À propaganda inimiga, sempre tortuosa nas difíceis tentativas de camuflar os atropelos à moral e ao direito, sempre perversa no enunciado de falsos acontecimentos e de falsas promessas e sempre descarada a difamar ou a intimidar, temos de opor uma contra-informação correcta, atenta e enérgica.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Os Poderes Públicos apontam-nos -- e bem - a necessidade de cada um de nós ser autêntico o diligente no seu contributo para que a Nação pluricontinental se revele sólida, harmoniosa e unida.

Mas há uma condição prévia que aos mesmos Poderes Públicos compete satisfazer: é a de nos ampararem com medidas psicológicas de que resulte uma melhor defesa das nossas forças morais e cívicas em face dos ataques hostis.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Nesse sentido devem orientar os seus naturais meios de autoridade, protecção e informação.

Esquecemo-nos muitas vezes de que nos encontramos em guerra porque nos fazem a guerra; e esquecemo-nos também de que à arma psicológica cabe um papel importantíssimo em todas as formas de luta.

Nos diferentes níveis de chefia político-administrativa e militar há dirigentes que dão exemplos dignos do maior louvor; mas também existem muitos outros que têm de ser despertados quanto à sua responsabilidade nesta matéria, dentro do âmbito normal das suas atribuições.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Estará bem difundida e aceite, entre nós, a necessidade de utilizarmos a arma psicológica? Haverá conhecimento bastante das técnicas- do seu emprego? En-contrar-se-ão suficientemente desenvolvidos os organismos e serviços especializados?

Julgo pertinentes as perguntas que formulei. Desejo deste modo chamar a atenção para o elevado interesse de se desencadearem autênticas e coordenadas operações gerais de natureza psicológica.

À informação terá de se lhe dar voz muito activa para evitarmos surpresas, vencermos receios e eliminarmos angústias filhas do desconhecimento.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: -A fé no valor dos nossos princípios não pode esmorecer-nos na luta persistente contra os insidiosos instrumentos de desagregação.

Temos de fazer guerra aberta ao desenvolvimento dos tentáculos de organismos políticos separatistas cujos centros de irradiação prosperam em territórios vizinhos; e até podemos criar dificuldades aos seus chefes traidores, nos antros onde se recolhem cobardemente à sombra de fronteiras que desejamos respeitar.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Quando assim falo, estou a pensar nas massas populacionais autóctones menos evoluídas e nos perigosos venenos e grandes tentações a que elas estão sujeitas, por serem alvo preferido dos nossos inimigos. Mas também não esqueço alguns detentores de grandes e pequenos interesses económicos e certos políticos desequilibrados que, perante ameaças ou promessas, não hesitam em vender a alma ao Diabo - se é que acreditam nela -, por julgarem que melhor garantem a continuidade da satisfação dos seus interesses materiais ou na mira de conquista de futuras posições de mando.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Os agentes da Administração não devem isolar-se pelas barreiras das funções e das mentalidades; só posso qualificar como desejáveis os que forem íntegros, competentes e tenham o gosto generoso de transmitir bons ideais.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não é só o progresso material que conta. Conquanto a linguagem da técnica costume brilhar à superfície, é o coração que anima as profundezas da sensibilidade.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Nem basta dar pão e trabalho e despertar inteligências. É necessário preencher os corações com uma ideologia que os satisfaça, evitando que sejam conquistados com místicas antinacionais.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não podemos também desinteressar-nos das manobras psicológicas do inimigo no seio das juventudes, pois é assim que ele conta impor-se ao Portugal de amanhã.

Todas as actividades humanas exigem suporte espiritual para atingirem os seus fins.

As armas clássicas são impotentes perante os espíritos e só podem consolidar os seus êxitos com a total e franca cooperação das populações; e também as normas jurídicas de nada valem sem o seu apoio.

Se as forças morais de cada português forem devidamente esclarecidas e protegidas, temos como certo o revigoramento da sua adesão voluntária aos ideais e objectivos da Nação Una, pluricontinental e plurirracial; e deste modo resultará sublimada a vontade de vencer.

No género de luta em que estamos envolvidos, a vitória pertencerá a quem melhor souber acalentá-la no seu coração.

Por isso acredito que a reacção psicológica é fundamental para a sobrevivência da comunidade portuguesa.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: -Num mundo em que as instituições, crenças e mentalidades tendem a assemelhar-se, não podemos considerar os particularismos regionais do conjunto português - embora os respeitemos - como obstáculos à unidade nacional.

No Portugal de hoje, em que o espaço geográfico como que se contrai pelas mais fáceis e rápidas ligações, é inadmissível que às distâncias se dê o rótulo de factores de desmembramento.

No Portugal de hoje, em que o tempo corre acelerado e o ritmo de vida é mais realizador, resulta ilógico que se veja na via da unidade um caminho de sentimentos colectivos frustrados.