de cerca de 60 por cento do saldo negativo do movimento com o exterior.

Todavia, como seguidamente se analisará mais pormenorizadamente, espera-se que as diversas componentes da procura interna evoluam, em 1963, de forma mais favorável que no ano anterior. E, uma vez que não se prevê variação sensível do saldo do movimento com o exterior, parece lícito esperar que o produto nacional bruto apresente no ano em curso taxa de crescimento superior à registada em 1962.

Consumo No triénio de 1958-1960 as despesas de consumo absorveram em média cerca de 90 por cento do produto nacional bruto. O consumo privado, representando 78 por cento do mesmo valor global, exerceu influência preponderante na evolução da procura interna, embora as suas taxas de crescimento se situassem, em média, a nível inferior às do consumo público - 3,9 por cento contra 7,2 por cento. Para o ritmo de acréscimo do consumo público contribuiu em grande parte a evolução das despesas militares,- que, no triénio considerado, experimentaram incremento médio superior a 9 por cento.

Aliás, em face das imperiosas necessidades de defesa surgidas no decurso de 1961, o papel desempenhado pelas despesas de carácter militar no comportamento do consumo público acentuou-se extraordinariamente. Na verdade, o acréscimo de 72 por cento das despesas militares determinou uma expansão de 31,6 por cento nas despesas de consumo do sector público.

Todavia, em 1961, a participação do consumo global no produto nacional bruto não se afastou significativamente da anteriormente registada, uma vez que diminuiu ligeiramente a preponderância do consumo privado (75 por cento do total), embora tenha experimentado expansão de 4,6 por cento.

O comportamento das despesas de consumo em 1962 afastou-se acentuadamente, porém, da evolução anteriormente indicada. De facto, o consumo privado acusou uma contracção de 3,2 por cento, o que implicou uma redução da sua participação no produto nacional bruto para 69 por cento. Assim, apesar de o consumo público ter registado acréscimo de 7,2 por cento, o consumo global experimentou uma redução de cerca de 1,5 por cento. Embora as estimativas disponíveis para o ano em curso se refiram apenas às despesas de consumo do sector público - estimativas que traduzem estacionariedade em relação ao ano anterior -, parece possível prever, através da forma como tem decorrido o abastecimento do mercado em bens alimentares, que o consumo privado venha a registar sensível melhoria no decurso de 1963.

a verdade, apesar da expansão da produção agrícola em 1962 - ainda que parcialmente compensada pela quebra, no ano em curso, de algumas das mais importantes produções -, as vultosas importações de diversos bens alimentares que se tornou necessário efectuar, no decurso de 1963, parece traduzirem nítida elevação do consumo privado. Esta evolução é particularmente saliente no que se refere ao trigo, centeio, milho, arroz, batata, óleo, carnes, bacalhau e açúcar. Saliente-se mesmo que, quando o recurso à importação teve de ser reduzido ou diferido por algum tempo, se produziram sensíveis tensões nos mercados dos produtos em causa - nomeadamente nos da batata, azeite e bacalhau.

Conjugando a tendência crescente do consumo privado com os resultados esperados na produção agrícola em futuro próximo, parece de prever acréscimos nas importações de trigo, milho, carne, bacalhau e açúcar. Por outro lado, estima-se que os aumentos da produção de centeio, batata e azeite permitirão fazer face à evolução do respectivo consumo.

Investimento No processo de desenvolvimento económico nacional, a formação de capital desempenha, como variável estratégica, papel da mais relevante importância. Na verdade, tendo em atenção as disponibilidades de mão-de-obra do País e considerando os factores técnicos como integrados na formação de capital, é da expansão desta que depende em boa parte o crescimento do rendimento nacional.

Assim, com vista à criação das condições necessárias à conveniente expansão das aplicações em bens de capital, o Estado adoptou, no decurso dos últimos anos, numerosas medidas, já referidas em relatórios anteriores. Entre elas importa destacar a reforma do crédito e do sistema bancário, a constituição do Banco de Fomento Nacional e a concessão de regimes de isenção e redução tributária. Ainda, tendo em atenção as vantagens que a planificação dos investimentos básicos, nomeadamente no domínio das infra-estruturas, poderia trazer ao crescimento económico nacional, foram postos em execução os planos de fomento, o primeiro dos quais abarcou o sexénio 1953-1958, referindo-se o segundo ao período 1959-1964.

Estas medidas, aliadas a certa elevação da propensão para investir do sector privado - que parece ter resultado, em parte, da intensificação das relações económicas externas do País -, encontram-se entre as principais determinantes da expansão observada nos últimos anos na formação de capital.

Na verdade, a participação da formação bruta de capital fixo no produto nacional bruto, que se situava, em 1957, em cerca de 14,9 por cento, elevou-se a 18,3 por cento em 1961, mercê de um acréscimo médio anual entre aqueles dois anos de 11,3 por cento.

Participação percentual da formação bruta de capital fixo no produto nacional bruto

(Valores em milhares de contos aos preços de 1958)