Nesse sentido se solicita a quem de direito a sua actuação no sentido de terminar com o sistema de contingentes existente para a importação do vinho do Porto na Dinamarca, Itália e Áustria. Porque só depois de abolido o regime dos contingentes em França é que foi possível conseguir que o consumo deste apreciado produto aumentasse nesse país por forma tão notável.

Também será de utilidade para este grande sector da nossa economia que o Governo diligencie no sentido de obter uma equiparação de direitos nos mercados externos, quer o vinho seja importado encascado, quer engarrafado.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Esta medida aumentaria a exportação do porto engarrafado na origem, evitando fraudes de engarrafamento nalguns mercados, e auxiliaria a defesa da generosidade c qualidade do produto.

O Sr. Mário Galo: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Com todo o gosto.

O Sr. Mário Galo: - Quanto à ideia que V. Ex.ª acaba dê expressar, também me permito chamar a atenção para o facto de a exportação do vinho do Porto em garrafas permitir aumentar as condições económicas da nossa indústria vidreira.

E, assim, permitir também uma redução no custo das garrafas. Esta medida seria do maior alcance.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - A medida interessará ao sector do vinho do Porto, à indústria vidreira e aos trabalhadores portugueses.

A defesa da qualidade terá de ser sempre preocupação dominante, porque só assim se prestigia esta nossa grande marca de origem, internacionalmente conhecida e acreditada desde há séculos e que constitui uma riqueza nacional.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: na estratégia comercial moderna a propaganda é um importantíssimo nervo motor do aumento das vendas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Continua a verificar-se em Inglaterra e outros mercados a expansão do comércio do xerez e vermutes italianos, que com a sua enorme propaganda conquistam o público.

Impõe-se, por isso, que do nosso lado a propaganda continue em ritmo crescente e nas épocas próprias se executem planos realistas e bem concebidos para contrabater a concorrência que nos é feita. Com ela poderemos conseguir que o porto se torne novamente a bebida da moda, visto nos centros europeus o aperitivo estar a retomar a forma vínica e em França o vinho do Porto estar muito em voga.

Na vida trepidante do nosso tempo acentua-se a tendência para consumir mais aperitivos (tomados à pressa) e menos vinho de sobremesa.

Convirá, por isso, dar a conhecer o porto seco, magnífico aperitivo, que tem recebido muito boa aceitação e parece satisfazer o paladar das camadas novas e dos mercados novos. Sem deixar de trabalhar a exportação dos tipos tradicionais, para servir os numerosos apreciadores com que conta, interessa também aumentar a expansão dos tipos secos, mostrando que, pelas excelentes qualidades e alto grau de adaptação, o vinho do Porto serve melhor que qualquer outra bebida para aperitivo.

O auxílio do Governo à propaganda nos mercados externos dado através do Fundo de Fomento de Exportação e que se traduziu em 15 340 000$ no período de 1960-1961 e em 11 073 500$ no período de 1961-1962 precisa de ser tornado mais eficiente.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Os vários organismos intervenientes, Fundo de Fomento de Exportação, Instituto do Vinho do Porto, Grémio dos Exportadores do Vinho do Porto, Casas de Portugal, empresas publicitárias, etc., talvez por serem muitos, levam por vezes excessivo tempo a chegar a acordo e para algumas campanhas tem-se perdido a melhor época, que é a que vai de princípio de Outubro a fim de Março, para aproveitar as quadras do Natal e da Páscoa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Interessa simplificar o sistema para que a aprovação dos planos e as comparticipações sejam dadas sempre a tempo de fazer as campanhas na época mais própria.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - Como o crescente poder de penetração nos mercados depende muito da intensa publicidade, convirá aumentar, na medida do possível, a ajuda do Fundo de Fomento de Exportação para a propaganda do vinho do Porto.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Quanto ao mercado interno, onde o consumo vinha crescendo num ritmo animador, sofreu no último ano um recuo inesperado. A contrariar a expansão do consumo entre nós está principalmente o elevado preço por que se vende cada cálice nos estabelecimentos em que é servido ao público: cafés, bares, restaurantes, hotéis e confeitarias.

Parece ser necessário que quem de direito, em cooperação com o Grémio dos Exportadores do Vinho do Porto, normalize a capacidade do cálice e limite os preços de venda ao público, visto os gerentes dos estabelecimentos comerciais onde ele se serve parecerem ignorar a elementar regra de estratégia comercial segundo a qual para vender muito se deve vender barato.

A propaganda no nosso mercado deverá ser instrutiva, mostrando que o vinho do Porto, pelas suas propriedades, é a bebida salutar, higiénica e nutritiva por excelência, e, por isso, os consumidores terão toda a vantagem em a preferir. O vinho do Porto é tónico para fortalecer convalescentes e é o reconstituinte dos dadores de sangue.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A publicidade interna deve procurar atingir os turistas e os locais mais frequentados por eles; para salientar esse interesse basta dizer que ainda recentemente uma empresa francesa pediu uma proposta para o fornecimento de 100 000 garrafas de vinho do Porto iguais a uma amostra distribuída pelos serviços de propaganda do Grémio dos Exportadores do Vinho do Porto a um grupo de turistas no aeroporto de Sacavém.