O alarme foi dado há anos e dele se têm feito eco a imprensa diária e algumas revistas de cultura. Elucidativa nota de uma revista abre com esta epígrafe: «Cerca de meio milhão de más revistas brasileiras invade mensalmente o nosso país!» O Diário de Lisboa publicou recentemente uma série de artigos com o título geral «Diz-me o que lês, dir-te-ei quem és», onde acentua que «a avidez da gente moça apoderarse de tudo que lhe apresentam, preto e branco, .em «pretoguês» e português, contanto que tenha estampas, cada vez mais estampas, e uma certa forma de expressão lisonjeira do gosto do inato, do tumulto e do insólito». Outras notas têm surgido, designadamente no jornal O Século.

Com o título «Literatura infantil», publicou-se, em 1961, um bem orientado e muito completo inquérito «realizado em alguns estabelecimentos de ensino» pela Comissão de Literatura Infantil e Juvenil da Acção Católica Portuguesa. Das conclusões desse inquérito salientamos as seguintes:

«As crianças portuguesas lêem muito mais do que poderia supor-se». A maior parte das suas leituras «recruta-se entre as colecções medíocres que se vendem a preço convidativo em qualquer tabacaria. Parece, pois, um facto comprovado que a sede da leitura característica da idade escolar não encontra, entre nós, fontes puras onde saciar-se, dado que tanto moral como literariamente as publicações acessíveis a todas as bolsas são do mais baixo nível».

E ainda: «Faz-se sentir entre nós a necessidade de uma grande e bem orientada editorial exclusivamente infantil que abranja todo o género de produções para crianças».

E este, realmente, o problema no seu nó. Que temos, em Portugal, que possa fazer frente à invasão em massa dos supermen e dos westerns? Quase todas as nossas revistas infantis ou juvenis têm sido condenadas a viver efemeramente e a morrer, apesar de, em maior ou menor grau. haverem condescendido com o gosto do público e incluído, até, colaboração estrangeira. Têm desistido quase todas!

Qualquer entidade portuguesa que pretendesse meter ombros à tarefa de «suster o invasor» precisaria de contar, pelo menos de início, com sério apoio oficial. No entanto, ainda não foi encarada, que saibamos, a necessidade e até a urgência de criar, entre nós, um fundo de publicações, tal como existem fundos para teatro, para cinema e para abastecimentos. O abastecimento da inteligência nem por isso é menos importante que o abastecimento do estômago, sobretudo para a juventtide e para a infância.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Dizia justamente Saint-Exupéry que importa não apenas alimentar os homens, mas sobretudo saber como serão os homens que vão ser alimentados.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Este problema está a assumir, entre nós, aspectos alarmantes. Até revistas totalmente educativas, devidas a iniciativa oficial, e que chegaram a desfrutar de algum apoio, estão hoje, ao que nos consta, a ficar desamparadas na luta.

Claro que o problema do nosso país (dado o caso de o Brasil só exportar, e não importar, papel impresso em português), é mais grave, muito mais grave, que o de outros países europeus, nos quais, aliás, as revistas infantis ou juvenis contam com os seus patrocínios: na Espanha; Bazar; na França, Franca Jeux; Okky e Taptoe, na Holanda; Il Giornalino, na Itália, etc.

Na Rússia, ò problema foi resolvido de outra maneira - mais expedita. Aí, a revista «em quadradinhos» está pura e simplesmente proibida, embora muitas revistas estrangeiras, subsidiadas pela U. E. S. S., possam ter características ocidentais ...

Problemas como este não se resolvem pela simples actuação da Censura. Urge vigorosa acção positiva.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É insuficiente dizer aos meninos que não leiam isto ou aquilo; é necessário dar-lhes, em contrapartida, boa leitura. Esta ofensiva deteriorante de má literatura estrangeira só se estancará por meio de uma intensa obra de fomento de boa leitura para as crianças - boa, cristã e nacional.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

filha tão-sòmente da segurança do raciocínio e da certeza do fabrico; bela pela firmeza dos que a quiseram, e souberam pôr em jogo todas as condições de a levar a termo; bela, em suma, por ser em alta escala mais uma vitória da razão e da vontade de homens sobre a bruta inércia da matéria, as adversidades da natureza e as vicissitudes de todas as grandes concatenações de esforços.

Audaz também porque, excedendo o máximo das dimensões até agora atingidas por obras congéneres, punha problemas de solução ainda não contrastada pela experiência; mas de modo especial pelo sistema escolhido para a pôr de pé e cujo sucesso, esplêndido ressalta mais brilhante por se saber que noutras partes do Mundo não puderam igualá-lo tentativas análogas, embora de menor grandeza. Sabe V. Ex.ª, com efeito, que para fundir os arcos perenes de massa de cimento e pedra foi necessário armar primeiro um outro, temporário, de aço; fechá-lo com precisão milimétrica, sob o jogo dos ventos e das soli citações várias do calor solar e do frio das noites e, depois de assim manobrados uma vez esses milhares de toneladas de metal, pegar neles inteirinhos e mudá-los de lugar sem perderem no mínimo a disposição. A tudo se atreveram os nossos engenheiros e em tudo foram felizes!

A Nação vai ficar dotada de mais um importante elemento de valorização pela melhoria de comunicações; mas fica também enriquecida pela certeza de que ganhou novos motivos de crernas capacidades dos seus filhos.