Só os hábeis, os bem preparados, aqueles para quem a profissão não tem segredos, reúnem condições de poderem triunfar. Paralelamente, nenhuma empresa avança sem estar estruturada em evoluída técnica e sem dispor de elementos apetrechados dentro do seu sector de actividade. A época que atravessamos não se compadece de improvisações nem de irreflectidos programas. Por isso é que preparar quem trabalha, instruir para fazer aptos os que exercem qualquer profissão, tornando-os conscientes e valorizados no seu mister, tem de ser preocupação dominante de qualquer governo.

A condição de sobrevivência de um povo reside não só na sua capacidade de trabalho, mas, muito particularmente, no modo eficiente como trabalha. Constante da economia de hoje, a especialização técnica, necessária a cada profissional, é não só resultado de estudo atento, como de cuidadoso estágio prático em estabelecimentos de ensino modelares. Mas isto implica, consequentemente, alta preparação científica e p edagógica dos professores para bem cumprirem a sua missão.

A interdependência das economias, obrigando a crescente internacionalização de mercados, a par da tendência para a uniformização progressiva nos maquinismos, faz da técnica profissional o elemento de diferenciação entre povos evoluídos e atrasados. Deste modo, assina o seu aniquilamento quem não fizer todos os esforços para estar apto, internacionalmente, a suplantar ou, pelo menos, a igualai-os concorrentes que se lhe deparam.

Os dias que se avizinham são para nós cada vez mais difíceis, pois exigem de cada um dedicação total, aliada ao conhecimento profundo da tarefa desempenhada. Urgente se torna, sem demoras nem entraves, prestar toda a atenção ao aperfeiçoamento profissional, ponto de partida para a eficiência na industrialização, que todos desejamos prudente, mas rápida.

E hoje que se prepara o amanhã. Ora o aumento no ritmo de construção e equipamento de escolas técnicas a que o Governo nos habituou é garantia segura de que se trabalha em dimensão idónea para solucionar um problema que muito nos afligia: o da falta de competência técnica e cultural no trabalho, inexistência de mão-de-obra especializada.

Posso, portanto, dizer que, com o funcionamento da sua escola técnica, se criaram condições de bem-estar social e de valorização humana no concelho de Vila Nova de Famalicão.

Bom seria que se procurasse orientar, os ensinamentos ministrados aos alunos dirigindo-os, predominantemente aos sectores característicos da indústria na região onde as escolas se localizam. Concretizando o que acabo de referir, conviria que na escola técnica de Famalicão se pudessem especializar os alunos na têxtil, que é a indústria dominante do distrito.

Disse que o Governo se podia sentir honrado com a instalação de mais uma escola técnica - a 52.ª dos últimos dez anos. Na dura luta que travamos contra todos os inimigos, nessa batalha para nós de vida ou de morte, suportando encargos consigam, acima de tudo, formar verdadeiros portugueses.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Estão em discussão na generalidade as Contas Gerais do Estado do ano de 1961 e o parecer da Junta do Crédito Público.

Tem a palavra o Sr. Deputado Alberto de Araújo.

O Sr. Alberto de Araújo: - Sr. Presidente: com a habitual regularidade aprecia a Assembleia Nacional, no termo da sessão legislativa, as Coutas Gerais do Estado, que são objecto de um parecer de que há 25 anos é relator o Sr. Eng.º Araújo Correia, que mais uma vez põe uma inteligência viva e excepcionais qualidades de estudioso ao serviço do País, anotando, esclarecendo, equacionando os problemas fundamentais que dominam a vida económica e financeira da Nação, no conjunto dos seus aspectos metropolitanos e ultramarinos.

O ano de 1961 foi dominado pela fidelidade aos mesmos princípios de equilíbrio, de unidade, de universalidade orçamentais, de sanidade monetária, da aplicação da dívida flutuante aos seus fins normais, da regularidade das contas, que estão na base da nossa restauração financeira. Como se diz no parecer, a mais flagrante característica das Contas Gerais do Estado referentes a 1961 é o aumento das despesas públicas extraordinárias, das quais cerca de 3 000 000 de contos relativos a encargos de defesa e segurança, impostos pela necessidade de manter-se, contra ataques estranhos, a soberania portuguesa em terras do ultramar.

No ponto de vista da conjuntura económica interna, aumentou, em 1961, a produção nacional de bens e de serviços em ritmo maior do que se tinha verificado no ano anterior, mas, apesar disso, registou-se um acréscimo de importações que originou um saldo negativo na nossa balança de comércio superior a 9 000 000 de contos, quase tanto como toda a exportação metropolitana naquele ano.

O parecer das Contas assinala com preocupação esse facto, que contribuiu decisivamente para um desequilíbrio de 2 752 000 contos na balança de pagamentos do País, com o correspondente desgaste nas reservas de ouro e divisas no nosso banco central e todos os inconvenientes daí resultantes.

A situação modificou-se, felizmente, em 1962, pois, em face dos elementos já vindos a público, conclui-se que, embora grandemente deficitária, melhorou a posição da balança comercial metropolitana. Como se diz no Boletim do Instituto Nacional de Estatística relativo a Dezembro último, mercê de uma contracção no quantitativo das importações e de uma baixa no respectivo valor médio por. tonelada e, ainda, da expansão do volume das