Proposta de lei de autorização das receitas e despesas para 1964 No 1.º semestre de 1963 prosseguiu a expansão da actividade económica nos dois principais pólos das nossas relações económicas externas - a Europa Ocidental e os Estados Unidos da América.

Observou-se, todavia, relativo abrandamento dessa expansão na Europa Ocidental, devido principalmente à contracção do investimento privado e à diminuição do rendimento disponível, que afectou sensivelmente a evolução do consumo privado, embora na generalidade dos países europeus a despesa do sector público em consumo e investimento e ainda a procura externa de bens e serviços tenham exercido acção expansionista.

Por seu turno, a cadência de crescimento da economia dos Estados Unidos da América no 1.º semestre de 1963 parece ter sido ligeiramente superior à observada no ano anterior. De um modo geral, para a expansão observada no 1.º semestre do ano contribuíram todos os componentes da procura. Espera-se, todavia, que se intensifique o papel desempenhado pelo investimento e pela procura externa no crescimento da economia, dadas as medidas tomadas ultimamente pelo Governo Norte-Americano. Prevê-se ainda que a melhoria da balança comercial, aliada ao efeito das medidas tendentes a evitar a saída de capitais, venha a determinar evolução favorável da respectiva balança de pagamentos.

Europa Ocidental O rendimento nacional do conjunto dos países da Europa Ocidental aumentou, em 1962, a taxa ligeiramente inferior à observada no ano precedente.

A avaliar pelos elementos actualmente disponíveis, a economia da Europa Ocidental teria experimentado, na primeira metade do ano em curso, nova quebra de ritmo de crescimento, para a qual contribuiu fundamentalmente o abrandamento da expansão em alguns sectores durante o 1.º trimestre, em consequência do rigoroso Inverno que se fez sentir na generalidade dos países europeus. Saliente-se, em especial, a contracção observada no sector agrícola e da construção e nas indústrias que deles dependem e ainda nos transportes.

Por outro lado, a redução do rendimento disponível, determinada pelo sensível acréscimo do nível de desemprego durante os três primeiros meses de 1963, afectou significativamente o comportamento do consumo privado, que parece ter aumentado, na primeira parte do ano, a ritmo mais lento que no ano transacto na generalidade dos países da Europa Ocidental, excepto no Reino Unido.

De um modo geral, o crescimento da procura global na Europa Ocidental tem sido determinado principalmente pelo comportamento do consumo público, que tende a expandir-se a ritmo mais rápido que o produto nacional na maioria dos países -em especial na Alemanha Ocidental- e ainda pelo acréscimo da procura externa de bens e serviços.

Por seu turno, a formação bruta de capital fixo do sector privado experimentou sensível quebra no 1.º semestre, em consequência fundamentalmente da manutenção de elevada capacidade produtiva por utilizar e da diminuição dos lucros das empresas. Todavia, o investimento global tem registado nítido incremento em alguns países, nomeadamente na Dinamarca, França, Itália e Irlanda, devido principalmente ao acréscimo do investimento público, apesar de afectado pelas condições climáticas adversas nos primeiros meses do ano, dada a importância que nele assume o sector da construção.

Deve ainda assinalar-se que em alguns dos países da Europa Ocidental se tem observado ultimamente tendência para a elevação da importância relativa da construção no total do investimento. Como se referiu no relatório da Conta Geral do Estado de 1962, a produção industrial do conjunto da Europa Ocidental cresceu no último ano à taxa de 4,5 por cento.

No entanto, a expansão do sector industrial sofreu ligeiro abrandamento de ritmo no 2.º semestre de 1962, que se agravou sensivelmente no 1.º trimestre do corrente ano. No decurso dos três meses seguintes, porém, observou-se nítida recuperação da actividade industrial, tendo-se verificado no conjunto da primeira metade do ano aumento a ritmo idêntico ao observado no período homólogo de 1962. Na verdade, o crescimento da produção industrial processou-se durante o 2.º trimestre à taxa anual de cerca de 6 por cento, em relação ao último trimestre do último ano.

Como no ano transacto, observou-se na primeira parte de 1963 sensível disparidade entre o comportamento da produção de bens de consumo e de investimento: persistiu a tendência para expansão a ritmo mais rápido da produção de bens de consumo - nomeadamente, na Alemanha Ocidental e na Suécia.

Saliente-se ainda que a capacidade por utilizar na indústria siderúrgica se mantinha a nível elevado em Junho deste ano, principalmente no Reino Unido. Por outro lado, não houve variação significativa da produção de aço nos países considerados, não obstante o apreciável incremento verificado na Holanda e na Itália.

Por seu turno, nas indústrias metalúrgicas a produção de bens de investimento experimentou, à semelhança do que se verificou no ano precedente, evolução relativamente desfavorável, que se explica pela estagnação da respectiva procura, enquanto nas indústrias de bens de consumo duradouro, especialmente de veículos automóveis, registou-se uma vez mais considerável expansão.

Por outro lado, como já anteriormente se referiu, as desfavoráveis condições atmosféricas têm afectado a produção agrícola e pecuária do conjunto dos países da Europa Ocidental, prevendo-se menos incremento da produção global e m relação ao último ano, devido, fundamentalmente, à contracção de 15 por cento esperada na colheita de trigo, cuja qualidade será, aliás, inferior à dos