No dia do turista os serviços de propaganda do Grémio dos Exportadores do Vinho do Porto distribuíram pelos turistas em vários pontos do País mais de 5000 garrafas-miniaturas, e ao longo do ano atingem nos aeroportos de Sacavém e Pedras Rubras para cima de meio milhão de estrangeiros.

E uma acção notável que convém acarinhar, pois faz propaganda não só ao vinho do Porto como ao próprio País.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: se forem tomadas as medidas apontadas e concedidos os auxílios solicitados tendentes a fomentar a expansão do vinho do Porto, a venda deste nobre produto poderá vir a ser muito maior do que a que tem sido.

Devemos contar com uma tendência de aumento da exportação, para a qual nos teremos de preparar.

O estudo das existências globais de vinho generoso que indicamos no quadro II mostra que os stocks totais estão a diminuir. Ao entrar no ano corrente eles eram cerca de 15 por cento mais baixos que as existências médias no período de 1935-1960.

Existências globais de vinho generoso

Não podemos esquecer que o vinho do Porto é o vinho generoso do Douro envelhecido e que só depois de um estágio de alguns anos é que as suas nobres qualidades de aroma, cor e generosidade se manifestam com toda a pujança.

Para á defesa do nível de qualidade teremos de refazer e reforçar os stocks, porque eles têm sofrido desgaste e a exportação está a aumentar. Este é um problema que se pode tornar grave se lhe não derem adequada e rápida solução.

Se houver um incremento de vulto na exportação, o que trará benefício à lavoura, ao comércio e à economia nacional, precisamos de estar preparados para não correr o risco de deixar de o poder acompanhar por falta de vinhos envelhecidos que permitam manter a política de qualidade.

Sem nunca perder de vista que o benefício não pode deixar de ser uma função da exportação, mas que o incremento dos stocks deverá ir à frente do aumento da exportação e consumo nacional, interessará que o Conselho Geral do Instituto do Vinh o do Porto na linha ascendente dos quantitativos autorizados (30 000 pipas na vindima de 1959, 38 000 na de 1960, 45 000 na de 1961 e 48 000 na de 1962) reforce esse ritmo de aumento, autorizando maior benefício na próxima vindima, o que permitirá refazer os stocks e até robustecê-los com vista a um aumento da exportação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: cada pipa de vinho do Porto representa, em razão da aguardente incorporada, cerca de 2,5 pipas de vinhos portugueses. Por isso, tudo o que for feito para reforçar a exportação do vinho do Porto será feito a favor da economia vinícola de todo o País.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Ao sector do vinho do Porto estão ligadas para cima de 23 000 explorações agrícolas, distribuídas por 169 freguesias e 21 concelhos dos distritos de Vila Real, Bragança, Viseu e Guarda, e cerca de 80 firmas exportadoras, que têm actualmente investidos no seu secular e activo comércio alguns milhões de contos. Para lavradores e comerciantes o vinho é o principal e indispensável recurso.

Todos trabalham e colaboram para a mesma finalidade- a grandeza do vinho do Porto.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Todos esperam o apoio do Governo, e confio em que podem contar com ele, porque será nele que encontrarão a força bastante para todas as batalhas e para todas as vitórias.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Bento Levy: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: o breve apontamento que pretendo deixar expresso nesta minha intervenção impôs-se-me por imperativo de justiça a que a minha consciência não podia escusar-se, sob pena de não cumprir o mandato que me foi confiado pelos que labutam em Cabo Verde, entre os quais se contam os que servem a função pública, dando o seu generoso e sacrificado contributo para o desenvolvimento do arquipélago.

Propositadamente empreguei os adjectivos «generoso» e «sacrificado». De facto, não se pode negar generosidade e sacrifício aos que dão o melhor do seu esforço, inteligência, boa vontade e saber ao serviço da província, auferindo os mais baixos vencimentos de todo o ultramar português. Sacrifício de ordem material, é certo, mas que não conta menos na vida de cada um.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Ninguém, Sr. Presidente, protesta ou se mostra descontente por servir em Cabo Verde, senão pela exiguidade dos vencimentos, e todos, apesar disso, trazem dali uma ponta de saudade que a «morabeza» das gentes e o ambiente de paz e harmonia que caracteriza a vida das ilhas justificam plenamente.

Com efeito, por todas as ilhas portuguesas de Cabo Verde, portugueses de todos os matizes de epiderme e de todas as latitudes se irmanam com a mesma finalidade: continuar Portugal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A perturbar este clima de cordialidade e de indefectível portuguesismo apenas o problema material dos parcos vencimentos atribuídos ao seu funcionalismo.

Não é humano esquecer os que tão abnegadamente servem a Nação, ainda que na mais modesta das suas par-