fecundos ensinamentos e bem ajustada às nossas necessidades presentes.

Eu sei que a juventude não estava toda no Terreiro do Paço, mas sei que toda ela foi convidada para o esforço do trabalho criador e para o abraço fraternal que pode transformar «as angústias da dolorosa servidão humana» no «doce peregrinar» em que o homem se encontre e realize.

A perda da fé no homem moderno tem a mais profunda significação social, porque a mesma fé «é necessária, precisamente, para cultivar o que de religioso está no próprio homem».

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A sociedade onde não floresça a fé, apagando o fundo religioso da- espécie, não pode produzir senão uma humanidade diminuída.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Uma visão total do homem, da sua perfeita dimensão, tem de considerar todos os elementos que se conjugam na sua indivisa realidade.

Síntese de forças e de valores, há partes que concorrem para realizar o homem no temporal e partes que não se articulam com a realidade temporal, pois respeitam a aspectos transcendentais que acampam para além da vida física e se encontram com Deus.

De olhos humedecidos e coração aberto, saúdo a juventude, séria, reflectida, algo distante de nós, mas segura de si própria diante de Deus e da Pátria.

Vozes: - Muito, bem!

O Orador: - Saúdo a sua rebeldia e saúdo a sua generosidade.

Acredito no seu esforço, nos campos, nas oficinas, nos escritórios, nas repartições, nas escolas, nos quartéis e no seu imenso desejo de superação e de renovação.

Aí se mostra de pé, desprendida, descontraída, suficiente, exibindo suas barbas e suas ideias, em atitude firme e cheia de compostura mental e formal.

Saúdo essa admirável juventude que combate, sem desfalecimento, por um cristianismo autêntico, vívido, procurando, para além da sua concretização eclesial, servir, com perfeita consciência, as exigências apostólicas e realizar a riqueza social que do mesmo cristianismo se desprende.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Saúdo-a especialmente pelo grande serviço que presta aos outros jovens e ao futuro da nossa terra.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Pinto Carneiro: - Muito bem!

O Orador: - Afinal, quero saudar toda a juventude que avistou esse altar levantado, amorosamente, junto ao mar.

Faço-o na esperança de que todos possam escolher e escolher bem.

O sangue generoso e ardente dos 50 000 que ali estiveram percorre a estas horas todo o corpo da Nação; o seu estudo, o seu trabalho, a sua decisão, a sua coragem e as suas orações hão-de fortalecer as raízes do velho roble lusitano que ora geme mas aguenta o vendaval desfeito.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Deus permita que os ventos amainem, pois creio que a via-sacra da juventude e o abraço fraternal que nela se adivinha e se desprende da cruz de Cristo vão abrir novos caminhos de esperança, de paz e de alegria.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Guardo a minha última saudação para a juventude ausente e vigilante, pois creio que estando longe do grande encontro está decerto ainda mais próxima de Deus.

Faz o seu quarto de sentinela sem queixumes nem cansaços, guardando a integridade de cada uma das parcelas da terra portuguesa.

Distribui ternura e segurança aos nossos irmãos de além-mar e distribui ternura e segurança como quem cumpre o velho mandato de fazer cristandade e de fazer justiça.

Essa, tenho-o para mim, já escolheu.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Manuel João Correia: - Sr. Presidente: disse, numa intervenção que fiz há meses nesta Câmara, que, acima de tudo, devíamos usar de franqueza, de uma verdade sã e construtiva, na apreciação dos nossos problemas.

É justamente na apreciação serena e clara dos nossos problemas, com aquela clareza e aquela serenidade imprescindíveis a um exame equilibrado e frio, que reside o melhor serviço a prestar à Nação nesta hora difícil, em que é preciso vencer e contornar com habilidade os obstáculos que constantemente procuram entravar o nosso passo.

É escusado repetir que vivemos uma hora de extraordinária gravidade. Chegam-nos, de muitos lados, os ecos de vozes que negam o direito que nos pertence a territórios onde portugueses de todas as raças, unidos pelo mesmo espírito de unidade nacional, fortalecido ao longo de séculos de convívio, trabalham na realização de uma obra que é comum e que não receia, antes deseja, ser comparada com o que outros povos têm feito noutras regiões do continente africano.