judicado, ferindo e prejudicando a unidade do Ocidente e favorecendo a expansão soviética, os dois povos de língua inglesa. Melhor: os seus governos, pois custa a crer que os norte-americanos e os ingleses possam considerar-se satisfeitos e tranquilos com tantas transigências perante o Leste e o que ele representa de ameaçador para a liberdade dos homens e para a paz e segurança internacionais.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para quê deixar cair Goa nas mãos ignominiosas de Nehru e animar o terrorismo em Angola, como se um ë outro facto tivessem menor gravidade do que a viragem antiamericana operada em Cuba a partir da instauração do regime castrista?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sim, por que motivo a nossa prudentíssima e secular aliada há-de sentir-se, em nome da moral ofendida, tão pudicamente indignada com escândalos político-amorosos e não há-de reagir contra as mais clamorosas ofensas à ética e ao direito de que temos sido vítimas no plano internacional? No caso de Goa não foi a comunidade britânica -a União Indiana pertence a esta comunidade aumentada com pedaços de territórios roubados ao seu mais antigo aliado?

A América tem sido firme na defesa de Berlim, porque sabe que na capital alemã se situa uma das suas fronteiras. Mas as fronteiras dos Estados Unidos e do Ocidente passam também, não só pelos Açores, onde se instalaram, a título precário e com o nosso generosíssimo consentimento, bases americanas, mas ainda por Angola, Moçambique, Guiné ... Quando o compreender, a América terá dado um grande passo em frente no sentido de a sua política se equiparar, em lógica e até em energia, à que os russos, mais sabidos e experientes (as nações, como os homens, adquirem experiência com os anos), imprimiram à teimosa e bem estruturada acção diplomática posta ao serviço do seu imperialismo colonialista.

Como disse o Sr. Presidente do Conselho, os Estados Unidos, já que são hoje, porque o quiseram ou por força das circunstâncias, o guia do chamado mundo livre, têm de se predispor a desempenhar efectivamente a função inerente a esse lugar de supremacia. Isso é o que acima de tudo importa. De outro modo, os Estados Unidos, não obstante as altas qualidades do seu povo generoso e empreendedor, continuarão a não saber granjear ou manter as amizades dos países ligados por identidade de princípios e de interesses, como é positivamente o nosso caso. Ou será por mera casualidade ou simples capricho que estamos juntos na N.º A. T. O.?

É para nós inconcebível que a Inglaterra e os Estados Unidos não tentem opor-se àquilo que se instalou na O. N. U. e vem dominando a vida da organização: a desfaçatez, a prepotência, o primarismo chauvinista, o sistemático desrespeito das mais elementares regras de convívio entre povos civilizados.

Será de mais formular votos por que estes dois países, cujo culto pelos valores morais e pelas normas da correcção é tradicional, procurem manter-se iguais a si próprios, imponham a força, se acaso a têm, para obstar a ilegítimas intromissões na vida interna dos Estados e a escandalosos ataques à sua soberania e tenham a coragem de exigir a reposição do direito das gentes sempre que ele for violado, como aconteceu em Goa no dia 18 de Dezembro de 1961?

Sr. Presidente: sinto-me inclinado a absolver os que lá fora se manifestam pela «independência das províncias ultramarinas» - como se elas o não fossem já pelo facto de serem Portugal! -, quando essas atitudes traduzem ignorância ou incompreensão resultantes da carência de elementos indispensáveis â formulação de um juízo correcto e objectivo. Mas merecem a mais indignada repulsa aqueles que, sabendo ou tendo possibilidades de saber o que são, no conjunto português, essas províncias, desencadearam e alimentam a campanha de enormes proporções que visa a colocar o Mundo contra nós. Quanto aos primeiros, porventura a maioria, há que promover o seu esclarecimento, através de um plano de informação e divulgação com estrutura adequada e apoio financeiro conveniente. Neste domínio, creio estarmos longe de haver realizado o esforço requerido pelos sagrados interesses a acautelar.

A despeito de consoladores sintomas de melhoria registados em alguns meios internacionais, continuamos a não mobilizar os recursos indispensáveis para combater a pertinaz e metódica propaganda desencadeada contra nós.

Estive há poucos meses em três das nossas mais importantes embaixadas e fiquei impressionado com as insuperáveis dificuldades que afogam as iniciativas dos nossos diplomatas para fazer ouvir a voz de Portugal e para levar as nossas razões junto da opinião pública.

Ë certo que os nossos encarniçados detractores não desistirão dos seus torvos desígnios contra Portugal. Mas que não encontrem, ao menos, facilitada a sua tarefa por falta de resposta - e até por falta do espírito de iniciativa que nos deve animar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem!