O Orador: - Estou absolutamente de acordo com V. Ex.ª, mas não quero deixar de prestar homenagem à obra que tem sido feita pelo Ministério da Justiça e que foi iniciada pelo Sr. Prof. Cavaleiro de Ferreira e continuada pelo Sr. Prof. Antunes Varela. Aproveito, até, para dizer que, se outra vantagem não houvesse, e há-as de facto, a inauguração dos Palácios da Justiça nos tem proporcionado os notáveis discursos nessas ocasiões pronunciados pelo Sr. Ministro da Justiça.

O Sr. Martins da Cruz: - Será essa também uma vantagem dos Palácios da Justiça: permitirem-nos escutar as extraordinárias lições do Sr. Ministro da Justiça.

O Sr. Gonçalves Rapazote: - Estamos a raciocinar em planos muito diferentes. Se começamos a discutir a hierarquia de valores no terreno das autorizações da Lei de Meios ou dos programas do Governo, nunca mais daqui saímos.

O Sr. Augusto José Machado: - 30 000.

O Orador: - 30 000? Ainda mais.

... enquanto nós escutávamos os amargurados queixumes da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Bragança e do seu abnegado corpo clínico pela verdadeira penúria em que se encontram instalados os serviços hospitalares e a carência de meios para fazerem uma assistência, não direi boa, mas decente. É o caso do homem de casaca vestida e socos calçados.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Urge fazer um controle a sério dos dinheiros públicos, hierarquizarem-se as coisas, estabelecer-se um plano que permita atender às necessidades mais instantes para que não se continue a verificar o espectáculo bragantino, que se repete aliás, em muitos casos, por esse País além.

Quero chamar a atenção ainda para a necessidade de se fixarem médicos nos meios da província, o que parece ter sido até agora contrariado pela política do Governo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Assim, enquanto aos hospitais centrais foram dados meios para estabelecer um subsídio aos médicos que ali prestam serviço, aos outros hospitais não se lhes concedeu a mesma regalia.

Ora, verificando-se uma tendência cada vez maior para os médicos se fixarem nas grandes cidades, o que é legítimo, pois ali encontram melhores meios de vida, longe de se procurar estímulo para fixar os médicos nas terras de província, não se olhou a isso, e foi-se pelo contrário conceder mais uma benesse, que, aliás, não considero injusta, aos médicos de Lisboa, Porto e Coimbra.

Vozes: - Muito bem!

O Orador.: - Sr. Presidente: a obra das Misericórdias neste país é relevante de mais para que mereça ser encarecida. Com o respeito devido à sua autonomia e às características cristãs que estão na sua origem, precisa de ser compreendida e mais largamente auxiliada.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sem as Misericórdias, sem a sua acção intensa, o que seria do orçamento do Estado para fazer face aos encargos hospitalares? Reparem nisso e detenham-se. sobre os números que em breve, se V. Ex.ª me permitir, trarei a esta Assembleia. Elas são, sem dúvida, merecedoras de mais carinho por parte do Estado, que sem elas se veria em sérias dificuldades para assistir aos doentes e inválidos por esse País além.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Falei da obra das Misericórdias, que por toda a parte estendem o seu manto de caridade. Não ficaria de bem com a minha consciência se não aproveitasse a oportunidade para destacar a obra extraordinária, que a Nação acompanhou com simpatia, fruto da sua extraordinária devoção pelo bem público, que à frente da Misericórdia de Lisboa ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: -- O Dr. José Guilherme de Melo e Castro, a quem, perante o olhar atónito deste país, abruptamente foi tirada das mãos uma obra que ninguém, absolutamente ninguém, será capaz de continuar com igual entusiasmo e a mesma devoção.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Somos, pelo visto, suficientemente ricos de valores humanos para assim os podermos desperdiçar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: teria muito a dizer sobre o problema da educação, que, como o problema da saúde pública, tem de merecer cuidados imediatos. Mas também a Assembleia vai sobre o assunto ter oportunidade de se debruçar demoradamente, pois já está anunciado por um grupo de ilustres Deputados oportuno aviso prévio. Não deixarei de intervir no mesmo e de, entre outras coi sas, chamar a atenção do Governo para a situação dos professores provisórios, nomeadamente os do ensino técnico, como pormenorizadamente já tive ocasião de fazer.

Permita-me no entanto V. Ex.ª que chame desde já a atenção do Governo para a alarmante carência de técnicos com que estamos a lutar e para o pouco, muito pouco, que temos feito para os obter.

O ilustre Deputado Dr. Martins da Cruz largamente se referiu nesta Assembleia à criação de institutos de ensino médico, que devem, na sua e minha opinião, ser criados/nalgumas terras da província.

Braga, Évora, Castelo Branco e Viseu devem quanto antes ser dotadas de institutos que preparem os agentes