marcha do tempo impõe uma constante persistência nos esforços a fazer para que nada se perca do que se alcança e nunca se esqueça o longo caminho a percorrer.

De antemão se sabia que os maiores problemas se situavam na nossa província de Angola, e a eles venho referir-me, sem pretender ir além do ligeiro esboço da situação, pois que é prematuro avaliar os resultados das medidas em curso e, consequentemente, concluir seja o que for em definitivo. Todavia, entendo de obrigação comum apontar o que possa contribuir para a melhoria dos resultados a atingir, equacionando dúvidas e hesitações, no louvável propósito de as eliminar, de as resolver.

Como imediato e mais visível resultado das medidas em curso, verificamos um incremento do comércio metrópole-Angola, lógica consequência da liberalização do pagamento de mercadorias, que tende a acabar com o anacronismo de importações estrangeiras similares, impostas por maiores facilidades no seu pagamento.

É natural que a ocasiões das muitas em que venho focando estes problemas.

As pensões para manutenção de famílias na metrópole também não podem ser ignoradas, pois envolvem uma grande parte da população da província, desenvolvendo actividades a todos os títulos meritórios, e não podem deixar de ser atendidas quando pretendem dispor de uma parte do produto do seu labor para com ela poderem dar a filhos maiores possibilidades e capacidade de trabalho; ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... a pais, normalmente incapazes de proverem a sua manutenção, o necessário à sua subsistência decente; em resumo, para fazerem face às necessidades dos seus maiores, de parentes e até às suas próprias quando na Mãe-Pátria, onde não desejam sentir-se desamparados e sem recursos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ao mesmo tempo e em relação a actividades particulares, continua a verificar-se o propósito, que se infere dos factos, de que as empresas que trabalham em Angola nela têm de circunscrever a sua actividade ou dela têm de partir, quando as suas relações se estendem ao estrangeiro. É injusto para a metrópole e revela ignorância da forma como hoje se processa o comércio internacional, pois são poucos todos os meios de comunicação e cada vez se torna mais necessário o contacto directo e permanente, que tem os seus naturais encargos.

Perante esta situação e a evidente necessidade do o comércio exportador de Angola encarar o estabelecimento de delegações na metrópole e no estrangeiro, assistimos ao atrofiamento que comporta o confinar aos estreitos limites de uma província actividades de natureza expansionista que não podem dispor dos seus recursos, pois não lhes é permitido reservá-los; ao contrário: são frequentemente colocados perante a situação de terem de entregar à província mais do que o valor efectivo dos seus produtos de exportação.

A melhoria da situação que antes referi terá sido influenciada de forma substancial pela subida de valor de alguns produtos de exportação, mas sem dúvida que o recurso principal está sendo o fundo de compensação, que se afigura, aliás, insuficiente para a resolução de todos os problemas, assim se correndo o risco de se votar à situação que teve início em 1955.

Parece legítimo o receio, se não vier a fazer-se um esforço maior para estimular as exportações de todos os produtos susceptíveis de o serem - e muitos o são em Angola -, enquanto esta província continuar a fundamentar a sua economia nos valores agrícolas.

Se é cedo para pensarmos no turismo, cujo desenvolvimento prevemos só no futuro venha a constituir apreciável fonte de receita, podemos e devemos desde já contar com as riquezas minerais da província, como o ferro, em plena expansão no campo extractivo e cuja Governo, pois melhor pode avaliar a importância do facto e as suas naturais incidências.