ração, que efectivamente teve e terá a ressonância das grandes mensagens políticas, foi, pela legitimidade das suas teses e pela elevação e clareza com que foram apresentadas, calorosamente acolhida pelo povo português, que nela viu definidos os seus mais puros pensamentos e sentimentos.

Isto é de tal forma verdade que, dias depois, o País proclamou numa manifestação grandiosa e sem precedentes u sua fé nos destinos da Pátria e a sua lealdade ao Chefe do Governo, a quem significou, comovida e apoteòticamente, a sua I II contida gratidão.

O 2.º semestre do ano haveria, porém, de se enriquecer com mais outro facto de excepcional alcance político: a viagem do Sr. Presidente da República a Angola e a S. Tomé.

A imprensa, a rádio e a televisão deram conhecimento a todos do que foram essas inesquecíveis jornadas de fervor patriótico, de intensa comunhão de ideias e aspirações, de C07ivívio entre centenas e centenas de milhares de portugueses das mais variadas latitudes, raças e credos. Muitas vezes foi o delírio .... mas, e por paradoxal que pareça, o delírio consciente de um povo que na figura do almirante Américo Tomás - aureolado pela suprema magistratura em que está investido e também pelas excelsas virtudes pessoais que o distinguem - via a encarnação dos seus sentimentos de fraternidade cristã, dos seus anseios de paz o justiça e da sua vontade de ser o que é; e como tem sido através dos tempos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Tive a felicidade de poder tomar parte nalgumas dessas gloriosas manifestações de autêntica portugalidade e fui empolgado pelo que os meus olhos viram de grande, de belo, de comovente. Sim, ninguém de boa fé pode contestar a inteira espontaneidade com que as populações vitoriaram e acarinharam o Chefe do Estado, nem o altíssimo serviço que o Sr. Almirante Américo Tomás, com cristalina noção do dever e magnânimo e sorridente espírito de sacrifício, prestou à Pátria.

Por tudo isto, a Assembleia Nacional não pode ficar insensível à histórica projecção da viagem do Chefe do Estado e deixar de se inclinar, com o maior respeito e veneração, perante tão nobre exemplo de bem servir.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: fez há poucos dias dois anus que o primeiro-ministro da União Indiana, dando feição criminosa ao seu racismo e desmentindo as suas tão propagandeadas teorias de pacifismo universal, tomou a tremenda, responsabilidade de ocupar Goa, «padrão de um dos maiores acontecimentos da história do Mundo e da comunicação do Oriente com a vida ocidental». Ao comungarmos com o Chefe do Estado e com i) Presidente do Conselho na sua mágoa profunda - imagem da mágoa da Pátria -, não deixemos, porém, que a- dor abale a certeza de que a nossa bandeira há-de voltar a flutuar nas terras que durante cinco séculos viveram à sua sombra.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

nteresses económicos, aliás avaliados através de grosseiro critério imediatista, sente-se uma tristeza enorme e ocorre perguntar se tais governos se apercebem da- incoerência das suas atitudes e se reparam que estão a fazer, como alguns espíritos luminosos os têm advertido, o jogo do expansionismo russo.

Grave é verificar como alguns países do Ocidente, que se afadigar em apregoar os princípios da liberdade e em denunciar os erros e a falsidade do comunismo, caem, dia a dia, em contradições sucessivas, como quem anda perdido ou quer perder-se, e se situam, na prática, no plano materialista em que o marxismo se move e diz encontrar, para a sua própria justificação, o sentido da felicidade humana.

Não tenho nem nunca tive medo do comunismo dos comunistas confessos ou militantes. Mas tremo quando vejo o materialismo contemporâneo, vestido ou não de vermelho, a triunfar pelas mãos de estadistas de grandes ou pequenos povos que, infantilmente, tantas vezes pensam estar a combatê-lo, não dando conta de que não basta chorar ou gritar em frente do muro da vergonha erguido no centro de Berlim se, com a sua indiferença, conivência ou estímulo, consentem que outros muros mais vergonhosos se radiquem e alastrem por esse Mundo além, num desafio ao direito e à lei moral.

Como são verdadeiras, sem prejuízo do tom profético que elas ressumam, estas palavras graves de Sal azar:

Há hoje na Índia um pequeno país despojado pela força dos seus direitos e às portas de Goa duas grandes potências vencidas - a Inglaterra e os Estados Unidos -; e isto prenuncia para o Mundo uma temerosa catástrofe.

Não sei se as duas potências se compenetraram já desta verdade, integrando a sua acção na linha de pensamento e interesses que inspirou a criação da N.º A. T. O. Se o fizeram, nós ainda não o sentimos, o que é seriamente preocupante.

Portugal sempre foi, durante a guerra como antes e depois da guerra, amigo sincero dos Estados Unidos e aliado fiel da Grã-Bretanha. e dói-nos. por isso. que estes países não tenham para connosco o comportamento corajoso da Espanha irmã ou a prudente atitude da França, que. não obstante a política seguida para com os seus territórios africanos, vem reconhecendo quão diferente é a posição das províncias ultramarinas portuguesas e dando exemplo de sabedoria política e de constância nos seus sentimentos de amizade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Eis por que se é de agradecer o apoio decidido da Espanha e a compreensão da França, é tristemente necessário registar quanto nos têm ferido e pre-