pode ter o esquisito gosto de dizer que a província mártir se sacrificou pela metrópole durante a última guerra, o de afirmar isto sem nenhum respeito pelos incontáveis sacrifícios que ao longo dos séculos a metrópole dispensou à mesma província, e continua a dispensar, aturada e estòicamente, sendo certo que os sacrifícios de qualquer parcela do País. feitos a bem do todo nacional, não representam mais nem menos do que pura e inevitável resultante da unidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Ele tem interpretado assim, dia a dia - e praza a Deus que não se canse de interpretar por dilatado tempo-, a ansiedade dos nossos dias com tanta razão e autenticidade que já não se trata, unicamente, do que foi e está sendo, mas de uma verdadeira e espantosa avançada no futuro.

Agora mesmo, pouco antes de subir a esta tribuna, li as páginas recentes em que um grande advogado de Franca nos oferece algumas notas de relevante e oportuno interesse sobre a personalidade do Chefe do Governo Português:

O que diz, di-lo com segurança. Nenhuma dúvida sobre o seu próprio pensamento parece nele aflorar. De uma regularidade e de uma- firmeza de alma constantes, dá a impressão de que possui maior densidade humana do que os outros homens, entre os melhores que encontrei.

E a convicção de Maître Isorni continua a revelar-se justa e plena neste face a face traduzido com impressionante eloquência:

Tenho a certeza, Sr. Presidente, de que vós sois neste momento o último defensor do Ocidente, a última muralha - o rochedo contra o qual as ondas se obstinam.

Convicção tão plena e tão justa como a que se tira ainda desta síntese, que sabe a legenda:

Salazar disse não aos demónios do seu século, em vez de se curvar para os servir. Conservou a fé na sua fé. Fiel à sua razão de ser e à missão que se impôs, lutou, manteve-se e resistiu ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: que poderemos nós, em sã consciência, negar a um governante assim?

Faltou ele, porventura, ao exacto cumprimento das normas que a si próprio se impôs?

Onde estão os lapsos do seu carácter, que a crítica objectiva, por mais severa e porfiada, jamais assinalou?

Não tem sido o guardião atento e certo dos nossos legítimos interesses?

Essa política de ressurreição das nossas forças não a encetou ele a tempo de as utilizar agora, como argumento supremo, em defesa da integridade nacional?

Quem fez das finanças deste país um baluarte apetrechado de reservas capazes de enfrentar as horas graves?

Não terá este governante procedido com tanto saber e eficiência que o seu valor já não cabe só em Portugal, mas ainda no mundo que o aceita e até no mundo que o discute?

Lutamos em África. Não é só por sua vontade. Melhor: decisivamente, nem é por sua vontade. É por vontade do País. Mais: por vontade dos vivos e dos mortos, que uns e outros estão nesta cruzada de almas unidas no sagrado afã de defender a Pátria.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Que mais provas poderemos querer ou mais garantias poderemos exigir?

Elas são tantas que maior, extraordinariamente maior, tem sido a perseverança em dá-las do que o ilícito e encarniçado propósito de as pôr em dúvida, aliás, contra a evidência e contra a justiça.

ão estou dizendo isto para convencer os que estão convencidos, nem para explicar um valor que está assente. Estou expondo para concluir e também para chamar às realidades algum recalcitrante ou demorado de compreensão, estranho, certamente, aos que me escutam, pois aqui, considerando todos, a quem devo respeito e estima, não vejo nem sinto quem possa ir contra a verdade ou pensar sequer em denegri-la.

É que nesta Lei de Meios para o ano de 1964 existe uma séria inovação sobre a qual cada um de nós deverá pronunciar-se através da palavra e do voto ou por meio deste ùnicamente. É a inovação contida no artigo 3.º da proposta, pela qual, uma vez aprovada, o Governo, com o fim de «garantir o equilíbrio das contas públicas o o regular provimento da tesouraria», ficará autorizado «a proceder, de harmonia com as exigências dos superiores interesses nacionais, à adaptação dos recursos às necessidades, com vista a assegurar a integridade territorial do País e a intensificar o desenvolvimento económico das suas diferentes parcelas, podendo, inclusivamente para ocorrer a encargos da defesa, reforçar rendimentos disponíveis e criar novos recursos», para o que o Ministro das Finanças poderá «providenciar no sentido de obter a compressão das despesas do Estado « das entidades e organismos por ele subsidiados ou comparticipados, reduzir ou suspender as dotações orçamentais e restringir a conversão de fundos permanentes».