosa do venerando Chefe do Estado, que, na sua justiça, o quis galardoar.

Falar da notabilíssima acção do Círculo no fomento da cultura musical é falar, sem dúvida, do mérito da iniciativa e do esforço particulares, tantas vezes mal compreendidos e desajudados, e falar também do gosto pelas coisas do espírito, que são numa cidade como o Porto motivo de legítimo orgulho.

O problema da cultura musical no Porto foi aqui tratado com relevo na passada sessão legislativa pelo nosso ilustre colega Sr. Dr. Simeão Pinto de Mesquita e nada haveria a acrescentar depois das palavras esclarecedoras e eloquentes que ouvimos.

Mas não resisto, Sr. Presidente, a fazer notar, e apenas como realce do que se deve àquele espírito de iniciativa e àquele esforço dedicado a que me referi, quanto o Governo tem voltado as suas atenções para a capital, cabeça desmedida de corpo tão pequeno, que, porque o é, só ela parece ter direito às coisas belas desta vida, que são também as coisas do espírito, negando-as a todos os demais.

Aqui tem o Estado o seu magnificente S. Carlos, com as suas temporadas de ópera, que colocam o País no plano europeu e, por isso mesmo, muito são de louvar; aqui mantém o Estado a Orquestra Sinfónica Nacional; promove espectáculos de ópera e de música sinfónica destinados às classes populares; tem ele à sua custa um conservatório de música e subsidia outras actividades de idêntico valor.

Registe-se tudo isto com satisfação, pois a primazia de tudo deve pertencer à capital e mal ficaria que cidade tão nomeada e frequentada pelos de dentro e pelos de fora não tivesse tudo isso e mais alguma coisa.

Não para estabelecer paralelo de importância, mas apenas chegar à justa medida, acrescente-se que, por exemplo, no Porto não se pode ter o falado gosto de se ouvir ópera - uma tentativa do Ministério da Educação Nacional, de há anos, vetada por quem tinha o direito de o fazer; a Orquestra Sinfónica do Conservatório de Música é em grande parte sustentada pela Câmara Municipal, senhora também e alimentadora do Conservatório de Música; espectáculos de ópera para as classes populares não os há e os de música sinfónica organiza-os a Câmara; c as sociedades de cultura musical vivem por si ou pouco menos.

Esclarece-se que ao Círculo de Cultura Musical, objecto desta intervenção, eram dados todos os anos, até há dois anos, pelo Ministério da Educação Nacional, 50 contos, para receber nos seus concertos, gratuitamente, estudantes universitários; mas isso acabou e só lhe resta a benemerência do Secretariado Nacional da Informação, embora muito magra, porque não lhe é possível dar mais.

O Círculo de Cult ura Musical do Porto faz 25 anos; a cidade, representada pelas suas autoridades políticas e sociais, tomou a peito comemorar tão feliz aniversário com indispensável dignidade, aquela que esteja à altura de uma actividade que se traduz em centenas de concertos com os maiores chefes de orquestra, orquestras e concertistas de todo o Mundo, valorizando a cultura nacional e prestigiando não apenas essa cidade, mas o próprio País.

O Governo, aliás a exemplo do que aconteceu nas bodas de prata do Círculo de Lisboa, não deixará certamente de, ele próprio, se associar a tão festivo acontecimento.

Confio sem reservas em que o ilustre Ministro da Educação Nacional será o patrocinador e o intérprete deste desejo, que, nos diversos actos que reveste, tem amplo significado político, no sentido do reconhecimento do valor de uma notável iniciativa e da gratidão por aqueles que a criaram e souberam manter com inexcedível dedicação durante este já longo tempo.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - A primeira parte é constituída pela eleição da Comissão Eventual a que me referi na sessão de ontem.

Ao conhecimento da Mesa só chegou uma lista, que foi organizada pelos presidentes das Comissões Permanentes desta Assembleia.

Interrompo a sessão por três minutos, para preparar a eleição.

Eram 17 horas e 50 minutos.

O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão.

Eram 17 horas e 53 minutos.

O Sr. Presidente: - Vai proceder-se à votação.

Fez-se a chamada.

O Sr. Presidente: - Está concluída a votação.

Convido para escrutinadores os Srs. Deputados Custódia Lopes e Brilhante de Paiva.

Fez-se o escrutínio.

O Sr. Presidente: - Está concluído o escrutínio.

Entraram na uma 79 listas e o resultado da votação foi o seguinte:

Alberto Henriques de Araújo ..... 79

Albino Soares Pinto dos Reis Júnior... 78

Alexandre Marques Lobato ...... 77

Antão Santos da Cunha ....... 78

António Augusto Gonçalves Rodrigues .. 77

António Burity da Silva .......... 79

Artur Águedo de Oliveira .......... 79

Carlos Monteiro do Amaral Neto .... 78

Francisco José Lopes Roseira ....... 79

Francisco José Vasques Tenreiro ..... 78

Joaquim de Jesus Santos .......... 79