no último ano. esta evolução foi fundamentalmente determinada pelos preços da habitação e da alimentação.

Importa, porém, referir que o índice de preços no consumidor em Lisboa se elevou na primeira parte do ano a ritmo mais lento que no ano transacto (2,7 por cento). E esta expansão explica-se de igual modo pelo aumento dos preços da alimentação e da habitação - 3 e 2 por cento, respectivamente. Em especial, no que se refere à habitação, o índice das rendas, calculado pelo Instituto Nacional de Estatística, confirma este comportamento, tornando-se ainda possível verificar que a expansão foi particularmente sensível nas rendas de casas com quatro ou menos divisões - 9 por cento.

Por sua vez, os salários dos trabalhadores rurais experimentaram novo acréscimo no 1.º semestre deste ano, em confronto com igual período do ano precedente, ligeiramente mais elevado nos salários de homens (6 por cento).

No período em observação os salários por profissões em Lisboa apre sentaram-se superiores em cerca de 7 por cento aos registados em igual período do ano anterior.

Embora em menor grau que os salários monetários, os salários reais tiveram nos primeiros seis meses do ano aumento de 4,4 por cento, o que traduz melhoria do nível de vida da população abrangida pelo índice.

53. A avaliar pelos últimos elementos estatísticos disponíveis, a evolução, nos meses mais recentes, dos índices de preços permite esperar que não se agravem sensivelmente na segunda parte do ano, quer os preços por grosso em Lisboa, quer os preços no consumidor nas cidades consideradas. À evolução mensal dos respectivos índices parece até mostrar certa tendência no sentido do abaixamento dos preços, com excepção de Évora e Lisboa, onde se apresentam praticamente estáveis.

No que se refere aos salários, o comportamento dos correspondentes índices permite admitir que continuarão a elevar-se nos próximos meses, principalmente os dos trabalhadores rurais, em virtude do êxodo agrícola que tem vindo a observar-se.

Balança de pagamentos da zona do escudo No decénio 1950-1959 a balança de pagamentos da zona do escudo apresentou saldos positivos de maior ou menor amplitude. Em especial nos dois últimos anos desse período registaram-se saldos superiores a 1 100 000 contos. Contudo, em 1960, o comportamento desfavorável das diversas componentes da balança determinou a formação de ligeiro déficit, que no ano seguinte se agravou de forma sensível, devido principalmente ao excepcional aumento das importações metropolitanas do estrangeiro. No último ano parece ter-se retomado a tendência para a formação de saldos positivos, no que desempenhou importante papel a realização de operações de capital a longo prazo.

Importa, todavia, analisar separadamente o modo como evoluíram nos últimos anos os saldos de transacções correntes e de operações de capital. A balança de transacções correntes da metrópole tem-se caracterizado desde há anos por avultados deficits, determinados por resultados desfavoráveis nos movimentos de mercadorias e nos transportes, que os superavits normalmente apurados nos restantes invisíveis correntes, nomeadamente o turismo e as transferências privadas, têm sido insuficientes para compensar.

For outro lado, a balança de transacções correntes do ultramar tem registado, de um modo geral, consideráveis superavit» em resultado da conjugação dos saldos positivos observados em mercadorias e nos invisíveis correntes.

Porém, enquanto em 1958 e 1959 este superavit do ultramar excedeu o déficit das transacções correntes da metrópole, no triénio seguinte verificou-se o inverso.

Assim, em 1961, as transacções correntes da zona do escudo foram sensivelmente deficitárias, para que concorreu de modo decisivo o comportamento desfavorável das balanças de mercadorias e de invisíveis correntes da metrópole.

Por sua vez, em 1962, a balança de transacções correntes apresentou saldo negativo de 1 125 000 contos, determinado principalmente pelo pronunciado agravamento do tradicional saldo positivo da balança de mercadorias do ultramar, resultante de considerável acréscimo de importações e, ainda que em menor grau, de contracção das exportações. Por outro lado, o acentuado aumento do saldo de invisíveis correntes do ultramar, em consequência de maiores receitas de transportes, foi insuficiente para contrariar aquela evolução. Saliente-se, contudo, a apreciável recuperação da balança de transacções correntes da metrópole, devido à melhoria dos saldos das diversas componentes, com excepção dos rendimentos de capitais. Entre aquelas componentes merece especial referência o turismo, cujas receitas aumentaram de 63 por cento em relação ao ano anterior.

Balança de pagamentos da zona do escudo

(Saldos em milhares de contos)