Nação Lusa. estão preparando, porém, o ataque, ao mesmo tempo, à sua pátria, cujos interesses políticos tão mal têm sido representados.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Como vemos, a traição não existe só no velho mundo e é da história de todos os tempos e de todos os povos. Apenas temos que nos convencer de que não podemos continuar a dar guarida, pelo menos, dentro das nossas fronteiras, a Migueis de Vasconcelos de vários matizes.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A América do Norte já vai, porém, felizmente, notando que a posição tomada nos últimos tempos, demasiado egoísta em relação à civilização de que é notável expoente no Novo Mundo, constitui erro que lhe seria, certamente., fatal. Seria de facto, se assim sucedesse, repetição daquela que o jornalista Paulo Filho criticava, ainda há dias nos seguintes termos:

Quem proporcionou ao comunismo a expansão imperialista de que ele hoje está fortemente possuído? Simplesmente Franklin Delano Roosevelt.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:

Em Teerão, como em Yalta, Roosevelt não se deixou enganar por Estaline nos acordos definitivos para a liquidação do nazi-nipo-fascismo. Justiça se lhe faça. O que o cegou foi o ódio a Hitler, que o humilhara ao fazer, antes da invasão da Polónia, o seu enviado Summer Wells esperar mais de uma hora numa das antessalas da Chancelaria de Berlim. Quando os exércitos nazistas cercaram Estalinegrado, a caminho de Moscovo, a sorte da Rússia estava decidida.

Os soviéticos não resistiriam por mais tempo ao inimigo, melhor armado, melhor instruído e muito mais disciplinado. Teriam estes ido fatalmente a Moscovo, depois de tomarem a cidade sitiada, se não fosse o socorro de Koosevelt em armas e dinheiro.

O que os ingleses e franceses,. no íntimo, desejariam, era que Hitler liquidasse a Rússia. Voltaria de lá como Napoleão voltou, isto é, de muletas. Então, com a bomba atómica no Japão, os norte-americanos invadindo a Itália pelo Sul, ingleses e franceses na Normandia, os dias de Hitler estariam contados. As democracias ocidentais reporiam a Alemanha no seu verdadeiro destino de liberdade e justiça social.

O moloque budista de Pequim não ousaria pôr a cabeça de fora. E, se a pusesse, perdê-la-ia para sempre. Nada disso aconteceu porque o ódio de Roosevelt prevaleceu. Acolitado por Churchill, deu mãos a Estaline. Prestigiou, fortaleceu e alargou o comunismo. São os três homens fatais deste século.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:

A história julgá-los-á como eles foram e mereceram.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E assim é que o slogan de «África para os africanos negros», que o desmiolado Sr. Williams preconizava nas suas viagens turísticas pela África, já está largamente ultrapassado, como erro, considerado já assaz perigoso em muitas esferas influentes na política norte-americana.

E logo que se generalize o convencimento de que foi erro o que bibliografia universitária, paga lautamente pelo comunismo internacional, profundamente radicou no Novo Mundo, poder-se-á então encontrar a verdadeira base de cooperação das duas parcelas de uma mesma civilização espalhada por vários continentes.

E não será difícil nesse momento, vindo a verdade à superfície, dizer como o Sumo Pontífice na carta encíclica Pacem in Terris:

A convivência entre os seres humanos só poderá, pois, ser considerada bem constituída, fecunda e conforme à dignidade humana, quando fundada sobre a verdade, como adverte o Apóstolo: Renunciai à mentira e falai a verdade cada um com seu próximo, pois somos membros uns dos outros. Isso se obterá se cada um reconhecer devidamente tanto os próprios direitos, como os próprios deveres para com os demais.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Antunes de Lemos: - Sr. Presidente: no momento que passa, em que, mais do que nunca, urge reflectir sobre a conservação dos valores económicos que asseguram no futuro a nossa própria sobrevivência, é pertinente uma referência à floresta e aos respectivos serviços.

A superfície florestal do continente ocupa uma área de cerca de 3 000 000 ha, o que representa uma taxa de arborização da ordem dos 33 por cento.

Ela ocupa o equivalente ao trabalho de 360 000 operários agrícolas e daí ressalta o seu valor social.

Econòmicamente, o valor anual do rendimento da floresta está computado em cerca de 2 000 000 de contos, com uma contribuição de 30 por cento para o valor do comércio externo.

A eloquência dos números dispensa comentários, sendo ainda de referir que no Plano de Fomento em curso se prevê a arborização de 80 000 ha pertencentes a diversas bacias hidrográficas.

A problemática florestal é complexa e variada, pelo que não pode condensar-se muna só intervenção, condicionada a exigências de tempo.

Desses problemas podem referir-se, numa enumeração mais exemplificativa do que taxativa, os resultantes da carência do pessoal técnico, incluindo a falta de um contencioso, trabalhando em pleno tempo; os provocados pela vida de relação quotidiana entre os guardas florestais e as populações serranas, onde avultam as deficiências dos primeiros e a mentalidade pouco evoluída dos últimos, com reflexo, tantas vezes pernicioso, em atitudes das autarquias locais e dos serviços, umas e outros muito ciosos dos respectivos direitos; a falta de regulamentação da Lei n.º 1971. de 15 de Junho de 1938; o dos incêndios nas matas; o da comparticipação das autarquias nas receitas da exploração; o do ensino para formação de pessoal auxiliar (em linguagem militar: faltam sargentos nos serviços); os magnos problemas da comercialização e industrialização dos produtos florestais.