Ao fundo, a projectar-se nas plácidas águas do Tejo, erguia-se, altaneira e triunfante, a Cruz da Redenção, assente firme nos corações de todos os jovens que ali estavam, em presença real ou de espírito, proclamando com voz forte a sua fé, a sua esperança, o seu amor.

E em retábulo magnífico de luz e glória perpassava, a contemplar orgulhosa os seus pares de hoje, a juventude história e heróica da Pátria.

Ontem, como hoje e como sempre, a mesma juventude vibrante no entusiasmo, ardorosa na luta, firme na crença, cristã no ideal.

Quanto contemplava de olhos não enxutos os 50 000 jovens que enchiam por completo um e outro estádio, num espectáculo de cor e de vida sem igual, quereria gritar para os de fora, para os outros: «Vede como eles se amam! Aceitai vós também os valores eternos e tereis a mesma paz e alegria na caridade que os une».

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - A juventude que escolhe Deus - digo com Sua Eminência o Sr. Cardeal-Patriarca -, «a Igreja e Portugal revêem-se nela com orgulho. Ambos a formaram: um na sua ascendência histórica, a outra na sua alma».

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - «E, ao contemplar esta juventude nova, os dois repetem: como é bela!»

E por isso nas suas mãos está a «aventura heróica da construção de um Portugal mais rico, mais humano, mais cristão».

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - As grandezas da Pátria sempre estiveram na razão directa da grandeza da chama de espiritualidade cristã que ardia na alma de seus filhos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Fomos grandes no tempo, porque, grandes queríamos ser para a eternidade.

O momento que vivemos chama-nos e impele-nos a assumirmos todos, cada um na. sua esfera de acção, as suas responsabilidades para com a Pátria.

Covarde e traidor será quem lhes voltar as costas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A juventude portuguesa, cônscia da sua obrigação, qual «nova Ala dos Namorados ... em marcha, enchendo todos os caminhos de Portugal para vir responder aqui, na capital do País, tão alto que se ouça em toda a parte: Presente! Os novos escolhem Deus!», ...

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... desferiu assim o seu grito de guerra. Grito de guerra contra os que não aceitam os direitos soberanos do Criador sobre todas as suas criaturas. Grito de guerra contra os crimes das injustiças dos homens pela prepotência do direito da força, qualquer que ela seja.

Grito de guerra contra esse materialismo feroz que assola o Mundo numa onda assustadora e diabólica, tentando perverter almas e corações.

Os novos escolhem Deus! Grito de paz e amor para as consciências de uma juventude que quer trabalhar por um Portugal maior.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A apoteose externa do grande encontro correspondeu a uma atitude de espírito assumida por todos os seus participantes perante o altar de Deus e da Pátria. Nele depuseram os jovens a sua vida em imolação perene aos grandes ideais que, por si sós, constituem a razão de ser de toda a existência do homem.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - No silêncio fecundo da sua alma em prece aceitaram o compromisso solene de servirem Deus em verdade de acção e a Pátria em generosidade de sacrifício pela defesa da sua integridade e glória.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A juventude de Quinhentos soube dirigir os ventos da história de então para as velas das nossas naus e, levando a cruz de Cristo a longínquas e desconhecidas terras, conquistou as suas gentes para as certezas eternas; também hoje os nossos jovens poderão domar os vendavais que surgem e vencer todos os Adamastores tenebrosos, se na sua alma viver a mesma fé e o mesmo ideal dos heróis de antanho.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Se as horas do encontro juvenil foram radiosas de luz e alegria,...

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... como que manhã de Páscoa, aquela caminhada de cinco dias que mais de três centenas de rapazes e raparigas fizeram a pé, saindo do Lisboa no Domingo de Ramos e chegando a Fátima na Quinta-Feira Santa, foi uma verdadeira via crucia que só o Senhor conheceu em toda a sua amplitude e grandeza.

Corpos totalmente encharcados pelas chuvas contínuas que caíam, pernas que mal se sustinham, pés doridos e a sangrar; mas todos aqueles jovens, de olhos e lábios a sorrir e de alma a cantar, ajoelharam na Capela das Aparições, junto à imagem sagrada da Virgem imaculada, para pedirem à rainha e padroeira de Portugal as bênçãos para o seu audacioso próximo empreendimento.

Penitência e oração!

Espinhos dolorosos transformam-se em suave perfume de rosas de uma mocidade em flor, prometedora de nobres e fecundas realizações!

Juventude de Portugal, obrigados te somos por mais esta página que começaste a escrever no livro já grande das glórias da Pátria!

Continuai, jovens, na vossa gesta; nós vos acompanhamos no vosso são e belo entusiasmo e esperamos confiantes por vós no render da guarda!

«Juventude que escolhe Deus, na primavera da vida, quando as flores abrem em frescura, graça, formosura e perfume para produzirem o prometido fruto: juventude, nossa alegria e nossa esperança, nós te bendizemos!»

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.