Acresce que esta situação é, de resto, determinada por cerca de uma dúzia de produtos.

De facto, o açúcar, o algodão, a mancarra, o cacau, o café, a castanha de caju, o chá, o coconote, a copra, as madeiras, o milho e o sisal, a que de início nos referimos com algum detalhe, têm representado mais de 90 por cento das exportações dos produtos agrícolas.

Mas, por singular que pareça, as províncias ultramarinas importam bastantes produtos agrícolas. Mesmo pondo de parte o vinho e o azeite, a importação agrícola do ultramar tem atingido cerca de 500 000 contos por ano.

Naturalmente que esta posição saía agravada com as importações de arroz do Estado da Índia e a importação geral do Macau.

A presença de população com hábitos europeus e o incremento de determinadas actividades poderão continuar a manter esta procura. Creio, contudo, não ser difícil que as províncias redobrem de esforços para atingirem auto-suficiência nalguns destes produtos agrícolas.

O maior contributo dado pelos produtos não agrícolas às exportações provém dos minérios (diamantes, ferro, manganês, carvão, cobre e, de futuro, petróleo), do peixe e seus derivados e do tabaco manipulado.

É natural que os minérios consolidem no futuro a sua posição. Por outro lado, a crise das indústrias de peixe poderá continuar a fazer-se sentir.

No fundo, ainda aqui ganha relevo o desejo de uma industrialização que permita ao ultramar transformar matérias-primas locais e concorrer com êxito nos mercados mundiais..

Esta necessidade de industrialização resulta, de resto, da análise das principais importações dos produtos não agrícolas.

É certo que a natureza de territórios que procuram desenvolver-se manterá durante, tempo a sua dependência no que respeita à importação de alguns produtos, nomeadamente equipamentos e bens de consumo duradouro.

Mas tudo isto justificaria uma maior ligação do consumo ultramarino a uma desejável produção metropolitana ou o estabelecimento no ultramar de indústrias do tipo das que atrás circunstanciadamente enumerei.

A repartição geográfica das exportações do ultramar pode apreender-se dos seguintes números, elaborados pela Direcção-Geral de Economia do Ultramar, que traduzem as percentagens que couberam a cada zona no valor das exportações:

[... ver tabela na imagem]

Percentagens

Destino das exportações

Metrópole. .... 23,3 25,7 26,3 26,7 28,2

Ultramar ....... 2,4 3,2 4,2 4,9 5,1

Estrangeiro ..... 74,3 71,2 69,5 68,4 66,7

Neste entretempo as exportações do ultramar para a metrópole aumentaram em valor 51 por cento, das províncias ultramarinas entre si 170 par cento e do ultramar para o estrangeiro 12 por cento.

A melhoria de posição no comércio entre os territórios do espaço português é, pois, de assinalar.

Dada a importância de Angola e Moçambique neste conjunto, penso que a Assembleia terá interesse em conhecer alguns elementos do comércio externo relativo aos três primeiros trimestres de 1962.

Os principais produtos exportados por Angola, de Janeiro a Setembro de 1962, foram:

Contos

Farinha de peixe ........... 66 745

Neste entretempo as principais importações de Angola foram:

Contos

Máquinas e aparelhos; material eléctrico 445 070

Tecidos de algodão ........... 191 735

Peças e acessórios de automóveis .... 77 260

Ferro em bruto ou semitrabalhado ... 75 166

Gasolina, petróleo e óleos combustíveis 44 329

Os principais clientes de Angola neste período foram:

Contos

Alemanha Ocidental .......... 235 138

Bélgica-Luxemburgo ......... 56 465

Os principais fornecedores foram:

Metrópole .............. l 151 228

Reino Unido ............. 342 490

Bélgica-Luxemburgo ......... 108 627

Quanto a Moçambique, os principais produtos exportados, no período de Janeiro a Setembro de 1962, foram:

Milhares do contos